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Crença e conduta

  • por

Isaltino Gomes Coelho Filho

A epístola aos Romanos é considerada como um tratado de teologia sistemática. Paulo segue uma linha muito coerente na forma de ordenar seu pensamento. Primeiro, a humanidade em pecado. Depois, a fidelidade de Deus. Apresenta, a seguir, a justificação pela fé, e gasta bom espaço para falar da salvação. Mostra como Deus salvou os gentios pela fé. “E os judeus, perguntará alguém? Ele trata disto no capítulo 11. E assim encerra a discussão teológica.

Esta é a primeira parte da epístola. Então começa a segunda, no capítulo 12. Começa com um “Portanto” (v. 1), e passa a tratar da ética cristã. A ordem é bastante coerente. Primeiro, a teologia. Depois, a ética. Primeiro ele trata do que deve ser a nossa fé e depois de como deve ser nossa conduta. O ensino é claro: o que uma pessoa crê afeta seu modo de vida. Não se pode crer em algo e viver o seu oposto. A fé ou doutrina traz um estilo de vida. Muita gente não entendeu isso. Acha que basta crer, que está salva e que como Deus perdoou seus pecados, pode viver de qualquer maneira. Não importa o que faça. A graça perdoou os pecados do passado, e perdoará os do presente e os futuro, até mesmo aqueles que estão sendo planejados.  Isto é anomia, como falamos no boletim passado.  O cristianismo é uma fé profundamente ética. Não é comportamental, mas traz em si um comportamento, um conjunto de valores.

Por força do misticismo da nova era, e de sua espiritualidade oriental na linha hindu, do adorador se diluir no Adorado, muitos cristãos pensam que seguir a Cristo é ter êxtases e entrar em transe. Muitos de nossos cânticos parecem ensinar isto: seguir a Cristo é uma viagem espiritual, cantada em termos obscuros e esotéricos. Por isso se vê cada vez menos o anúncio da cruz, do perdão dos pecados e a chamada à santificação. Temos muito louvor e pouca santidade. Porque não enfatizamos a ética.

Fomos salvos para as boas obras que Deus preparou previamente para andarmos nelas (Ef 2.10). Seguir a Cristo exige um comportamento ético, acima dos valores de um mundo corrompido, que jaz no Maligno (1Jo 5.19). Seguir a Cristo não é viver no culto, mas é cultuar no mundo. E não com cânticos, mas com palavras e com atos. Não se pode dissociar a fé cristã de um rompimento com os valores do mundo. Não é apenas camaradagem e apoio mútuo entre crentes nem ter experiências místicas. É crer numa pessoa e imitá-la. “Para isso fostes chamados, pois Cristo também sofreu por vós, deixando-vos exemplo, para sigais seus passos” (1Pe 2.22).

Seguir a Cristo é mais que ter êxtases e devanear espiritualmente. É ter o caráter de Cristo. Ele foi reto, íntegro, e “andou por toda a parte, fazendo o bem…” (At 10.38). Quem segue a Cristo compromete-se com ele, é reto, é integro e faz o bem. Não apenas na igreja, mas na sociedade. Lá devemos ser íntegros e fazer o bem.

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