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Teólogos sem Deus

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“Os doutores da lei não me conheceram” – Jeremias 2.8 (Almeida Século 21)

Triste declaração da parte do Senhor: “Os doutores da lei não me conheceram”.  Havia em Jerusalém um grupo de teólogos que desconhecia a Deus e que empurrou Judá para a destruição. Esta é uma das maiores desgraças que pode acontecer também à igreja: homens que não conhecem a Deus liderando-a, e formando opinião de outros líderes. É a ruína da igreja. Teólogos sem Deus! Infelizmente os há! Conhecem algumas coisas sobre Deus, mas não conhecem a Deus.

O verbo traduzido por “conheceram” é declinação do hebraico yadha, cujo significado não é o conhecimento cognitivo ou informativo, mas experiencial e relacional. É o verbo usado para descrever a conjunção carnal entre marido e mulher. Como nas antigas traduções “E Adão conheceu a sua mulher”. Este é o maior tipo de conhecimento que se pode ter de uma pessoa, na cultura bíblica, a ponto dos dois serem uma só carne. Conhecem-se a ponto de se identificar e de fundir numa só pessoa.

O conhecimento de Deus não pode ser livresco, mas sempre vivencial. Os teólogos dos dias de Jeremias não tinham experiência com Deus. Estudavam a lei, possuíam informações sobre Deus, mas não o conheciam pessoalmente.

Eles aparecem neste versículo com mais três grupos de homens: sacerdotes, governantes e profetas. Estes quatro grupos aparecem no livro como inimigos de Jeremias, que mesmo desprezado por eles era o verdadeiro teólogo. Zombavam dele. Obstaculavam seu ministério. Iludiam o povo. Conduziram a nação à destruição.

Há hoje doutores da lei que não conhecem a Deus. Têm informações sobre ele. Fazem jogos de palavras, brincam com conceitos, expõem e alinhavam bem seus argumentos. Mas não têm conhecimento experiencial de Deus. Zombam dos profetas fiéis e os ridicularizam, chamando-os de “fundamentalistas” ou “despreparados”, e na sua empáfia julgam-se os categorizados para conduzir o povo de Deus.

Sempre lembro que a primeira vez que alguém falou de Deus na terceira pessoa do singular, chamando-o de “ele”, foi a serpente, no Éden. O resultado da exegese desta primeira teóloga que se referiu a Deus como “ele” não foi muito benéfico. O verdadeiro teólogo fala de Deus na primeira pessoa do singular. Conhece a Deus e o chama de “Tu”.

Teologia não é apenas um discurso sobre Deus, mas deve ser um discurso temente a Deus, com Deus, diante de Deus, em respeito a Deus. Não pode haver teologia sem espiritualidade, até mesmo porque é o Espírito Santo quem nos revela os ensinos de Cristo (Jo 14.26) e é ele o autor último das Escrituras (2Pe 1.21). Um bom aprendizado teológico começa com um coração rendido a Cristo, orientado pelo Espírito Santo, e que se abebera nas Escrituras.

Há teólogos como os do tempo de Jeremias. Têm o domínio da mídia teológica e mais aparência. Têm mais visibilidade e são considerados como pessoas mais agradáveis por muitas pessoas. Não é se admirar porque uma das características dos teólogos sem Deus é falar o que pecador impenitente quer ouvir, e não o que deve ouvir da parte de Deus.

Se você quer ser um bom teólogo, conheça ao Senhor. Conheça-o mais que a pensadores seculares. Reja-se pela Palavra dele e não pela palavra deles. Não seja um teólogo sem Deus.  Um coração rendido a Deus e orientado pelo Espírito pode descobrir as verdades espirituais. E fuja da pessoa enfatuada, que sabe muito, mas que não mostra conhecer ao Senhor.

Teólogos sem Deus atrapalham a obra de Deus. A ele darão contas.

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