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Animes e Mangás: a influência da religião oriental em nosso meio

João Oliveira Ramos Neto

Licenciado em História – Estudante de Teologia – Rio de Janeiro – RJ

Quando eu era criança, gostava de desenho animado. Na década de 90, a moda era “Pica-Pau”, “Pernalonga” e “Tom e Jerry”. Eu também gostava de jogar video game. Você já ouviu falar em “Super Nintendo”? Que saudade!  Além disso, ainda achava tempo para ler minhas revistas em quadrinhos: as da “Turma da Mônica” e as de “Walt Disney”. Ficava horas e horas viajando com aqueles personagens: o Cascão, querendo fugir da água, o Cebolinha, dando nó na orelha do Sansão, e o Pato Donald, arrumando confusão com o Tio Patinhas.

Nos últimos anos, no entanto, mudanças começaram a acontecer, e o Japão começou a ocupar mais espaço na mídia. Agora, os desenhos animados exibidos na TV são, em sua maioria, animes, e os quadrinhos são mangás. Até a Turma da Mônica passou a ser desenhada no estilo japonês. Geralmente, os mangás saem do papel e vão para as telas do cinema e da televisão e se tornam animes. Portanto, seja revista em quadrinhos, seja desenho animado, seja video game – porque geralmente um influencia o outro – eles estão ao nosso redor: Dragon Ball, Digimon e Pokemon, só para citar os principais.

A influência da cultura oriental

Que importância tem essa mudança toda? Como cristãos que somos, não precisamos deixar de usar todos esses recursos para o nosso entretenimento, contudo, algumas considerações precisam ser feitas. Para começar, precisamos identificar a cultura oriental por trás desses desenhos.

Geralmente classificados pelos críticos como desenhos extremamente violentos e sensuais, uma de suas características são os olhos desenhados de forma exagerada, para demonstrar a emoção do personagem – os orientais acreditam que os olhos são as janelas da alma. Além disso, o exagero no tamanho do desenho do olho revela a visão que os japoneses, de olhos puxados, têm dos ocidentais.

Quero destacar três aspectos da religião oriental presentes nesses desenhos, fazendo um paralelo com a fé cristã, a fim de que você possa se divertir sem se deixar influenciar espiritualmente.

1. O bem e o mal

Para as religiões orientais, o mundo é um campo de batalha entre as forças do bem e as forças do mal. Essa doutrina é comumente denominada de Maniqueísmo. Eles não acreditam em um Deus pessoal e Criador, como nós, os cristãos, cremos, mas sim em uma energia cósmica, que ordena o mundo. Você já viu, por exemplo, aquela imagem de um círculo metade preto, metade branco, com um ponto preto na parte branca e um ponto branco na parte preta? É o yin-yang, que simboliza a crença oriental de que todos têm algo bom e algo mau dentro de si e que por isso precisam alcançar um suposto equilíbrio.

Como cristãos, cremos que o mundo foi criado por um Deus pessoal (Gênesis 1-3), que se revela à humanidade por meio de sua Palavra, a Bíblia (2 Timóteo 3.16-17). E, segundo a Bíblia, o mundo não é governado por forças opostas entre o bem e o mal, mas por um Deus soberano (Romanos 8.38-39), onipotente (Úxodo 6.2-3) e totalmente bom (Tiago 1.17). Então, de onde vem o mal? Segundo a Bíblia, da ação do Diabo (Isaías 14.12-15), que atua temporariamente sob a permissão de Deus (Jó 1.12) e que será totalmente destruído no juízo final (Apocalipse 20.10).

O homem, por sua vez, escolheu desobedecer a Deus (Gênesis 3). Por causa disso, encontra-se hoje decaído (Romanos 3.9-20). Ao contrário da doutrina oriental, mortos em nossos pecados (Efésios 2.5), não temos nada de bom para oferecer (Isaías 64.6). Porém, quando uma pessoa se converte a Jesus Cristo, o Diabo deixa de ter poder sobre a sua vida (1João 5.18).

2. A reencarnação

A reencarnação é uma doutrina oriental segundo a qual, após a morte, o espírito humano retorna à terra encarnado em outra pessoa. Isso está ligado a uma ideia de progresso, pois as sucessivas encarnações têm o propósito julgador de melhorar a pessoa até um estágio em que ela não tenha mais que vir a este mundo imperfeito. Logo, para eles, o que você vive hoje, o seu “carma”, é o reflexo do que você fez na vida passada. Essa ideia está presente, por exemplo, nos desenhos Digimon e Pokemon, em que esses seres encontram-se distribuídos em diversas espécies, que, por sua vez, estão em diferentes estados de evolução. Eles têm a capacidade de evoluir e possuem diferentes tipos de poderes mágicos, que são usados dentro do contexto já citado: a luta entre o bem e o mal.

Tendo a Bíblia como a revelação de Deus, nós, os cristãos, entendemos que não existe reencarnação. Quando um homem morre, ele é julgado (Hebreus 9.27), podendo ir para o céu ou para o inferno (Salmos 9.17). E o julgamento não será baseado em suas obras, pois a nossa justiça não é nada diante da justiça de Deus. Seremos julgados por termos ou não aceitado a salvação que Jesus Cristo oferece (Efésios 2.8-9).

3. O fim dos tempos

Em todo filme desse gênero, o bem vence no final, não é verdade? Esta também é a concepção cristã. Mas não significa que a vitória final acontecerá enquanto vivemos neste mundo. O bem finalmente triunfará quando Jesus regressar (Apocalipse 21.4). Por ora, ainda somos submetidos a injustiças (João 16.33). Pessoas de bem, ao contrário do que acontece no mundo dos desenhos, morrem.

Os desenhos japoneses se desenvolveram durante a Segunda Guerra Mundial. Portanto, pela ótica dos orientais, em um contexto pós-apocalipse, retratado nos desenhos, pois é assim que os japoneses se enxergam. Derrotados na Segunda Guerra e massacrados por duas bombas atômicas, eles conseguiram se reerguer e agora se veem como se estivessem vivendo em uma suposta nova era.

Conclusão

Talvez você pense que o desenho não passa de ficção e não interfere na sua vida real. Se assim for, muito bem. Continue a fazer bom uso desse recurso como forma de diversão. Mas é necessário ter cautela. Às vezes, ideias aparentemente ingênuas penetram em nossas convicções sem que tenhamos consciência disso. Essa tem sido a estratégia do Diabo. Infelizmente, influenciados por ideias orientais difundidas pela mídia, como essas três que analisamos, muitos crentes acreditam que temos algo de bom para oferecer ou que estamos em evolução.

Além disso, de uns tempos para cá, o Diabo tem oprimido os cristãos, que, influenciados por essa cultura oriental, confundem conceitos de batalha espiritual e pensam equivocadamente que o Diabo luta com Deus em pé de igualdade. Lembre-se sempre de que o mundo não é ordenado por um equilíbrio entre o bem e o mal, e que basta uma só ordem de Jesus para que os demônios fujam (Mateus 17.18). Sem excluir a nossa responsabilidade de vigiar (Mateus 26.41), essas certezas nos trazem segurança e esperança até na hora da diversão.

Editado originalmente pela revista “Você”, ano 16, no. 2. Publicado com autorização da revista e do autor.

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