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O CONSTRUTOR DE ALTARES

“Ali o Deus Eterno apareceu a Abrão e disse: – Eu vou dar esta terra aos seus descendentes. Naquele lugar Abrão construiu um altar ao Deus Eterno, pois ali o Eterno havia aparecido a ele” (Gênesis 12.7)

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

Este é o primeiro dos muitos altares que Abraão levantou para Iahweh, o Deus Eterno. Tornou-se sua prática de vida. Chegando em um lugar, primeiro ele levantava um altar de pedras para Deus, e depois armava suas tendas. Para Deus, uma construção de pedras, algo duradouro. Para si, suas tendas, algo perecível. Muita gente hoje quer ter as riquezas de Abraão, o que julga ser a maior bênção da vida cristã, mas primeiro constrói casas de pedra para si e depois tendas perecíveis para Deus. Para si, o melhor. Para Deus, qualquer coisa. Faz o oposto de Abraão.

Este primeiro altar é levantado, como muitos outros, num ambiente pagão. “Os cananeus viviam naquela região” (v. 7). Ele passava por onde os pagãos estavam, mas nunca se ajuntava moralmente a eles. Além disto, e isto é bastante significativo, o altar foi levantado perto da “árvore sagrada de Moré”. “Moré” significa “mestre”, em hebraico. Era o carvalho-mestre dos cananeus. Seus sacerdotes tomavam alucinógenos e deitavam-se nus debaixo dos carvalhos, para interpretar o barulho do vento nas copas das árvores como augúrios divinos. Tendo desprezado Deus, os gentios foram desprezados por ele, como Paulo diz em Romanos (Rm 1.18-19). Sem Deus, perdiam-se na tenebricidade de seus corações. Buscavam ouvir a voz de Deus na copa das árvores sacudidas pelo vento. Como é vazio e desorientado o homem sem a revelação divina! Pois bem, junto ao lugar de adoração pagã, ele erige um altar para seu Deus.

Uma grande lição para nós. Devemos levantar altares para Deus aonde chegarmos. Um profissional cristão, quando transferido, deve, em primeiro lugar, levantar um altar para Deus. Isto é, deve fazer daquele lugar onde foi morar o seu local de culto. Deve assumir este compromisso em sua vida. E dentro desta ótica: primeiro o altar de Deus, depois sua tenda. Primeiro, os joelhos em terra, assumindo o compromisso de viver o evangelho e de representar Jesus Cristo naquele lugar. Depois, sim, sua vida pessoal. Aliás, Jesus ensinou isto muito bem: “Portanto, ponham em primeiro lugar na sua vida o Reino de Deus e aquilo que Deus quer, e ele lhes dará todas essas coisas” (Mt 6.33). Levantem primeiro o altar, e ele cuidará de suas tendas. Dê a Deus o primeiro lugar em sua vida!

São duas questões que caminham lado a lado nesta experiência de Abraão. A primeira é a prioridade a Deus. Primeiro o seu altar. A segunda é o fato de que o altar é no meio dos pagãos. Ele marcava sua presença. Deixava bem claro quem ele era e a quem servia.  Nao se intimidava. Muitos cristãos têm medo de assumir sua fé, e se omitem de seu testemunho. Cabe aqui a lição de vida de outro personagem, Daniel. Mesmo com um decreto contrário à sua fé, ele nao teve receio de se ajoelhar e orar a seu Deus. E fez isso com as janelas abertas, sem receio de que vissem (Dn 6.10). O fiel não tem medo de expressar sua fé, e não a esconde.

Os neopentecostais gostam de associar a riqueza de Abraão com sua fé (que eles dimensionam em obediência ao líder da igreja, trazendo ofertas como ele pede). Cometem um duplo equívoco. O primeiro é ignorar que Abraão já era rico, antes de se comprometer com Deus. E o segundo, é que maior marca de sua fé é sua obediência e lealdade para com Deus em termos de caráter. Ele era um homem espiritual. Enquanto Ló se preocupava com uma cidade para morar, antes de do juízo divino sobre Sodoma e Gomorra, Abraão que não morava lá, intercedia a Deus por suas vidas.

O mais importante na nossa vida com Deus não é o que ele vai nos dar de bens e de saúde. Isto depende dele, em sua soberania. Sua graça e sua bondade são imensuráveis. Ele nunca nos dará nada de mal e sempre nos dará o que for melhor para nós. E como ele quiser. O mais importante é nossa lealdade para com ele. É sempre levantarmos altares por onde passarmos, para que se diga de nós o que uma mulher disse, ao seu marido, sobre Eliseu: “Tenho a certeza de que esse homem que vem sempre aqui é um santo homem de Deus” (2Rs 4.9). Qualquer pessoa do mundo, mesmo que ímpia, pode ter riquezas. Mas só um homem ou uma mulher de Deus pode ser objeto de um comentário nestes moldes. Esta deveria nossa maior vontade: ter o caráter de pessoas comprometidas com Deus, a ponto dos outros verem isso em nós. Porque muitos homens sem Deus têm mais dinheiro que muitos de nós. Mas ter o caráter de alguém de Deus só um filho de Deus pode ter.

O mais impressionante em Abraão não foram seus bens. Foi o seu caráter de pessoa obediente a Deus. E ele nos sinaliza, em sua atitude, como se alcança isto. Para Deus, um altar de pedras, e em primeiro lugar. Ou seja, as primícias para ele. As primícias dos bens, do tempo, do afeto, das emoções. Para Deus, o primeiro lugar e o duradouro. Depois, nós. Isso dá certo. Jesus corroborou em Mateus 6.33. E milhões de cristãos fiéis e maduros, não as criancinhas que brincam de igreja, sempre pedindo coisas, têm experimentado isto.

Levante altares, meu irmão, por onde passar. Primeiro o altar de Deus. Depois, suas tendas. Deus se agrada disto. Não se preocupe em ter coisas nem ande ansioso, clamando por riquezas. Seja fiel a Deus. Assuma seu compromisso de seguir a Jesus, e deixe o resto com ele. “Deus não é injusto. Ele não esquece o trabalho que vocês fizeram nem o amor que lhe mostraram na ajuda que deram e ainda estão dando aos seus irmãos e irmãs na fé” (Hb 6.10). Sirva a Deus e sirva aos irmãos. Deixe o resto com o Senhor.

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