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DUAS PORTAS – DOIS CAMINHOS

 

Isaltino Gomes Coelho Filho

 Publicado originalmente na revista “Você”.

 

“Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e são muitos os que entram por ela; pois a porta é estreita, e o caminho que conduz à vida, apertado, e são poucos os que a encontram” (Mateus 7.13-14).

 

Os hebreus caracterizavam a vida como sendo uma caminhada. Para eles, viver era caminhar neste mundo. Aliás, o nome “hebreu” tem a ideia de “caminhante”. O primeiro homem chamado de “hebreu” foi Abraão (Gn 14.13) porque era peregrino, um caminhante.

O Salmo 1 trata disto: viver é escolher um caminho, sendo que, apesar de parecer serem vários,  há apenas dois: um com Deus e outro sem ele. Estes dois caminhos têm características diferentes e as pessoas que andam por eles terminam em destinos diferentes. Os caminhos são escolhidos pela visão espiritual das pessoas. Os caminhos escolhidos acabam formatando o caminhante dentro de um estilo de vida. Ou seja: os caminhos são escolhidos pelos caminhantes como uma opção de vida e isso lhes confere certos traços de caráter. Viver é escolher um caminho por onde andar. E este caminho escolhido, seja o com Deus ou o sem Deus, deixará marcas em nossa vida e nos levará a destinos diferentes. O caminho define nosso destino final, mas antes disso, define nosso caráter.

Jesus usou esta figura de caminho em seu ensino, quando a aplicou a si, dizendo que ele era “o caminho” (Jo 14.6). E também aplicou a si figura de porta (Jo 10.9). Isto significa que segui-lo é fazer a escolha correta de vida. É como se ele dissesse: “Querem viver bem? Eu sou a escolha correta que vocês devem fazer!”.

No texto citado, ele usa as duas figuras em conjunto, porta e caminho. Portas guardam semelhança com caminhos. São lugares por onde as pessoas passam. E são opções que as pessoas fazem.

Há um caminho espaçoso e uma porta larga, diz ele. Serão as melhores escolhas? Para muita gente, quantidade é sinal de verdade. É assim que tantos dão crédito às pesquisas de opinião para tomarem decisões. Se há muita gente fazendo algo, esposando uma ideia, ou apoiando um movimento, então isso é o certo. Da mesma maneira, se há pouca gente, então é o errado.

Um pastor luterano contou que quando foi empossado no primeiro pastorado de uma igreja, aos 23 anos, havia apenas cinco pessoas no culto. Todas idosas, sendo que uma dormiu todo o tempo do culto. Do lado de fora, Hitler fazia uma passeata arrastando atrás de si 100.000 jovens alemães encantados com seu discurso político. Ele se perguntou: “Será que vale a pena o que estou fazendo?”. Aquele jovem se tornou um dos maiores pastores da Alemanha, sua igreja veio a ser uma das maiores do país, e Hitler arruinou a nação. Guarde isto: maioria não é sinal de verdade. Pressão de um grupo não torna algo lícito ou correto. Uma multidão a favor do aborto, do homossexualismo, ou de outras atitudes que a Bíblia rejeita não lhes tira o caráter de errado.

Não é verdade que “a voz do povo é a voz de Deus”. Se fosse assim, os linchamentos seriam moralmente corretos, e a lei seria desnecessária. A verdadeira voz de Deus está na Bíblia, que é a Palavra de Deus. A voz de uma multidão não é a verdade. A multidão gritava freneticamente em Jerusalém: “Crucifica-o! Crucifica-o!”. E estava errada.

Caminhos largos e espaçosos e portas largas e espaçosas podem ser mais cômodos, mais agradáveis, mas podem conduzir à ruína. Caminhos apertados e portas estreitas podem ser desconfortáveis, mas podem ser a opção correta. O ensino de Jesus nunca contará com mais seguidores que o caminho do erro. Porque Jesus oferece mais, mas faz exigências morais. As pessoas querem o mais, mas não querem freios. Querem um Jesus que as abençoe e as conduza mesmo com elas vivendo em pecado. Esse Jesus só existe na imaginação delas. O Jesus real, revelado no Novo Testamento, é o Salvador, é aquele que pode abençoar grandemente uma vida, mas não deve ser confundido com um papai Noel bonachão. É o Senhor, que nos chama a viver a vida de acordo com o seu caminho, e não de acordo com os nossos caminhos.

Quando você for pressionado a imitar os colegas e a abandonar seus padrões cristãos para não ser chamado de nerd, de fundamentalista ou seja lá o que for, lembre-se que o caminho da multidão nem sempre é o caminho de Jesus, que é o caminho certo. A porta larga, por onde entra todo mundo, e do jeito que quer, não é o caminho da vida, mas da morte. Não se encante com tantas “bandeiras” que você vai encontrar em sua vida, sob a alegação de serem bandeiras justas, democráticas ou libertárias. Muitas dessas bandeiras são, na realidade, mortalhas.

O caminho da verdade e da retidão, o caminho de Jesus é estreito porque pede abandono do pecado. As pessoas querem seguir o outro caminho e preferem a outra porta porque não querem deixar seus pecados. Não as siga. Vá pelo caminho estreito. Entre pela porta estreita. O caminho e a porta da minoria que quer Jesus e não aceita ser formatada pelo mundo.

Lembre-se bem disso: para seguir a Jesus é preciso ter coragem. Coragem de dizer não à voz da maioria, e coragem de querer a porta que parece insignificante. Seguir a Jesus não é para fracos, tipo “maria vai com as outras”. É não ceder ao pecado que a mídia mostra como normal, chamando quem não concorda com ela de “fanático”.

Por isso, siga pelo caminho estreito. E entre pela porta estreita. Você terá um bom caráter. E um futuro de glória.

 

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