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Pastorais

O Padre Tem Razão… Mas Ainda Há Mais

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O Padre Tem Razão… Mas Ainda Há Mais

            O “Correio Popular”, de Campinas, trouxe um artigo do Pe. José Trasfereti, intitulado “Jesus ou Papai Noel?”. O padre critica a substituição de Jesus por papai Noel, e lamenta a transformação da data em ocasião de lucro, sem reflexão espiritual. Suas palavras finais foram: “Portanto, neste natal, menos papai Noel e mais Jesus Cristo”.


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Um Bom Futuro

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Um Bom Futuro
 

            Neste semestre lecionei três classes de Homilética, na Faculdade Teológica de S. Paulo. Na de Campinas lecionei uma classe de Teologia do Ministério Pastoral. Trabalhei na administração de dois seminários e leciono em seminários desde os 23 anos. Tive muitas classes e muitos alunos. Como comecei cedo, fui professor de pastores que já se aposentaram. Fui professor de um pastor no seminário de Bauru e, anos depois, de seu filho, na faculdade de S. Paulo. Mas deixemos as reminiscências de lado. Quando se envelhece se olha demais para trás. E a questão não é esta.

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Anorexia Espiritual

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Anorexia Espiritual

            Um irmão em Cristo, amigo desde Manaus, hoje morando em S. Paulo, escreve-me comentando a pastoral “Lições de uma ovelhinha distraída”, onde falei de raquitismo espiritual. Pede-me para falar de “anorexia espiritual”. Engendrei alguns pensamentos. Mas meu amigo é um pensador de grande capacidade analítica. Faz ponderações tão sensatas, que para escrever sobre o assunto, eu o plagiaria.

            Veja-se esta citação sua, na mensagem enviada: “Ultimamente falou-se muito da anorexia. Aproveito para sugerir que o caro amigo escrevesse algo sobre a ‘anorexia espiritual’, uma enfermidade que acomete muitos crentes hoje e que se principia na adolescência da caminhada cristã e às vezes vem acompanhada de ‘bulimia espiritual’. A anorexia espiritual não só atinge as mulheres, mas igualmente os homens. Temos notado que as próprias igrejas batistas, em grande parte, consideram secundário o ensino bíblico.  O comprometimento com Deus e a sua Palavra tornou-se também secundário. A situação da EBD é assaz preocupante e na maioria das igrejas, nem mais existe a Escola de Crescimento Cristão; as neopentecostalizantes acabam eliminando a EBD, sendo substituídas por mensagens positivistas e por músicas e orações meio de auto-ajuda, auto-reconciliação e auto-aceitação. O precioso alimento, portanto,  é retirado de circulação. Sem recomendação bíblica ou da Palavra de Deus, adota-se uma dieta restritiva e aparentemente inocente para se perder aqueles ‘quilinhos’ que atrapalham a aparência exterior, além da prescrição de ‘laxantes’, como água benta ou benzida, óleo ungido, oração poderosa e que tais, deflagrando em pouco tempo a recusa sistemática do paciente em alimentar-se. Quando é ingerido um alimento sólido,  o paciente ‘vomita no vaso sanitário da vida’. Assim, muitas igrejas corroboram para que os crentes sejam ‘esbeltos’ na aparência e submissos à palavra do líder”.

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A Fraqueza Que Se Torna Força

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A Fraqueza Que Se Torna Força

            No livro Das profundezas – preces, com orações de Kierkegaard, há uma intitulada “A fraqueza verdadeira”. Assim se expressa o filósofo dinamarquês:

“Pai celeste! No mundo cá de fora, um é forte, outro é fraco. O forte – quem sabe – envaidece-se com a sua força; o débil suspira e, ai de mim, torna-se invejoso. Mas aqui, bem no interior da tua Igreja, todos somos fracos: aqui, perante tua presença – tu és o poderoso, só tu és o forte”.

 

Gosto de Kierkegaard. Crítico severo da cultura européia, ele via a Europa a caminho da bancarrota. Mas também foi duro com o cristianismo de sua época, principalmente sua Igreja, a Luterana. Ele a chamava de “igreja de domingo”. Muita forma e pouca vida. Para ele, a questão mais importante não era saber se o cristianismo era verdadeiro, mas se era verdadeiro para a pessoa. Se a pessoa o vivia. Hoje se procura uma igreja pelo que ela oferece, pelos atrativos (ela é um entretenimento), se há um programa de relações sociais para os filhos, se o estacionamento é amplo, etc. Não se ela chama a engajar-se com Cristo para viver o evangelho. Um cristianismo meramente social, de compromissos mundanos e conveniências: “o que é melhor para mim?”. O cristianismo de hoje não é melhor. Talvez pior.

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Destruindo Reputações

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Destruindo Reputações

 

       A empresa Folha da Manhã, que edita o jornal “Folha de S. Paulo”, terá que pagar R$ 250.000,00 a cada proprietário da extinta Escola Base, uma escola infantil. Eles foram denunciados pelo jornal, em 1994, de abusos sexuais contra as crianças. Segundo a notícia, “a escola acabou depredada e saqueada, e os apontados sofreram o que sua defesa chamou de ‘um verdadeiro linchamento moral’”. Icushiro Shimada, o proprietário, teve um infarto. Sua esposa, Maria Aparecida Shimada, vive à base de tranqüilizantes. O motorista da escola, que conduzia as crianças, Maurício Alvarenga, teve o casamento terminado. Os três entraram com pedido de danos morais, após se provar a falsidade da denúncia. A morosidade da justiça fez com que se passassem doze anos até a decisão favorável às vítimas da calúnia. O “Folha de S. Paulo” tem a reputação, justa, de ser um jornal sério. Foi um erro que deveria ser assumido imediatamente com pedido público de desculpas e atos de reparação.

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A Filosofia Do Boteco Pé Sujo

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A Filosofia Do Boteco Pé Sujo

 

            No livro Livre-se dos “corvos” – cuidado com os “sugadores de energia”, Luiz Marins tem um capítulo sobre manter a serenidade.  Ele ficou preso em um táxi, num engarrafamento em S. Paulo. Um caminhão quebrara numa das marginais e o trânsito ficou mais caótico que o habitual. Ele estava atrasado para um compromisso, o táxi não tinha ar-condicionado. O motorista comia biscoitos de polvilho, mastigando ruidosamente, deixando farelos pelo carro. E ligou o rádio em alto volume, competindo com o som externo, numa emissora que tocava rap e pagode (ninguém merece!).

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Que tal destruir alguns humanos hoje?

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Que tal destruir alguns humanos hoje? 

            Este é o título de um game anunciado num portal da Internet. Para relaxar, após um dia estressante, uma partidinha, em que um simpático alienígena mata alguns humanos. Nada de violento. Apenas para relaxar…

            A questão é controvertida, esgrimindo as partes litigantes dados a seu bel-prazer, mas fala-se muito da influência de jogos violentos no comportamento de jovens. Um ponto parece-me claro: violência como entretenimento não é muito sadio. E não produz pessoas pacíficas. Dizer que funciona como uma catarse soa-me simplista. Acho curioso que alguns digam que conviver com a pobreza causa violência. E que conviver com a violência não causa violência.

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Que Mundo!

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Que Mundo!

 

            Não recordo o livro e o autor, só o término. Após analisar as possibilidades que a tecnologia oferece, o autor concluiu: “Que época fascinante para viver!”. Vou parodiá-lo: “Que época miserável para viver!”. E justifico. Não é o desejo de ser diferente. É real.

            Veio no Correio Popular, de Campinas: uma mãe de 25 anos de idade deixou o filho de um ano num carro fechado e foi dançar pagode. Quando o policial a interpelou, depois de alertado por alguém, ela perguntou: “E daí? Que é que tem?”.  No mesmo dia, uma criança de dois anos foi abandonada na fria noite paulistana, nua da cintura para baixo, com uma chupeta na boca. No dia anterior, uma mãe de 16 anos esganou o filho de um ano, que chorava, e foi dormir. Um pai esqueceu o filho de um ano e três meses num carro fechado. Multiplicam-se os casos de crianças abandonadas, mortas pelos pais, esquecidas enquanto pais dançam ou bebem.

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Lições de uma ovelhinha distraída…

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Lições de uma ovelhinha distraída…

    Vinha sendo uma terça-feira cheia. De manhã cedo fora ao escritório de uma senhora da igreja para orar com ela. De lá, fui a Conchal, a 90 km de Campinas, para visitas a pessoas interessadas no evangelho, com vistas à implantação da Missão Batista naquela cidade. De volta, atendera duas pessoas na igreja, e esperava Meacir para visitarmos uma senhora que fora cirurgiada. Eis que me vem uma ovelhinha, puxando dos pés. Pareciam machucados. Pergunto em bom paulistês: “Que foi isso, fia?” (paulista que se preza não fala “filha”). Machucara os pés? Não, era o corpo todo. Fora à praia e estava queimada, não bronzeada. Perguntei se não usara um bom filtro solar. Usara, mas com prazo de validade vencido. Surpreendi-me. Não reparara que filtros solares têm prazo de validade. Mas o da ovelhinha querida vencera. E, pasmem, em 2003. Tinha que estar torrada. O cansaço que começava a aparecer foi substituído por risadas. Principalmente porque outra ovelhinha, que usara filtro solar com prazo certo, “tirou uma casquinha”. Pediu: “Faz uma pastoral sobre ela, pastor!”. Aliás, devo a esta ovelha zombeteira o tema de hoje. Um dia farei uma pastoral sobre ovelhas escarnecedoras… Fiquemos com a ovelha tostada.

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A Verdadeira Fé

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A Verdadeira Fé

            No livro Super-heróis e a filosofia – verdade, justiça e o caminho socrático, há um capítulo de Tom Morris intitulado “Deus, o Diabo e Matt Murdock”. Ele aborda a questão da espiritualidade nas histórias em quadrinho. Aprendi muito. Quando fiz uma pós-graduação em Educação, preparei um trabalho intitulado “A ideologia das histórias em quadrinhos”. Mas o livro foi muito mais fundo.

            Ele faz uma observação pertinente: “Religiosidade não é o mesmo que fé. Mas às vezes não é fácil distinguir uma da outra. A religiosidade é superficial, a fé real é mais profunda. De um modo geral, a religiosidade é só uma questão de hábito. A fé é algo muito mais envolvente”. Ele critica a idéia segundo a qual os homens criaram a fé religiosa por causa de seus temores. Diz que a religiosidade pode ser um escapismo, muleta contra o mundo assustador. A superstição e a religiosidade superficial são apenas reação de pessoas temerosas, mas a verdadeira fé é mais que isto. Identificando a superstição com religiosidade superficial, ele diz: “A superstição é um esforço temeroso e desesperado de manipular a realidade para que se adapte às nossas necessidades”. A pessoa tenta manipular forças espirituais em seu benefício. Ela quer seu mundinho em paz e que tudo a ajude. Assim as pessoas adotam práticas para se proteger: talismãs, simpatias, vudus, mandingas, etc.

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Quem Cuida da Lojinha?

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Quem Cuida da Lojinha?
 

            A piada é infame, mas vá lá. Façam de contas que nunca a ouviram e achem graça. O comerciante, moribundo, reúne a família ao redor de si. Pergunta: “Sarah, você está aqui?”. “Estou”, responde Sarah. “Isac está aqui?”, pergunta ele. “Estou, papai”, responde Isac. “Miguel está aqui?”. Miguel responde afirmativamente. O homem se senta na cama e pergunta: “E quem está tomando conta da lojinha?”.

            Lembrei-me da piada no dia da eleição. Votei na 914 Norte, no Colégio Leonardo Da Vinci, e levei Meacir para votar na Escola Classe na 115 Norte. Ainda votamos em Brasília. A fila no TRE de Campinas, perto da minha casa, desanimava quem desejava transferir o título. Soava-me um desrespeito para com o cidadão (pois é, a fantástica Campinas tem suas falhas). Mas deixa pra lá. O que tem a piada com a eleição?

 

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Usando a Bíblia corretamente

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Usando a Bíblia corretamente
 
            No livro Princípios para uma cosmovisão bíblica, John MacArthur Jr. tem um capítulo sobre objetividade. Ele censura o relativismo da cultura contemporânea em que cada pessoa faz sua verdade. Para elas, tudo é tolerável. Só lhes é intolerável ter uma cosmovisão bíblica, ou seja, uma visão do mundo pela Bíblia. Tenta-se ajustar a Bíblia à visão das pessoas e amoldá-la às correntes de pensamento. Assim se fazem leituras marxistas, leituras feministas, leituras afros da Bíblia, em vez de se ler estes movimentos à luz da Bíblia. Ela deixou de ser nossa regra de fé e prática e passou a coadjuvar uma visão secular que temos da vida.

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O Gato Hipoalergênico

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O Gato Hipoalergênico

      Joshua é o primeiro gato hipoalergênico (não produz alergia) do mundo.  Produzido em laboratório, tem um ano e meio de vida. Inaugura uma espécie de gatos que estará à venda nos Estados Unidos, a partir de 2007, por quatro mil dólares. Há 30.000.000 de americanos alérgicos a gatos, e que poderão ter um. O cálculo me impressiona: trinta milhões! Como americano é inteligente! Calcula até gatófilos alérgicos. 

      Gosto de gatos. Tive o Platão, Aristóteles, Sócrates, a Xantipa (mulher do Sócrates), Hegel, Schleiemacher, Kierkegaard e, menos sofisticada, a Ana Júlia. Tenho o Mahavira Rambo Gomes Coelho. Meu filho, um bom arquiteto, que seria um excelente veterinário, enche-nos de bichos. Deu-nos o Mahavira. Como tem pedigree, deu-lhe seu sobrenome. Que é o meu. O sobrenome cultivado desde D. Júlio Diniz (pseudônimo de Joaquim Guilherme Gomes Coelho) está num gato.

 

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É Questão De Caráter

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É Questão De Caráter
 
    Recebi mais uma carta anônima, nesta semana. Elas são cíclicas. Vêm, geralmente, de homossexuais e pentecostais. Uma veio de uma petista zangada porque quando Mário Covas morreu eu disse que ele fora um homem íntegro. E era. Não carregava dólares em roupas de baixo nem pagava ou recebia mensalão. Mas deixa pra lá. Ignoro o motivo pelo qual optam pelo anonimato. Será humildade? Esta veio com um recorte de um jornal da cidade onde um colunista fala dos políticos evangélicos corruptos. Até aí nada demais. Fiz duas pastorais sobre eles.

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?Todas as coisas contribuem…? – Cremos mesmo nisto?

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“Todas as coisas contribuem…” – Cremos mesmo nisto?
            No livro Cura pela Palavra, Marcelo Aguiar conta uma história que eu lera na Internet e perdi. Um rei tinha o hábito de caçar na floresta, acompanhado de seu conselheiro. Certo dia, ao disparar a arma, esta explodiu e lhe arrancou um dedo da mão direita. Ele perguntou ao conselheiro como Deus deixara isto acontecer. O conselheiro respondeu citando Romanos 8.28, que diz que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus. Irritado com a resposta, o rei mandou encarcerá-lo.

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É impossível ficar indiferente quando a felicidade cruza o nosso caminho…

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É Impossível Ficar Indiferente Quando A Felicidade Cruza O Nosso Caminho…

            Não é romance de banca de jornal. Nem “filosofia de farmácia”, um pensamento de almanaque de laboratório. É um outdoor, numa das mais bonitas e bem cuidadas avenidas campineiras, a Aquidabã, indo do charmoso Cambuí para a Anhangüera. Propaganda de automóvel. Fiat. Com preço: R$ 24.990,00. Acho que é. A velocidade local não permite focar a atenção.
            Então tá. A felicidade passa à nossa frente, como um Fiat, e custa cerca de R$ 25.000,00. Ela se movimenta, em forma de carro. Mas tinha que ser Fiat? E expressa num cartaz enfeando a Aquidabã?
            Deixando a verve de lado, mais uma vez o equívoco que a publicidade nos empurra: felicidade é ter bens materiais. É a visão mundana de que carros, que devem ser vistos como instrumentos de transporte, são símbolos de status (Fiat? De 24 mil?). A felicidade está em ter coisas e mostrar algo aos olhos alheios. É o espírito de competição: “Sou feliz e bem-sucedido, tendo algo que você não tem”.
            Ter posses é melhor que não tê-las. Não sou pobre por opção, mas por contingência. Filho de pobre, casei-me com filha de pobre. Não tenho herança material a receber. Mas pobreza ou escassez de bens não é virtude. E riqueza e fartura material não são pecado.  No neopentecostalismo é o oposto. Escassez é coisa do demônio, pomposamente chamado de “Devorador”, e riquezas e fartura são bênção de Deus. Assim, a religião sacraliza os bens como o maior valor da vida.
            As coisas não podem ser o alvo supremo da vida. Se forem, nos frustraremos.  Precisamos de bens e de recursos financeiros. Até a igreja precisa. Mas coisas e dinheiro são incapazes de dar sentido à vida humana. Nossa dignidade e nosso valor não estão nas coisas, mas na nossa relação para com elas. Como ganhamos, como aplicamos, como vemos os bens. Muita gente, ao invés de usar os bens, inclusive para a glória de Deus, é dominada por eles. Faz dos bens o seu deus. Muitos, até crentes em Cristo, caem neste engodo. Colocam o significado da vida em bens materiais e sucesso econômico. Na ânsia de mais, sacrificam a família, privando-a de sua presença. Sacrificam o reino de Deus, sonegando contribuições. São desleais com sua igreja: dela recebem, nela não aplicam. Muitos sacrificam honra e dignidade. A polícia paulista, nesta semana, em confronto, matou alguns bandidos do PCC. Uma senhora que abrigava quatro desses bandidos disse que não se importava com o que eles eram e com o que faziam. Ela recebia alguma coisa deles. É isto: o banditismo é irrelevante, desde que nos beneficie. A moral foi posta de lado (e, incoerentemente, uma sociedade que baniu a moral fala de ética) em troca de dinheiro. O certo é o que dá dinheiro.
            Como crentes em Cristo precisamos de seriedade no trato com os bens. Eles são coisas, não pessoas e menos ainda Deus. Precisamos de seriedade na forma de ganhar nossos recursos (um crente em Cristo vendendo drogas ou abrigando bandidos?) e na maneira de aplicá-los. E saber que se temos recursos, é bondade de Deus. Ele pode tirá-las. Pode cassar-nos os meios de consegui-los.  Não devemos nos conformar com a miséria. Subamos na vida, se pudermos, mas sem deixar Deus no degrau de baixo. Diz o Salmo 62.10: “Ainda que suas riquezas aumentem, não confiem nelas”. Diz Provérbios 22.1: “O bom nome vale mais que muitas riquezas”. Caráter vale mais que dinheiro. Vale mais ser decente e íntegro aos olhos de Deus que ter muitas coisas aos olhos humanos.
            Felicidade não está nas coisas. Nem num carro. É mais que isso. Um coração limpo diante de Deus experimenta satisfação muito maior que ter um Fiat de R$ 25.000,00.

Isaltino Gomes Coelho Filho

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Serviço cristão, fardo ou alegria?

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Serviço Cristão, Fardo Ou Alegria?

            Falei, em junho, aos pastores de Rondônia sobre espiritualidade contemporânea, tema que apresentara aos pastores de S. Paulo e seminaristas de Teresina, ano passado. Preparei uma apostila que modifico a cada apresentação, acrescentando idéias que maturo,  e outras surgidas após as apresentações. Mantive um ponto, para mim inarredável. Disse que muitas vezes um jovem se chega a mim e diz que acha que é chamado para o ministério, mas não tem convicção. Ou teme dizer “sim” a Deus. No primeiro caso, digo que ele não é chamado. Se fosse sua convicção seria inabalável. No segundo, que ele não deve entrar no ministério. Pode ser que Deus o tenha chamado, use-o poderosamente, mas se não tem convicção e se teme, não deve entrar no ministério pastoral. Um vocacionado deve ser convicto, disposto, e servir com alegria, sem medo. Figuras patéticas (“não sei se sou ou se não sou, não sei se quero ou se não quero”) não inspiram muita confiança.
            Muitas vezes usam Jonas em oposição ao que afirmo. A idéia é esta: alguém tinha uma vida economicamente segura, e Deus a chamou para o ministério oferecendo-lhe insegurança e sofrimento (e citam Jeremias). Então, a pessoa lutou muito com Deus para aceitar o chamado. Esta não é a história de Jonas. E o uso de Jeremias é uma injustiça com este gigante (erradamente chamado de “chorão”) e com Deus, que não nos chama para a desgraça. Deus não  chamou Jonas para ser profeta, em seu livro. Ele  já o era (2Rs 14.25). Ele recusou pregar aos seus inimigos. As pessoas gostam do dramático, mas insisto em que um vocacionado se sente jubiloso em ser vocacionado. Um obreiro realizado não troca a condição de obreiro de Jesus por nada, mesmo que coisas ruins lhe sucedam.
            O serviço cristão deve ser feito com alegria, não por obrigação ou em frustração. Isaías mostrou prontidão diante de Deus. Os doze apóstolos, sem exceção, deram a vida por Jesus. Também foi assim com Paulo. Um convertido tem desejo de servir, quer ser útil. A  pergunta de Paulo, alcançado por Jesus, mostra isto: “Senhor, o que devo fazer?” (At 22.9). Quem foi alcançado pela graça e pelo poder de Jesus quer fazer alguma coisa por ele. O ex-endemoninhado gadareno queria ir com Jesus: “Me deixe ir com o senhor!” (Mc 5.17). Queria ser-lhe útil. O Salvador lhe ordenou voltar para os seus e lhes dizer o que ele fizera na sua vida. Diz Marcos: “Então ele foi embora e contava, na região das Dez Cidades, o que Jesus tinha feito por ele. E todos ficavam admirados” (5.20). Um convertido quer ser útil e fala com alegria do que houve na sua vida.
Há “pesos mortos” em nossas igrejas. Pessoas que querem ser servidas, que todos as papariquem e lhes sirvam, e outras que pouca importância dão para o reino de Deus. Sem pretender ser o dono do Reino, sou impelido a descrer da conversão de tantas pessoas para quem o destino dos sem Cristo e as carências do Reino e de sua igreja local nada significam. É me difícil pensar num convertido apático, indiferente à causa de Jesus. As pessoas que só pensam em receber, ser abençoadas, e acham que Deus, a igreja e os irmãos lhe devem, devem avaliar seus conceitos. Se uma pessoa chamada para o ministério deve ser apaixonada pelo que faz e prefere fazer isto a qualquer outra atividade, quem é convertido quer ser útil a Jesus e à sua igreja. “O amor de Cristo nos constrange”, diz Paulo. Quem conheceu o amor de Cristo quer ser útil a ele. Mais que tudo.
            A gênese do serviço a Cristo é um coração grato, reconhecido ao Salvador pela sua bondade, e desejo de que outros experimentem o mesmo. Onde há conversão deve haver gratidão. E a gratidão se mostra numa vida dedicada a serviço do Mestre. É o seu caso?

            Isaltino Gomes Coelho Filho

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