Depressão: como vem e como se supera

O título da mensagem é este: Depressão – como vem e como se supera. Nosso texto é sobre um dos personagens de vida mais entusiástica, eufórica e vitoriosa – Elias – que um dia também mergulhou numa das maiores crises de depressão que um homem mergulhou em toda a Bíblia. Para conhecê-la, leiamos 1Reis 19 até a primeira frase do versículo 5.

Ora, Acabe fez saber a Jezabel tudo o que Elias havia feito, e como matara à espada todos os profetas. Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias, a dizer-lhe: assim me façam os deuses, e outro tanto, se até amanhã a estas horas eu não fizer a tua vida como a de um deles. Elias teve medo, e correu para salvar a sua vida. Quando chegou a Berseba, que pertence a Judá, deixou ali o seu moço. Ele mesmo, porém, foi ao deserto, caminho de um dia. Chegou, assentou-se debaixo de um zimbro e pediu para si a morte, dizendo: Já basta, ó Senhor. Toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais. E deitando-se, dormiu debaixo do zimbro.

Não faz muito sentido a história. Elias fugiu da morte e pediu a morte. Ora, se queria morrer ficasse onde estava que morreria, e se fugiu da morte não a pedisse. Jezabel manda um recado. O nosso texto não capta a sutileza da língua hebraica. O texto é acompanhado de um gesto: “Amanhã me façam os deuses”, com a mão passando pelo pescoço, “se eu não fizer assim contigo, se amanhã eu não te matar que esses deuses a quem eu sirvo me matem”. Então Elias, para fugir da morte, foge e depois pede a Deus a morte. Realmente não tem nenhum sentido, mas Elias está em profunda depressão. É a depressão que leva a pessoa a desesperar da vida e pedir a morte. É depressão que leva as pessoas a entregar os pontos por completo e não desejar mais nada.

Esta depressão de Elias vem num momento  contexto completamente sem nexo. A história não bate. Ele acabou de enfrentar 450 profetas de Baal. Baal é o nome genérico. Significa senhor, dono, possuidor, marido. Provavelmente era Melcarte,  o baal que Jezabel havia trazido para Israel, uma divindade associada ao rito da fecundidade com culto oficiado por sacerdotisas prostitutas. Elias desafia os 450 profetas, despeja 120 litros de água em cima de um sacrifício de um animal e pede que caia fogo do céu. O fogo cai e consome, enquanto que os profetas de Baal ficaram pulando, gritando e se retalhando com faca durante quatro horas, pedindo que aquilo acontecesse. Uma vitória estrondosa, mas logo após elas Elias mergulha numa crise de depressão.

Depressão não é necessariamente desânimo. Uma pessoa pode estar desanimada com o seu trabalho, desanimada (o que é trágico)  com o seu casamento. Desanimada com estudos, muitas coisas, mas estar empolgada com outras. A depressão é uma entrega de pontos. A pessoa está desanimada em todas as áreas. Não tem vontade de se envolver em nenhuma atividade, não quer comer, não tem sono, ou tem excesso de sono, porque a apatia traz o abatimento físico. Não tem entusiasmo em área nenhuma. É realmente uma entrega de pontos. Não raro, quando é muito aguda, a pessoa tem vontade até de morrer. É o que leva muita gente ao suicídio. Ou o indivíduo está absolutamente tresloucado emocionalmente, e não raciocina, ou alcançou um estágio de depressão tão profundo que desistiu do que é mais forte no homem, o instinto de sobrevivência. 

Como é que a depressão vem? É importante saber porque ela pode vir sobre nós. E depois saber como se supera a depressão. Isso é mais importante, porque acho que ninguém diz: “Estou querendo ficar deprimido para ver como é”. Provavelmente alguém deprimido diz assim: “Eu gostaria de saber como sair dessa depressão”. Então dividi o nosso assunto em duas partes: primeiro, o que causa a depressão; segundo, como se supera a depressão.

Fiquemos com o primeiro. O que causa a depressão?

No caso de Elias,  esgotamento físico. Este é o primeiro elemento na vida de Elias. Ele teve que travar uma luta muito dura. Quando lemos a história do capítulo anterior, ele enfrentando os profetas de Baal, lemos isto em vinte minutos e pensamos que isto durou vinte minutos. Isso durou uma manhã inteira e foi uma manhã de bate-boca e acusações. Por trás disto já veio um processo de desgaste emocional que se arrastava há alguns meses. Então tensão, briga, discussão, recado para lá e para cá, olhar enviesado, palavra malcriada, agora um momento de cansaço. Viu a ameaça de Jezabel e ele ainda anda um dia inteiro a pé. Depois deixa o moço que é seu ajudante e entra deserto adentro. Deserto não é um lugar muito agradável. Elias está cansado fisicamente.

Vamos parar um pouco aqui. Isto pode parecer como aquele personagem de Machado de Assis, o conselheiro Acácio, que dizia assim: “Se está chovendo não saias que vais te molhar”. Pode parecer acaciano mas é preciso parar um pouco aqui. Nossas igrejas zelam muito por mordomia do corpo. Não aceitam pessoas que fumam, que bebem, mas às vezes não levam a mordomia do corpo a todas as suas implicações. Há pessoas que são absolutamente indisciplinadas, no tocante ao trabalho. Elas não conseguem desligar. Me lembro numa ocasião que eu estava numa praia e encontrei um pastor. Ele ficou muito feliz porque me encontrou. Estávamos lá os dois, de férias. Ele chegou e disse: “Foi bom encontrar com você, eu queria tirar uma dúvida e lhe perguntar sobre a raiz de um verbo hebraico”. Eu disse: “Estou na praia com a minha esposa, desliga, esquece estas coisas”. Mas é aquela pessoa que não consegue parar de pensar nas suas atividades profissionais. Quando Deus instituiu um dia na semana para descanso não foi para que se idolatrasse este dia. Foi porque nós precisamos de repouso. Nenhum de nós pode viver em constante atividade, sem lazer, sem um momento de ócio, sem curtir a família, sem curtir o seu próprio espaço. Aquele momento em que chega e diz assim: “Não quero saber de nada”.

Quando estava em Brasília, na administração da Faculdade Teológica Batista e não tinha o telefone de nenhum professor em casa. Não tinha uma folha de papel em casa, não tinha o programa de nenhuma disciplina. Um dia um aluno me liga, sábado, às 5 horas da manhã. Coisa de aluno, nenhuma pessoa normal liga para mim às cinco da manhã:  “Professor, estou viajando e sei que vai ter uma prova na semana que vem e queria saber qual a matéria”. Eu disse: “Não sei”. “Como não sabe? Você não é o professor?”.  “Você é o aluno, eu não trago nada para casa”. Numa ocasião em que saí de férias, o Tesoureiro me disse: “Professor, deixe o telefone para onde o senhor vai, caso tenha algum problema”. Eu disse: “Não ligue. Se quando eu voltar a Faculdade tiver pegado fogo, vou procurar um emprego, mas não me ligue”. Há um momento de desligar. Não se pode viver em tensão constante. Há pessoas que não conseguem, levam trabalho para casa, levam trabalho para as férias, levam uma pasta para a cama. O rival da esposa é a pasta de trabalho. Ele vai conversar sobre as atividades profissionais, é aquela pessoa que não consegue desligar em momento nenhum.

Lembram de Jesus com os discípulos? Eles voltam de uma caminhada e de um trabalho duro e em vez de pedir um relatório o que Jesus disse para eles? “Vinde à parte e descansai um pouco”. Ele sabia como descansar. Já viram homem mais enérgico do que Jesus? “E percorria Jesus incessantemente todas as aldeias e vilas de Israel”. Ele andava aquilo tudo à pé. Mas já observaram como Jesus tinha momentos de lazer? Constantemente estava almoçando com alguém, na casa de alguém, tinha momentos de refrigério. Isso não é auto-ajuda, nem questão de massagear o ego. É questão de bom senso. Saber descansar, saber desligar. 

Elias veio de uma jornada  de trabalho muito intensa e depois da jornada intensa, desgastante do ponto de vista físico e emocional, ele ainda faz uma longa viagem à pé. Carregando agora consigo um outro fardo que põe sobre os ombros que é a ameaça de Jezabel. Empilhando coisas sobre os seus ombros, ele vai acabar se envergando. Vai empilhando coisas sobre si até o momento em que não agüentará mais.

Segundo elemento que causa depressão. Falta de noção de valor.

Agora a questão já muda. Ele enfrentara 450 homens (é muito homem) e  foge de uma mulher. É difícil de entender. É verdade que essa mulher não era fácil. Se Jezabel fosse casada com Manassés (são épocas diferentes), cada filho que nascesse deveria ser morto na hora porque seria sem dúvida o anti-cristo, antes da época. Se Manassés é o pior homem da Bíblia aqui está a pior mulher da Bíblia. Mas ele resolveu fugir de Jezabel. Este homem que enfrentou 450 homens e se dispôs a morrer na batalha com eles, foge de uma mulher e foge apavoradamente, anda um dia inteiro e depois vai para um deserto onde ninguém poderá achá-lo. Ele está perturbado emocionalmente. Mas é falta de noção de valor. Ora, um homem que vivera experiências tão profundas com Deus não devia temer. Por que entramos em depressão? Porque não temos noção de valor próprio. Se lembrássemos o quanto Deus nos ama e se interessa por nós, se lembrássemos de nossas experiências do passado, de como Deus cuidou de nós, de como nos livrou, não teríamos nenhum motivo para nos sobressaltar com as dificuldades que aparecem eventualmente sobre nós. Quem enfrentou 450 homens e se dispôs fisicamente no bate-boca, inclusive apostando a sua própria vida, não deveria ter medo de um recado mandado por uma mulher. Ele esqueceu que vivera uma experiência muito profunda com Deus. Esquecimento de Deus, esquecimento de seu valor pessoal, esquecimento de que Deus participa de nossas vidas. Você tem no seu passado alguma experiência com Deus? Como Deus lhe falou, como resolveu um problema que parecia insolúvel, como abriu portas que pareciam cerradas? Por que é que você está com medo do problema de agora? Você não tem experiência no passado de ter superado uma crise muito maior? Por que vai ter medo das dificuldades que vem agora? Se em ocasiões pretéritas o cuidado de Deus se manifestou na sua vida deixará de se manifestar no futuro? Quem viveu com Deus nunca pode esquecer o que viveu com ele. Falta de noção de valor, abandono da comunhão com Deus, esquecimento do poder de Deus, de quem era Deus, de quem era ele. Espera aí, quem é Jezabel? “Eu sou um profeta de Deus”, era para ele dizer. “E quem são estes deuses de Jezabel? Não valem nada, não responderam. Aqueles 450 homens ficaram pulando a manhã inteira, ficaram se retalhando com facas de pedra e não conseguiram nada e eu orei e Deus respondeu. Por que é que vou me preocupar com os deuses de Jezabel?”.  Ele não só deixou de valorizar-se a si mesmo como deixou de valorizar a Deus. Quando nos esquecemos de quem é Deus e do quanto ele pode fazer por nós mergulhamos em depressão.

Outro elemento nesta depressão de Elias:  ele estava fora de lugar, numa caverna. Deus foi falar com ele numa caverna, lembram desta história? Ele foi se refugiar numa caverna. Caverna não é lugar de filho de Deus, não é lugar de profeta. Caverna é lugar de coiote, de animal, lugar de fugitivo. E quando Deus o encontra a pergunta é esta: “Que fazes aqui, Elias?”.  É uma reprimenda. Elias como chegaste a este ponto? Este não é teu lugar. Quantas vezes estamos fora de lugar? Escolhemos lugar errado. Vamos para onde não devemos ir. Nos envolvemos com coisas que não deveríamos nos envolver. Assumimos práticas e posturas que não deveríamos assumir. Não vivemos de acordo com os padrões de um filho de Deus e vem depressão. Como eu disse hoje pela manhã, na vida de Amazias, um pé na igreja e um pé no mundo. Esse estilo de vida dúbio, sem dúvida, produz alguma coisa lá dentro, a não ser que seja um hipócrita candidato ao Nobel de hipocrisia. Mas se é uma pessoa com um mínimo de honestidade e integridade, quando se está fora de lugar isso dói. É possível se pensar num crente numa casa de prostituição? É possível se pensar num crente envolvido (grande contribuição de Lula para a língua portuguesa), em maracutaia? Quando estamos fora de lugar, vivendo como não deveríamos viver, fazendo o que não devemos fazer, cultivando amizades que não deveríamos cultivar, com laços de relacionamento que não deveríamos manter, enfiados em cavernas, escondidos, no escuro, em vez de ter uma vida transparente, na luz, então não é muito difícil entrar em depressão. É muito difícil ter valores, descortínio, tirocínio e viver de maneira oposta. O que Elias estava fazendo não era compatível com quem ele era. Quando fazemos coisas que não são compatíveis com o que nós somos, com o caráter que devemos nutrir, ou somos hipócritas renomados, para vivermos tranqüilos, ou sem dúvida isto vai nos trazer uma profunda inquietação e transtorno espiritual e emocional. 

Outro elemento que contribui para a depressão – visão equivocada.

Quando Deus pergunta: “Que fazes aqui Elias?”, ele diz: “Senhor, mataram os teus profetas, derrubaram os teus altares, fiquei só e busco a minha alma”. Espera aí, que confusão!  Não é assim que a gente faz? A gente pega os problemas e soma tudo. Ele somou tudo. Não teve capacidade de colocar um do lado do outro e examinar. Fez quatro afirmações: “mataram os teus profetas”. Que profetas? Não há registro de nenhum profeta morto. “Derrubaram os teus altares”. Que altar? Foi ele quem derrubou o altar dos profetas de Baal. “Eu fiquei só”. Ele não estava só.  Deus lhe mostrou  que haviam sete mil que não haviam dobrado os joelhos diante de Baal. “Buscam a minha alma”. Uma afirmação era verdadeira e três eram falsas. Já notaram como nós somos dramáticos quando temos problemas? Como nós somos enfáticos e como temos a tendência de superdimensionar tudo? A unha encravada nossa dói mais que aquele indivíduo que foi atropelado por um trator. Ele exagerou demais no seu problema e trouxe tudo, um monte de afirmações. Aqui está uma evidência de depressão, a pessoa não tem capacidade de raciocinar, de colocar as coisas lado a lado, examinar. Mas pega tudo e vai misturando e por vezes, afirmações que não são verídicas. Na depressão,  nós não vemos bem. Aliás ninguém pode ver bem quando está enfiado numa caverna. Ninguém pode ver bem no escuro. 

Ninguém pode ver bem quando está exausto e ninguém pode ver bem quando se esquece de Deus. Ele fez isto tudo. Então vem a miopia emocional e junto a miopia espiritual. Precipitação. 

Estas coisas e outras mais causam depressão. Mas eu tenho que ficar com Elias. Vamos parar um pouquinho. Você não está cansado, precisando parar, avaliar a vida? Suas atividades, seu sistema de valores, sua maneira de viver em casa, no trabalho? Não é preciso fazer uma avaliação de como está vivendo? Você tem noção de seu valor pessoal? De seus méritos? Porque tem. Você tem noção de quem é Deus, do quanto ele já fez em sua vida e do quanto pode fazer? Do quanto você pode confiar nele porque ele nunca lhe abandonou, nunca falhou? Você está no lugar certo? Está se lembrando disto? Está vivendo em lugar compatível com o seu caráter com as suas afirmações, com a sua visão de vida? Sua visão de vida está correta ou equivocada? Aí vem esta declaração. “Mataram os teus profetas, derrubaram os teus altares, buscam a minha alma”, e esta oração: “Senhor, tira a minha vida. Porque me é melhor morrer do que viver”. Dois sujeitos pediram para morrer na Bíblia, os dois no Antigo Testamento, dois profetas. O que quer dizer que o fato de ter um título eclesiástico (pastores também podem entrar em depressão) não significa muito.  Elias e Jonas. Jonas pediu a morte de capricho, de rabugice. Era encrenqueiro, mas este aqui pediu a morte porque estava deprimido.

Deixemos a depressão de lado. Vamos à seguinte e última questão: como se supera a depressão. Falo como pastor e não como psicólogo. Creio no poder de Deus, creio que a Bíblia é  Palavra de Deus, creio que Deus ajuda, que Deus intervém, e creio que Deus ouve a oração. Conheço o pensamento de Freud e conheço o ensino de Jesus Cristo. Conheço o pensamento de muitos outros psicólogos e o ensino da Bíblia como Palavra de Deus. Ela tem poder, ela transforma. Então vamos ver na experiência de Elias como sair da depressão.

O que acontece quando estamos na depressão? Como sair? Nós não temos vontade de sair. Nós nos enfiamos em caverna. A depressão dele era tão grande que ele dormiu e dormiu mesmo para ficar lá. Entregou os pontos. Mas o que acontece para sair da depressão? Primeiro: Deus vem ao encontro. Esta é a primeira grande esperança para nós. “Deitou-se e dormiu debaixo do zinco e eis que um anjo o tocou”. Depois o anjo volta a tocá-lo e depois o anjo o empurra para Horebe onde ele vai ouvir a voz de Deus. Foi no Horebe que Moisés ouviu a voz de Deus. É lá que Elias vai ouvir a voz de Deus. Por quarenta dias Moisés esteve no Horebe. Por quarenta dias Elias vai ficar no Horebe. Quando Moisés saiu do Horebe saiu uma pessoa transformada, seu rosto brilhava e quando Elias sair do Horebe sairá também transformado. Para nós a grande mensagem é esta – Deus vem ao encontro daquele que está deprimido. É a graça de Deus.

Quando parece que nada mais serve Deus vem. Por isso nenhuma pessoa deve pensar: Deus esqueceu-se de mim. Porque ele não esquece. Ele busca e quer falar.  Elias estava com fome. Há uma mesa posta. Elias come e volta a dormir. É  preciso o anjo acordá-lo. Ele come de novo e volta a dormir. É  preciso o anjo acordá-lo. Será que é preciso Deus ficar futucando? Mas ele vem ao encontro. Ele vem buscar. Este é o primeiro.

Segundo: ele repreende. O lugar onde Elias está não é lugar para um crente estar. No encontro na caverna esta é a palavra: “O que fazes aqui Elias? Sai daí. Aí não é teu lugar”. Reclamamos da vida, dos irmãos, da esposa, do marido, dos empregados, do governo. O governo é bom pelo menos para a gente poder falar mal. Mas não ouvimos Deus repreender e mostrar o que está errado na nossa vida. Você já parou para examinar as coisas que estão erradas na sua vida e que devem ser mudadas? Que muitas delas podem estar atrapalhando o bom desempenho da sua vida? Que muito de sua frustração pode ser por causa de suas atitudes erradas? Você não ouve a repreensão de Deus. A repreensão não é no tipo de cascudo e de pancada, mas é uma chamada: “Elias, aí não é teu lugar. Como é que um filho meu se enfia aí, Elias? Vamos sair daí”. 

Lembram de Pedro? Ele viu a Jesus. “Senhor, se és tu manda-me ir contigo. Vem Pedro”. E ele foi todo feliz. A  experiência que ninguém teve, andar sobre as águas. Mas de repente, ele parou de olhar para Jesus e passou a olhar para as águas. Quando olhou para as águas deu um frio na barriga e afundou. Não é isto o que acontece? A pessoa pára de olhar para Jesus Cristo e passa a olhar para as águas, passa a olhar para os problemas. Deixa de olhar para Deus e passa a olhar para as contrariedades. Ela almoça aquilo, janta aquilo, lancha aquilo, dorme com aquilo. Olhar posto no lugar errado. Olhamos para a crise, para os problemas em vez de olhar para Deus. Ah, se Elias tivesse olhado para o seu Deus!  Ele olhou para Jezabel. Não é isso o que muito de nós fazemos? Olhamos para a enfermidade, para o desemprego, para o problema em vez de olhar para o autor e consumador da fé. Quando o olhar não está posto no lugar certo, sem dúvida vamos terminar mal. 

Quando criança, no Rio de Janeiro, eu morava perto da linha do trem. Uma brincadeira que gostávamos de fazer era de andar pela linha do trem sem perder o equilíbrio. Descobri logo qual era o segredo:  a gente tinha que olhar para a frente. Olhando para frente e pisando duro, sem olhar para o trilho, a gente consegue andar, mas quando olhava para o pé, caía. Interessante, perde o equilíbrio. É o olhar lá para a frente, para o alto, olhar empinado, não olhar para baixo e deprimido. Pare de olhar para as águas, pare de olhar para baixo, ponha os olhos em Cristo, olhe pra a frente, siga.

Terceiro elemento na recuperação da depressão, o refazimento dos passos.

Elias foi terminar em uma caverna.  Quando Deus o alcançou lá diz: “Vai, volta pelo teu caminho. Volta pelo caminho pelo qual vieste. Não fizeste esta trajetória até aqui? Não te enfiaste aqui? Volta para lá. Tu que chegaste aqui, ninguém te colocou onde tu estás Elias, tu vieste e então volta”. Irmãos, amigos, será que muitos dos problemas não fomos nós que os criamos? Muito da situação que estamos vivenciando não foram os nossos passos que nos levaram até lá? Voltemos. Volta pelo teu caminho.  Sair da caverna e voltar. 

A melhor maneira de resolver um problema é enfrentando-o. Há um mito, não sei de onde surgiu, que a avestruz, quando está ameaçada, enfia a cabeça num buraco na terra. Isto não é verdade. Ela morreria asfixiada se fizesse isso, mas o mito às vezes é real na vida das pessoas. Deus disse: “Elias, tu vai ungir a Eliseu em teu lugar, tu vais fazer isto, e isto.  Eu tenho sete mil que não dobraram o joelho diante de Baal. Elias tu estás com medo? Faz o que eu mando, eu tenho o controle das coisas”. É isto que Deus mostra a Elias:  ele ainda está no controle. Quantas vezes parece que Deus não está mais no controle das coisas porque nós nos desesperamos. Lembro de uma missionária que estava aflita numa aldeia, depois de ensinar tanto aos indígenas. Numa manhã em que ela estava particularmente aflita, um índio parou perto dela e disse assim: “Irmã, o sangue de Jesus Cristo perdeu o poder?”  A missionária sentiu uma profunda vergonha. Ensinava uma coisa e vivia em descompasso, com outra. Cantamos “o sangue de Jesus tem poder”, fazemos estas declarações, ele está no controle, tem tudo nas suas mãos. Por isso devemos nos lembrar de Romanos 8:28. 

Sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.

Mas por que é que eu estou passando por isso? Por que é que Deus não alivia? Quando Jesus lavou os pés de Pedro ele não queria, então Jesus disse assim: “Pedro, o que eu faço tu não o sabe agora mas depois entenderás”. Muitas coisas que Deus faz conosco na hora não entendemos e não é para entender, é para se submeter, depois nós entendemos.

Depressão, frustração, arrasado, sem esperança, nada dá certo, profundamente desalentado, achando que está num beco sem saída e sem possibilidade de retorno, num beco sem saída no trabalho, na vida profissional, no casamento, nos relacionamentos? Escute as palavras de Jesus Cristo: 

Vinde a mim todos vós que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei. Tomais sobre vós o meu jugo e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para as vossas almas, porque o meu julgo é suave e o meu fardo é leve  – Mateus 11:28-30.

E as palavras de Jesus em João 14:1 e 14:27

Não se turbe o vosso coração, crede em Deus, crede também em mim.Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração e nem se atemorize.

Termino com um argumento que já usei várias vezes neste púlpito: o mandamento mais repetido de Jesus. São 487 ordens de Jesus no Novo Testamento e destes o mais repetido é este: “não temas”. Esta é a única coisa proibida ao cristão – temer. Não há motivo para depressão.  Deus pode atuar na sua vida e ele tem mais poder do qualquer um.

Mensagem Pastor Isaltino Gomes Coelho Filho, Igreja Batista do Cambuí, 06/08/2000, Noite

     

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Nos alegraremos com a sua presença. Que Deus o abençoe!