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MULHER FILÉ, MULHER MELANCIA, MULHER PEQUI´¦

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

 

Pastoral do boletim da IB Central de Macapá, 27.2.11

 

 

Ouvia o noticiário, enquanto me arrumava para sair. Ouvi que a “Mulher filé” fora assaltada e agredida. Ignorava esta. Sabia da Mulher melancia, e de outra cuja fruta não guardei. Deve haver mulher pequi (desculpem-me, goianos, mas o cheiro deve ser de doer).

 

Que pobreza! Mas é um quadro de nossa época. O valor da mulher é medido pelo volume de certas partes de seu corpo. E algumas se tornaram ridículas. A tentativa de algumas de terem os lábios de Angelina Jolie produziu mulheres deformadas.

Não sou casado com mulher feia. Pelo contrário. Ano após ano a beleza dela se apura. Digo, de brincadeira (mas de verdade), que a mulher é bonita mesmo após os quarentas. Com vinte todas têm a obrigação de o serem. Mas o tempo mostra a verdadeira beleza. Vinicius de Moraes disse que “as feias que me desculpem, mas beleza é fundamental”. Mas beleza é subjetivo. No filme Os deuses devem estar loucos, o personagem central, um aborígine africano, se choca ao ver uma loira, autêntica beldade de Hollywood. Ela lhe parece descascada. O cabelo é cor de palha. Ela é grande e deve precisar de muita comida para funcionar. Seu critério de beleza difere do de um ocidental.

 

A mídia consegue crescer em mediocridade. Sua pobreza cultural e a moral caminham juntas. Quem fica o dia todo diante da televisão é pouco exigente. É uma indigência cultural que deprime. Coitadas dessas moças cujo único valor são as próteses de silicone. Não sabem articular uma sentença gramatical completa. Seu mérito são as protuberâncias. Mulher melancia, mulher jaca, mulher banana, etc. E quando vier o desgaste natural pelo tempo? Velhice não é doença, praga ou feiúra. É condição. É etapa na vida. A musa Brigite Bardot que enlouquecia os homens nos anos sessentas foi avassalada pelo tempo.

 

Ter boa estética é bom. Somos entes estéticos. Mas se o valor de uma pessoa é o silicone, ela é muito pobre. Mas há algo duradouro e não desgastável: o caráter. Por isso pergunto: “E a mulher caráter”? Sumiu, o que não é de se estranhar numa sociedade materialista e sensual como a nossa. A ética foi substituída pela estética. Caráter não importa. Importam os sentidos. A mulher foi coisificada e virou uma peça de carne pendurada num açougue chamado “Exibicionismo”, aplaudida por erotizados.

 

Beleza é uma coisa. Cuidar do corpo também. Cultuá-lo é pobreza. Um dos personagens que fez Tarzan morreu louco. Perdeu o papel ao envelhecer. Mas caráter cultivado e valorizado não se perde.

 

O animal é o seu corpo. O homem tem o seu corpo. Você é mais que corpo.  É alma também. E viverá após o corpo voltar ao pó. Cuide da alma com mais zelo. Vale a pena.

 

 

 

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