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junho 2006

Serviço cristão, fardo ou alegria?

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Serviço Cristão, Fardo Ou Alegria?

            Falei, em junho, aos pastores de Rondônia sobre espiritualidade contemporânea, tema que apresentara aos pastores de S. Paulo e seminaristas de Teresina, ano passado. Preparei uma apostila que modifico a cada apresentação, acrescentando idéias que maturo,  e outras surgidas após as apresentações. Mantive um ponto, para mim inarredável. Disse que muitas vezes um jovem se chega a mim e diz que acha que é chamado para o ministério, mas não tem convicção. Ou teme dizer “sim” a Deus. No primeiro caso, digo que ele não é chamado. Se fosse sua convicção seria inabalável. No segundo, que ele não deve entrar no ministério. Pode ser que Deus o tenha chamado, use-o poderosamente, mas se não tem convicção e se teme, não deve entrar no ministério pastoral. Um vocacionado deve ser convicto, disposto, e servir com alegria, sem medo. Figuras patéticas (“não sei se sou ou se não sou, não sei se quero ou se não quero”) não inspiram muita confiança.
            Muitas vezes usam Jonas em oposição ao que afirmo. A idéia é esta: alguém tinha uma vida economicamente segura, e Deus a chamou para o ministério oferecendo-lhe insegurança e sofrimento (e citam Jeremias). Então, a pessoa lutou muito com Deus para aceitar o chamado. Esta não é a história de Jonas. E o uso de Jeremias é uma injustiça com este gigante (erradamente chamado de “chorão”) e com Deus, que não nos chama para a desgraça. Deus não  chamou Jonas para ser profeta, em seu livro. Ele  já o era (2Rs 14.25). Ele recusou pregar aos seus inimigos. As pessoas gostam do dramático, mas insisto em que um vocacionado se sente jubiloso em ser vocacionado. Um obreiro realizado não troca a condição de obreiro de Jesus por nada, mesmo que coisas ruins lhe sucedam.
            O serviço cristão deve ser feito com alegria, não por obrigação ou em frustração. Isaías mostrou prontidão diante de Deus. Os doze apóstolos, sem exceção, deram a vida por Jesus. Também foi assim com Paulo. Um convertido tem desejo de servir, quer ser útil. A  pergunta de Paulo, alcançado por Jesus, mostra isto: “Senhor, o que devo fazer?” (At 22.9). Quem foi alcançado pela graça e pelo poder de Jesus quer fazer alguma coisa por ele. O ex-endemoninhado gadareno queria ir com Jesus: “Me deixe ir com o senhor!” (Mc 5.17). Queria ser-lhe útil. O Salvador lhe ordenou voltar para os seus e lhes dizer o que ele fizera na sua vida. Diz Marcos: “Então ele foi embora e contava, na região das Dez Cidades, o que Jesus tinha feito por ele. E todos ficavam admirados” (5.20). Um convertido quer ser útil e fala com alegria do que houve na sua vida.
Há “pesos mortos” em nossas igrejas. Pessoas que querem ser servidas, que todos as papariquem e lhes sirvam, e outras que pouca importância dão para o reino de Deus. Sem pretender ser o dono do Reino, sou impelido a descrer da conversão de tantas pessoas para quem o destino dos sem Cristo e as carências do Reino e de sua igreja local nada significam. É me difícil pensar num convertido apático, indiferente à causa de Jesus. As pessoas que só pensam em receber, ser abençoadas, e acham que Deus, a igreja e os irmãos lhe devem, devem avaliar seus conceitos. Se uma pessoa chamada para o ministério deve ser apaixonada pelo que faz e prefere fazer isto a qualquer outra atividade, quem é convertido quer ser útil a Jesus e à sua igreja. “O amor de Cristo nos constrange”, diz Paulo. Quem conheceu o amor de Cristo quer ser útil a ele. Mais que tudo.
            A gênese do serviço a Cristo é um coração grato, reconhecido ao Salvador pela sua bondade, e desejo de que outros experimentem o mesmo. Onde há conversão deve haver gratidão. E a gratidão se mostra numa vida dedicada a serviço do Mestre. É o seu caso?

            Isaltino Gomes Coelho Filho

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