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Sanguessugas Evangélicas

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Sanguessugas Evangélicas

            A sanguessuga é um verme que se alimenta de sangue. O termo também é usado para uma pessoa que explora outra. No nosso cenário, se aplica a bandidos que superfaturaram recursos federais da ordem de cerca de R$ 110.000.000,0 na compra de ambulâncias. Os políticos que incluíam a verba no orçamento para compra das viaturas recebiam comissões que variavam de 10 a 15%. Quase 500 prefeituras estão envolvidas. Mais um dos muitos escândalos no Brasil. Isto enoja até quem já se acostumou com a falta de caráter que grassa no país. Como dá trambiqueiro no Brasil!

            O pior é que dos 90 suspeitos, 28 são evangélicos.  Entre eles, bispos e pastores. Um já é conhecido, pois Roberto Jefferson o apontou como mensaleiro, na célebre fala que derrubou José Dirceu. Um outro recebeu uma BMW. Tais homens são uma desgraça para o evangelho. Tempos atrás, Márcio Moreira Alves, ao criticar o Centrão, bloco envolvido com trapalhadas financeiras, com vários evangélicos, declarou que “a bancada evangélica não exala um odor de santidade”. Onde há roubalheira há políticos evangélicos.

            Aos 16 anos eu trabalhava numa revistana rua 7 de Setembro, no Rio. Numa noite roubaram o cofre da empresa e a polícia investigou o assunto todo o dia seguinte. À tarde, eu quis sair (estudava) e um policial me impediu, dizendo que ninguém sairia, pois todos eram suspeitos. Um investigador disse: “Deixa o menino ir, ele é crente. Crente não faz isso”. Fui liberado. Não por mim, pois era um menino, mas porque os crentes eram tidos como gente séria.

            Hoje somos “evangélicos” e jogaram nosso nome na lama. Alguns reclamaram porque os ladrões evangélicos (isto é uma contradição) foram apresentados como tais, mas não se disse a religião dos outros. E os católicos, e os ateus, e os espíritas? Ora, não é esta a questão! A questão é que picaretas se infiltraram em nossas igrejas, se apossaram de nosso nome e o arrastaram para páginas policiais. Nós temos culpa! Elegemos gente sem caráter porque em muitas igrejas os crentes não pensam. Votam em quem o pastor ou o dono da seita manda. Quando fui pastor em Manaus, um sujeito me ofereceu R$ 5.000,00 para apoiá-lo do púlpito. Disse–lhe que eu e meu púlpito não estávamos à venda e lhe pedi que saísse do meu gabinete.

            Temos culpa porque mudamos nossa pregação. Não falamos mais de santidade, mas de prosperidade. Não pregamos integridade e nossos deveres como filhos da luz, mas nossos pretensos direitos e o que Deus nos deve. A pregação neopentecostal é uma enxurrada de palavras de ordem (“Você nasceu para ser feliz”, “Deus prometeu deixar todos nós ricos”, e outras tolices). Muitos membros de igreja não querem compromisso, apenas bênção. Os 318 de Abraão, que foram libertar Ló e recuperar suas riquezas, têm mais espaço nas pregações que os 12 de Jesus (com Matias no lugar de Judas), martirizados pela sua fé. Muitas pregações soam mais a Lair Ribeiro que a Jesus. Dizia o Pr. Oscar Martin: “Quer matar um crente? Chute sua carteira”. Quer atrair gente para sua igreja? Diga que Deus vai encher sua carteira. De lugar de pessoas sérias, buscando Deus e querendo melhorar seu caráter, muitas igrejas se tornaram covis de salteadores. Assim temos ladrões de dinheiro público, entre nós.
            Precisamos falar menos de riquezas e mais de caráter. Menos dos bens de Abraão e mais da cruz. Devemos ser mais exigentes. Jesus chama a todos. Mas quem vem a ele deve se arrepender de seus pecados e viver uma vida honesta. Só pode ser membro da igreja de Jesus quem seja regenerado e feito nova criatura.

            Chega de escândalos! Precisamos de uma profunda reforma, não de cosmética. De uma nova Reforma, que enfatize a salvação pela graça por meio da fé e o andar com Jesus em uma vida piedosa. Chega de picaretas! Precisamos de santos! E lembre-se: não vote em picaretas!

            Isaltino Gomes Coelho Filho

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