Lições de uma ovelhinha distraída…
Vinha sendo uma terça-feira cheia. De manhã cedo fora ao escritório de uma senhora da igreja para orar com ela. De lá, fui a Conchal, a 90 km de Campinas, para visitas a pessoas interessadas no evangelho, com vistas à implantação da Missão Batista naquela cidade. De volta, atendera duas pessoas na igreja, e esperava Meacir para visitarmos uma senhora que fora cirurgiada. Eis que me vem uma ovelhinha, puxando dos pés. Pareciam machucados. Pergunto em bom paulistês: “Que foi isso, fia?” (paulista que se preza não fala “filha”). Machucara os pés? Não, era o corpo todo. Fora à praia e estava queimada, não bronzeada. Perguntei se não usara um bom filtro solar. Usara, mas com prazo de validade vencido. Surpreendi-me. Não reparara que filtros solares têm prazo de validade. Mas o da ovelhinha querida vencera. E, pasmem, em 2003. Tinha que estar torrada. O cansaço que começava a aparecer foi substituído por risadas. Principalmente porque outra ovelhinha, que usara filtro solar com prazo certo, “tirou uma casquinha”. Pediu: “Faz uma pastoral sobre ela, pastor!”. Aliás, devo a esta ovelha zombeteira o tema de hoje. Um dia farei uma pastoral sobre ovelhas escarnecedoras… Fiquemos com a ovelha tostada.
Vez por outra fazemos uma faxina nos produtos e medicamentos lá em casa, verificando prazo de validade. Levamos isto a sério. Se o prazo venceu, jogamos fora. Não importa o preço do produto. Principalmente remédios. Enlatados com prazo vencido também são descartados. A ovelhinha esqueceu este pormenor. Tadinha… Estava desconfortada. Acho que não usará mais nada com prazo de validade vencido.
Há gente com prazo de espiritualidade vencido. Há muito tempo que não lê a Bíblia, assim a leitura de meses atrás perdeu o valor. É incapaz de alimentá-lo. A Bíblia deve ser lida todos os dias. Leitura de quatro, cinco dias ou um mês atrás, perdeu muito do efeito. Há gente com oração vencida. Não ora há muito tempo. Até mesmo nas orações públicas, a mente vagueia e assim perde a comunhão com o Senhor. Oração e leitura da Bíblia vencidas produzem a enfermidade chamada raquitismo espiritual. O amor do Senhor nunca é vencido: “O amor do Senhor Deus não se acaba, e a sua bondade não tem fim. Esse amor e essa bondade são novos todas as manhãs” (Lm 3.22-23). O amor divino não tem prazo de validade. Por que nossas manifestações de amor e de gratidão teriam fim? Devem, da mesma maneira, ser renovadas todas as manhãs.
Há gente com prazo de dedicação a Deus vencido. Há quem diga: “Fiz isso, fiz aquilo, trabalhei muito”. E hoje? Que serviço mostra? Há dizimistas com prazo vencido. Contribuíram uma vez, não sei quando, e se esqueceram que o cuidado divino se renova a cada manhã e que Deus não deixa prazo de validade para conosco vencer. Suas bênçãos não cessam. Só a resposta de muitos de nós é que tem prazo de validade.
Há gente com prazo de validade de freqüência aos cultos vencida. Este é meu sétimo ano no Cambuí. Quando tinha uns quatro meses, uma pessoa veio ao culto, sentou-se junto a outra e perguntou: “Quem é esse homem?”. Informada de que eu era o pastor da igreja, perguntou: “A igreja já tem pastor?”. Eu fora convidado sete meses atrás. Prazo de validade de freqüência aos cultos deixa desinformado. E espiritualmente frio. Produz raquitismo espiritual, também. “Não abandonemos, com alguns estão fazendo, o costume de assistir às nossas reuniões” (Hb 10.25).
Você está dentro do prazo válido, funcionando? Cuidado, não seja descuidado. Com prazo de validade espiritual vencido, você não ficará assado, mas frio. Isso não é bom.
Isaltino Gomes Coelho Filho