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Anorexia Espiritual

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Anorexia Espiritual

            Um irmão em Cristo, amigo desde Manaus, hoje morando em S. Paulo, escreve-me comentando a pastoral “Lições de uma ovelhinha distraída”, onde falei de raquitismo espiritual. Pede-me para falar de “anorexia espiritual”. Engendrei alguns pensamentos. Mas meu amigo é um pensador de grande capacidade analítica. Faz ponderações tão sensatas, que para escrever sobre o assunto, eu o plagiaria.

            Veja-se esta citação sua, na mensagem enviada: “Ultimamente falou-se muito da anorexia. Aproveito para sugerir que o caro amigo escrevesse algo sobre a ‘anorexia espiritual’, uma enfermidade que acomete muitos crentes hoje e que se principia na adolescência da caminhada cristã e às vezes vem acompanhada de ‘bulimia espiritual’. A anorexia espiritual não só atinge as mulheres, mas igualmente os homens. Temos notado que as próprias igrejas batistas, em grande parte, consideram secundário o ensino bíblico.  O comprometimento com Deus e a sua Palavra tornou-se também secundário. A situação da EBD é assaz preocupante e na maioria das igrejas, nem mais existe a Escola de Crescimento Cristão; as neopentecostalizantes acabam eliminando a EBD, sendo substituídas por mensagens positivistas e por músicas e orações meio de auto-ajuda, auto-reconciliação e auto-aceitação. O precioso alimento, portanto,  é retirado de circulação. Sem recomendação bíblica ou da Palavra de Deus, adota-se uma dieta restritiva e aparentemente inocente para se perder aqueles ‘quilinhos’ que atrapalham a aparência exterior, além da prescrição de ‘laxantes’, como água benta ou benzida, óleo ungido, oração poderosa e que tais, deflagrando em pouco tempo a recusa sistemática do paciente em alimentar-se. Quando é ingerido um alimento sólido,  o paciente ‘vomita no vaso sanitário da vida’. Assim, muitas igrejas corroboram para que os crentes sejam ‘esbeltos’ na aparência e submissos à palavra do líder”.

            É verdade. Há crentes que fogem do estudo bíblico e querem apenas movimento e programas especiais. Seu conhecimento bíblico é epidérmico. Sua fé são sensações. Sua religiosidade é como a do movimento nova era: uma colcha de retalhos de pensamentos ocos e sensações pessoais desconectadas da visão bíblica.

Isto traz duas conseqüências. Uma: enfraquece o próprio crente. Como o pessoal hoje é frágil e cai facilmente! Parece-se com eucalipto: altura elevada, mas sem raiz. Os ventos fortes derrubam. Outra: enfraquece a Igreja. Como há “evangélicos” hoje! Eles “declaram”, “amarram”, “reivindicam”, “tomam posse”, e são irrelevantes para o mundo. Não o marcam. Um cristianismo anoréxico produz uma fé fútil, que nada mais é que vaga sensação ou sentimentos dispersos, que não transformam o mundo.

A anorexia é a rejeição de alimento. Uma pessoa, com desdém, disse que não ficaria na nossa Igreja porque enfatizávamos a Bíblia e ela queria testemunhos e experiências. Disse-lhe que, respeitosamente, agradecia sua ida. Não era a pessoa que eu desejava ter na igreja como Deus tem me mostrado que ela deve ser formatada.

O amigo narra uma experiência de sua ex-igreja: “O ex-pastor batista ***, que subscreve como ‘paipóstolo’, quando pastoreava a Igreja Batista  ***, tinha a pretensão de acabar com a EBD, e assim, deixando a manhã livre para cada família fazer o que bem entendesse, por exemplo, ir à praia, reunir a família, etc. Antes mesmo da cisão, muitos membros e congregados já demonstravam estar com anorexia espiritual”. Ou seja, a falta de apetite acabou trazendo uma catástrofe. Anoréxico foge de igreja.

            Eis seu final: “Hoje, uma classe em extinção é a dos bereanos”. Se algum anoréxico não sabe que classe é esta, leia Atos 17.10-11. E mais não digo porque meu amigo já disse. Apenas o secundei.

            Isaltino Gomes Coelho Filho

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