Acabou o Limbo
Não é polêmica rasteira, pois não é meu feitio. Li na Internet: “O Vaticano publicou ontem um documento afirmando haver base para a ‘esperança de que as crianças não batizadas sejam salvas’ – ou seja, há boas razões para crer na salvação dos pequenos que morrem antes de receber o batismo”. Diz o documento: “o mais provável é que o limbo não exista”.
O limbo foi incorporado aos ensinos da Igreja Católica no século 13. É o lugar para onde vão as crianças que morrem antes de receber o batismo. Lá não haveria sofrimento, pois a criança não foi condenada, mas também não é o paraíso, que implica a comunhão com Deus. Sua criação foi para resolver um problema. Se o batismo salva, o que seria das crianças não batizadas? Um bebê é tão bonitinho, tão inocente! Como condená-lo?
Para os batistas isto não é problema. Não cremos que o batismo salva. Ele mostra a salvação, mas não a causa. É conseqüência da salvação, que vem pela fé em Cristo. “Enquanto estavam viajando, chegaram a um lugar onde havia água. Então o funcionário disse: – Veja! Aqui tem água. Será que eu não posso ser batizado? Filipe respondeu: – Se o senhor crê de todo o coração, é claro que pode. E o funcionário disse: – Sim, eu creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus” (At 8.36-37). O batismo é para quem crê. Um bebê não crê.
Cremos no pecado original. Nascemos pecadores – “De fato, tenho sido mau desde que nasci; tenho sido pecador desde o dia em que fui concebido” (Sl 51.5). Mas pecar é um ato volitivo, da vontade. Um bebê ainda não tem razão para fazer opções. Seu pecado nato é beneficiado pela obra de Cristo. Diz o teólogo Erickson, sobre criancinhas: “Parece que nosso Senhor não os considerou basicamente pecadores e culpados. Aliás, ele os tinha como exemplo do tipo de pessoa que herdará o reino de Deus (Mt 18.3; 19.14). Davi confiava que voltaria a ver o filho que havia morrido (2Sm 12.23). Considerando esses pontos, é difícil sustentar que as crianças devam ser consideradas pecadoras, condenadas e perdidas”.
As mudanças na Igreja Católica são lentas. Ela se afastou da Bíblia, tomou posições erradas, e precisa retornar às Escrituras. Na apostila de Teologia Sistemática II, que estudamos na EBD, no tópico “A doutrina da salvação”, há esta declaração: “Terminando com uma disputa que durou mais de quatro séculos, oficiais católicos romanos e luteranos anunciaram hoje um acordo sobre o significado da salvação. Através do acordo, os dois lados concordaram com ‘as verdades básicas’ do que os teólogos chamam de ‘justificação’, que é o modo através do qual os humanos alcançam a salvação. Para os luteranos, ela depende da graça de Deus, enquanto os católicos defendem que as boas ações também estão envolvidas. Com a declaração, católicos e luteranos concordaram que o perdão divino e a salvação vêm ‘exclusivamente da graça de Deus’ e que as boas ações fluem disso” (Estadão, 11.6.99). Roma aceitou que Lutero estava certo!
Segue a apostila: “A nota é profundamente significativa. Resta saber se realmente a Igreja Católica abandonará todo o seu ‘arsenal’ espiritual e religioso ajuntado durante séculos de desvios, antes desta declaração, ao seu conceito de salvação. Se este procedimento for adotado, então se poderá pensar que mudanças acontecerão dentro do catolicismo”. Que Roma assuma as conseqüências de dizer que a salvação é pela fé em Jesus Cristo, que o batismo é para quem crê, e volte mais à doutrina bíblica. Aí terá mudado.
Nós ficamos onde sempre estivemos. Não precisamos abrir mão de nossas posições. Estão corretas. Prova disto são as mudanças no catolicismo. Que continuem.
Isaltino Gomes Coelho Filho