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Visão Correta

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Visão Correta

 

 

            “Um homem chamado Jesus Cristo”, de John Piper, é riquíssimo em conteúdo. Um de seus capítulos é comovente: “A riqueza encarnada da compaixão de Deus – Jesus Cristo”. Piper mostra a forma misericordiosa com que Jesus tratava os sofredores. Alista e comenta o mendigo cego, a viúva que perdera o filho único, o endemoninhado, sua compaixão pela multidão, e mostra que Jesus encarna a misericórdia, o hesed, de Deus.

 

              O capítulo seguinte se intitula “O lado austero – a severidade de Jesus Cristo”. É instrutivo e oportuno. As pessoas querem um Deus bondoso, terno, que lhes dê tudo, compreenda tudo, aceite tudo, passe a mão pela cabeça de todos e nada exija. Assino uma revista secular que traz entrevistas na última página. Geralmente as pessoas me são desconhecidas. Ou a revista as superdimensiona ou eu sou inculto e nada sei sobre elas, importantes para merecer atenção de revista nacional. Esta hipótese me agrada. Um entrevistado, indagado sobre religião, disse: “O que há de bom em cada uma”. Não tem nenhuma, mas pinça o que elas podem oferecer. As pessoas querem um deus (minúsculo) amoldado a elas. Elas são o referencial e a divindade deve ser do seu tamanho. Por isso, o capítulo de Piper sobre a severidade de Jesus é oportuno.  

            Busca-se hoje um Jesus mais humano (?) e uma igreja mais humana (?). Por mais humano entenda-se mais condescendente com o erro, que feche os olhos às mazelas humanas, que aceite todo tipo de comportamento. Cada vez que o Papa se posiciona contra homossexualismo, divórcio, aborto, por exemplo, a mídia diz que a Igreja está contra o povo, que ela deve se atualizar e amoldar aos novos tempos. Também há vozes assim em nosso meio, quando afirmamos nossos princípios. Para muitos, as igrejas devem ser uma espécie de ONG de auto-ajuda, apenas auxiliando as pessoas a conviverem com seus pecados. A tarefa da igreja é torná-las felizes, dizendo-lhes que não são culpadas de nada.

 

            Voltemos a Piper e a severidade de Jesus. Diz ele: “Se Jesus se adaptasse ao mundo, ele teria pouca utilidade. O esforço de refazer o Jesus da Bíblia para que ele se adapte ao espírito de uma geração o tornaria fraco na geração seguinte” (p. 83). É verdade. Um Jesus maleável, de acordo com o espírito da época, e uma igreja serviçal do mundo no sentido de ajudá-lo a conviver com seus erros, cuja preocupação fosse tornar as pessoas felizes, perderia a razão de ser. Continuando seus argumentos, Piper mostra como Jesus falou de inferno e de condenação. Mas a cultura presente conseguiu fazer dele um Jesus meloso. Dizem que “avó é mãe com açúcar”. Fazem de Jesus uma superavó.

 

            A igreja não existe para tornar as pessoas felizes. Existe para anunciar os atos de Deus na história e na pessoa de Jesus Cristo. Para chamar as pessoas a crerem em Jesus, tendo-o como Senhor, não como um subordinado bajulador, em suas vidas. Ela tem padrões e os mantém. Sua mensagem, desde seu primeiro sermão, é esta: “Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para que os seus pecados sejam perdoados, e vocês receberão de Deus o Espírito Santo” (At 2.38).

 

            Massificados pela mídia mundana, esmagados pelo “politicamente correto”, somos chamados a massagear o ego de pessoas que nada querem com Deus. Haverá tempo em que afirmar nossas posições será considerado como crime. Tudo bem. Já foi assim no passado. E foi um bom tempo para a igreja. Mas ela não correrá risco porque terá a visão correta. Enfrentará incompreensões do mundo, mas Deus a guardará. Mas se tiver a visão do mundo, morrerá. Porque terá a visão errada.

 

Tenhamos a visão correta.

 

 Isaltino Gomes Coelho Filho 

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