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Pastores e Lobos; Ovelhas e Bodes

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Pastores e Lobos; Ovelhas e Bodes

 

                Duas pessoas amigas me enviaram uma mensagem intitulada “Pastores e lobos”, mostrando as diferenças entre o realmente pastor e o que é um lobo e se aproveita do rebanho. Sei que as duas não quiseram me enquadrar como lobo. Elas me conhecem, sabem de minha vida ministerial, respeitam-me e damo-nos bem. Foi para uma reflexão necessária, e até um desabafo delas, com tantos aproveitadores.

                A ambas, respeitosamente, disse que não via como carapuça, mas gostaria de mostrar outro aspecto.  Gostaria que alguém escrevesse sobre “ovelhas e bodes”. Pois assim como há lobos disfarçados de pastores, há bodes mascarados de ovelhas. Ovelhas são dóceis, dão lã e seguem o líder. São úteis e boas de se trabalhar. Bodes dão marrada, cheiram mal, alimentam-se até de lixo, e embora tenham utilidade, são problemáticos. Não sou uma autoridade “bodal” e talvez falhe na análise do bode, mas peguei carona na palavra de um pastor que ofendido por um membro da sua igreja (chamam a isso de “confrontar”) que alegou que não tinha pastor, e que ele nunca fora um pastor para ele, respondeu-lhe calmamente: “Mas você não é ovelha; você é bode. Você dá marradas para não ser guiado”. Alguma autoridade em vida caprina poderá destacar as virtudes do bode, mas é neste contexto que falo.

                Deus é testemunha do que falo: se eu fosse Deus (por favor, isto é retórica) não chamaria um sujeito como eu para o ministério. Não sou digno do ministério. Não estou só. Paulo não se achava digno de ser apóstolo. Perseguira a igreja de Deus. Eu não sou digno pelas minhas falhas. O pastor que me batizou,  Pr. Falcão, em entrevista a uma finada revista denominacional, declarou, nos anos sessentas, na minha adolescência: “As minhas limitações me frustram”. As minhas me arrasam. Mas também uso as palavras de Paulo: “Pela graça de Deus sou o que sou”. E me escoro nas palavras de Deus a ele: “A minha graça te basta”. Pela graça de Deus sou pastor. Só por ela. Isto basta.

                Mas e o bode? É aquele crente marrento, que pula de igreja em igreja, sempre criticando os irmãos. Sempre vendo defeitos nas igrejas. Sempre reclamando e nada fazendo para melhorar. É mestre em apedrejar. Não constrói. Chega a uma igreja e parece carro queimando óleo e com escapamento aberto. Faz um barulhão danado, mas andar que é bom, nada. Faz movimento, agita, tem seus projetos personalistas (o bode gosta de “eu” e “meu”, não de “nós” e “nosso”), tumultua, cria problemas, depois vai agitar em outro lugar. Não pára em igreja alguma. Pondo-se na balança o que ele fez de bom pesa menos que borboleta.

                O bode é o crente não dizimista, que combate o dízimo, mas tem todas as soluções para a vida financeira da igreja. Que critica a liderança, mas não se qualifica para exercê-la. Que vê as falhas dos irmãos, mas não ora por eles, nem se solidariza nos momentos difíceis. Que se alheia e não se envolve. É assistente e não participante. Desfruta, mas não investe. Ovelha dá prazer. Bode traz dor.

            Deus é testemunha. Peço diariamente que ele me torne digno de ser pastor. Sem falsa espiritualidade, já chorei pedindo-lhe que me faça uma pessoa melhor, um homem melhor, um pastor melhor. Minhas limitações me arrasam. Quero ser pastor, não lobo.

                Cada ovelha deve pedir todos os dias a Deus que não a deixe ser bode. Que seja pessoa apascentável, e não elemento desagregador. Muito pastor dará contas a Deus de sua “lobice”.  Isto me atemoriza. E muitas ovelhas darão contas a Deus de sua “bodice”. Se você se julga ovelha, seja uma ovelha, não um bode. E ore por mim e pelos demais pastores, para que sejamos PASTORES. E seja OVELHA.

 

Isaltino Gomes Coelho Filho

 

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