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Não É Que Sou Luterano?

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Não É Que Sou Luterano?

 

            Preciso explicar bem, porque há gente que procura pelo em ovo. Há gente que cheira à fogueira! Alguns questionamentos que recebo por causa do que escrevo me deixam a dúvida: a pessoa é limitada ou é ranheta? Espere até o fim para saber o porquê do título.

            Dia 1 de janeiro Meacir e eu chegamos à igreja às dez  e meia. Vim fazer a pastoral de 6 de janeiro (“O mês do deus Janus”) e as comunicações, e ela, as ordens de culto. O tempo correu e decidimos almoçar na igreja. Sobrara muita comida da ceia de vigília. Comíamos na minha sala. Ela lia o Novo Testamento Judaico, que eu lhe elogiara. Eu lia Paixão pela verdade – a coerência intelectual do evangelicalismo, de McGrath.  Êta livro bom!

            Cheguei ao capítulo 2: “A autoridade da Escritura”. O autor começa com a frase de Lutero na Dieta de Worms, em 1518, que rachou o catolicismo, fazendo surgir o protestantismo luterano: “Minha consciência é cativa da Palavra de Deus”. Em magnífico discurso, Lutero rejeitou a tradição da igreja, documentos papais, toda a autoridade humana, e pediu que mostrassem seus erros dentro da Bíblia. Ela deve reger a igreja.

            A seguir, McGrath cita um trecho da Confissão de Westminster, documento protestante:

 

            “Todo o conselho de Deus, com respeito a todas as coisas necessárias para a sua glória, a salvação do homem, a fé a vida, ou está expressamente colocado na Escritura, ou, por ser uma boa e necessária conseqüência, pode ser deduzido da Escritura, à qual nada em tempo nenhum deverá ser acrescentado, quer por novas revelações do Espírito, ou por tradições de homens” (itálico meu).

 

            Esta é uma das pilastras teológicas da Reforma, herança nossa: a suficiência da Bíblia como Palavra de Deus. É o famoso Sola Scriptura (“Só a Escritura”).

            Isto não significa que somos “uma religião de um livro” e sim que nossa fé se centra na pessoa e obra de Jesus Cristo, como revelado na Escritura. O único Jesus digno de fé é o mostrado na Bíblia. Mais uma vez cito Lutero: “a Escritura são as faixas em que Cristo foi envolvido e a manjedoura em que foi colocado”. Nossa fé se baseia no ensino da Bíblia, não em alegadas revelações do Espírito ou de anjos. O tema central de nossa fé é o Jesus Cristo da Bíblia, bem descrito nas palavras de Paulo: “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; que foi sepultado; que foi ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1Co 15.3-4).

            O Novo Testamento é o único documento capaz de nos dar uma visão correta da pessoa de Jesus. E Jesus Cristo são os óculos pelos quais devemos ler o Novo Testamento e toda a Bíblia.

            Entendeu o título? Assumo as expressões de Lutero: Sola Gratia, Sola Fidei, Sola Scriptura, Solus Christus (Só a graça, Só a fé, Só a Escritura, Só Cristo). Devemos abraçar estes princípios básicos da Reforma Protestante, berço de nossa origem histórica. Não precisamos de gurus, novas revelações e mensagens de anjos. Qualquer revelação que venha deve ser rechaçada: “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema” (Gl 1.8).

            Nada além de Jesus Cristo. Nada além do Jesus Cristo do Novo Testamento.  Seja nossa consciência cativa da Palavra de Deus. Seja nossa vida cativa de Jesus.

 

Isaltino Gomes Coelho Filho

 

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