Cuidado com as vacas!
Ouvi, em Brasília, uma mensagem do pastor presbiteriano Wadislau Gomes, gente finíssima. Conheci-o em Jaú. Pastor em Bauru, assumi interinamente a PIB de Jaú, onde ele pastoreava a Igreja Presbiteriana. Revimo-nos em Brasília. Mas deixemos as reminiscências e vamos ao que interessa.
Wadislau falou de um menino que ficou encantado vendo o pai, agricultor, fazer um sulco bem reto com o arado. Quis imitá-lo. O pai lhe deu o arado e orientou: “Olhe para algo do outro lado do campo como alvo. Vá em sua direção. O traçado será reto”. E se ausentou. Na volta viu um sulco sinuoso, trabalho horrível. Perguntou ao filho como fizera aquilo, e porque não fixara um alvo. O garoto disse que fixara. E mostrou uma vaca a pastar do outro lado.
É preciso ter um alvo para onde caminhar na vida. Há pessoas de vidas bagunçadas. Não têm propósito. Seguem ao léu. Seu alvo é como o do menino. Têm poucas expectativas e se satisfazem com pouco, mas geralmente se frustram. Desperdiçam a vida. Cabe-lhes uma citação de Benét: “A vida não se perde na morte! Perde-se a cada minuto, com os dias monótonos, no desinteresse mesquinho e múltiplo”. Para muitos, a vida passa sem nada proveitoso. Quantas horas uma pessoa perde, passivamente, vendo televisão! Alguns dizem que “estão matando o tempo”. Não “matamos o tempo”. Ele nos mata. Quem não tem rumo mingua cada dia.
Disse Elton Trueblood: “Grande parte de nosso fracasso reside agora no fato de que não temos ideal”. É mesmo. Muitos vivem em função de coisas, de bugigangas eletrônicas, carros luxuosos que os vizinhos não possuem, ou copiando modelos de roupas e expressões da moda, para aparentar sucesso. Um estilo de vida pobre que não satisfaz. Estas coisas não dão significado à nossa vida.
Em nosso tempo, cada um faz seu padrão de felicidade (sem achar). Assim se cai na futilidade. Li esta “pérola” na entrevista de um ator endeusado pela mídia: “Esse eu não sei nem quem é, cumpadi. Não tenho nem idéia de quem o Machado de Assis é. Eu não leio nada e não faço questão de ler”. Vimos o endeusamento de uma atriz falecida há pouco, cujo brilho era dizer palavrão, o que não requer nenhum talento. Qualquer grosseirão pode fazer isto. A atriz dava pena, em sua decadência tolerada pelos áulicos.
Alvos errados não saciam a alma. Andrew Trawick, missionário americano, pregando em nossa igreja, citou o roqueiro Curt Kobain, que com menos de trinta anos, admirado, rico, cercado de mulheres bonitas, suicidou-se. Disse William James: “A grande utilidade da vida é gastá-la em algo que a ela sobreviva”. A vida egocentrada produz frustração.
Disse ainda Trawick que os evangelhos não mostram Jesus dominado por um único pensamento egoísta ou pondo-se como o centro de sua vida. E foi um homem realizado. Além de ser o homem para os outros, foi o homem para Deus: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e concluir a sua obra” (Jo 4.34).
Firme bem seu alvo. Lembre de Hebreus 12.1-2: “Uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé”. Cuidado com as vacas. Tenha Jesus como seu alvo. Você terá uma vida rica.
Isaltino Gomes Coelho Filho