Pular para o conteúdo

A Postura de um Bom Professor de Escola Bíblica Dominical

  • por

A Postura de um Bom Professor de Escola Bíblica Dominical

 

Uma análise da atitude de João Batista num momento de dúvida dos discípulos

Com base no texto de João 3.26-31

Preparado pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho para o Encontro com os Professores da EBD da Igreja Batista em Lindóia, Curitiba, PR, dia 30 de novembro de 2008.

 

 

INTRODUÇÃO

Era um fenômeno comum no mundo antigo, um homem de certa proeminência arregimentar pessoas ao seu redor. No AT, foi assim com Elias e depois com Eliseu.  Amós disse que não era “filho de profeta”  (ben nabhi, expressão técnica para designar jovens que caminhavam com um profeta, aprendendo dele), mostrando que não era de uma classe existente. A relação entre eles era a de professor e de aluno. João possuía discípulos. Era uma espécie de professor com alunos em sua volta. O presente episódio mostra seu procedimento em um momento particular. Aprendamos dele.

 

O CONTEXTO

João aglutinara alunos ao redor de si, mas um novo mestre se levantara e crescia mais que João e o ofuscava. Seus seguidores se incomodaram. “Foram ter com ele” (mais de um, demonstrando que a questão assumira vulto e fora comentada por algumas pessoas). Transparecem ciúme e inveja na palavra dos discípulos de João e poderia se pensar em uma atitude deles no tipo “Vamos ver o que ele sente nesta hora”. A resposta de João nos orienta sobre a boa postura de um professor. Deve ser um modelo de procedimento para nós. Não é questão de polêmica, mas como devemos proceder em nossa vida.  

 

AS ATITUDES DO BOM PROFESSOR

Aponto, com base na resposta-atitude do Batista, quatro atitudes que julgo fundamentais para o ministério do professor da EBD.

 

1. Ele foge de disputa sem fundamento. Não lhe interessa a questão. Ele não a tangencia, mas vai fundo. Se houvesse uma atitude negativa dos discípulos de JB quanto à pessoa de Jesus, ele as dirime. João não permitiu que um comentário que trouxesse polêmica prosperasse. Duas razões:

            (1) Ele sabia quem era Jesus.

            (2) Ele sabia quem ele era.

Um bom professor precisa ter uma noção muito clara de quem é Jesus, de como o Mestre está acima dele (não somos dignos de desatar as fivelas de suas sandálias). Mas não se autodeprecia, porque tem noção de seu valor próprio.

A questão tem um alvo mais amplo: havia um propósito no ministério de João e ele o cumpriria sem se deixar demover nem permitir sentimentos negativos. O professor de EBD tem um alvo, marcha para ele e evita disputas de qualquer sentido e que venham prejudicar seu alvo. Não luta por notoriedade ou primazia, mas cumpre uma missão.

 

2. Ele sabe de onde vem sua autoridade. “O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada”. Ele recebeu uma missão divina, do céu. Não precisava receber mais alguma coisa, forçada ou arranjada. Ela não seria arranhada, e se Deus dispusesse algo em contrário, que assim fosse. A autoridade de um professor de EBD vem de Deus. Ele ministra o livro mais importante do mundo ao povo mais importante do mundo. Recebeu este mandato do Senhor. Esta noção de fonte de autoridade dá valor próprio ao professor e, ao mesmo tempo, lhe dá humildade. Não é uma autoridade extorquida ou meritória. É concedida por Deus. Foi Deus quem permitiu que ela acontecesse. A maior fonte de autoridade que um obreiro cristão pode ter é de origem espiritual. Foi eleito pela igreja, mas cremos que Deus age na igreja. À semelhança de Atos 13, o Espírito falou à igreja e esta viu credencial no professor.  Então, é de origem espiritual e por permissão ou concessão divina. Não é uma fonte de autoridade inata, mas concedida. Deve ser honrada por isso. E bem administrada.

 

3. Ele tem consciência de seu chamado. E João tinha mesmo. Enfrentou a liderança religiosa, os  militares que foram procurá-lo e até Herodes. Não que fosse beligerante, mas sim que tinha um chamado e queria cumpri-lo. É necessário ter convicção de chamada no que se faz. Quem tem esta consciência e sabe para que foi chamado, desempenha bem seu papel. Nenhum professor deve pensar que  foi fruto de um acidente a sua condução à frente de uma classe. Nem deve pensar que “chamado” é uma coisa apenas para pastores, demais ministros e missionários. Estas são chamadas específicas. Mas nas quatro listas de dons no NT há diversidades de função. A consciência de ter recebido um chamado ajuda a manter-se firme nas crises e dá senso de responsabilidade na execução de tarefas. “Dou aulas”, disse um professor de um seminário. Não houve interesse em mantê-lo. Não era gente que apenas desse aulas, mas gente que fizesse parte do projeto de Deus, desempenhasse uma missão e formasse personalidades cristãs.

 

4. Ele tem noção de quem deve receber a honra. “Que ele cresça e que eu diminua”. Stott diz que há doença terrível na igreja de hoje, holofotite, que é a busca de notoriedade, quando não de domínio (nas assembléias convencionais há a microfonite). Se houver holofotes, que estejam sobre Cristo. Assim como precisamos ter noção de valor próprio e senso de missão, precisamos ter humildade para não usurpar uma glória que não é nossa. Depois de termos feitos tudo, lembremos que somos servos inúteis. Há muito estrelismo no cenário evangélico hoje. Devemos evitá-lo. Billy Graham, certa vez, ministrando um curso para pastores, recebeu um pedido dos promotores do evento que desfilasse entre eles, que queiram apertar sua mão e tirar fotos com ele. A queixa era que ele apresentava a palestra e se retirava por uma porta lateral. E os pastores queriam vê-lo, pois era a grande estrela do evento. Sua resposta foi esta: “Deus não reparte sua glória com os homens”. . A glória de um professor de EBD é saber que o MESTRE brilha por causa do seu trabalho. E sai de mansinho. Em outras palavras, é preciso saber quem deve crescer nesta história. O trabalho do professor de EBD deve fazer que os holofotes recaiam sobre Cristo. Nunca sobre ele mesmo. É blasfêmia.

 

UMA CONSIDERAÇÃO FINAL

Exigi muito do professor de EBD, com a figura austera de João Batista? Creio que não. Prestemos atenção nesta palavra de Jesus, em Mateus 11.11: “Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu outro maior do que João, o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele”.

É uma declaração enfática de Jesus, com uma honra a João Batista. Aplausos humanos se desvanecem. A multidão que gritava “Hosana ao filho de Davi”, menos de uma semana depois gritaria “Crucifica-o!”. Mas a honra que Jesus concede aos seus ultrapassa os tempos.

Cumpramos bem nossa missão e esperemos que Jesus seja glorificado. Ele é O NOME SOBRE TODO NOME. Nós, meros coadjuvantes. Mas é glorioso ser coadjuvante dele.

RSS
Follow by Email
YouTube
WhatsApp