Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia. Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniquidade.” (Mateus 23.27-28)
Eram dois vizinhos. O primeiro comprou um coelho para os seus filhos. Todo branquinho, muito bonito. O outro, atendendo aos pedidos dos seus filhos que também queriam um animal de estimação, comprou-lhes um pastor alemão. A sua família ficou preocupada: “Um cachorro? Ele vai comer o coelho!”. Mas respondendo ao questionamento de sua família de forma convincente, dizia que nada iria acontecer. Ele era um cão pequeno, iria crescer junto com o coelho. Diante de tão convincente discurso a família se acalmou e ficaram com o cachorro. E não é que o homem estava certo? O cachorro cresceu com o coelho, e o coelho acompanhava as crianças até a casa dos vizinhos e vice-versa, e nem o coelho nem o cachorro pareciam temer um ao outro.
Um dia a família que tinha o coelho saiu de viagem. Foi passar um fim de semana na praia. Saíram na sexta-feira, no final da tarde, com a pretensão de voltar no domingo. No domingo, no início da tarde, o cachorro aparece na cozinha da casa com o coelho na boca. O coelho estava todo sujo e morto. Os donos do cachorro ficaram desesperados. A esposa lembrou-se do que tinha dito meses atrás: “Eu não disse que o cachorro mataria o coelho mais cedo ou mais tarde? E agora?”. O desespero tomou conta de todos dentro da casa. Deram uma tremenda surra no cachorro que não soube respeitar os direitos dos seus vizinhos: “O que vamos fazer? Daqui a pouco nossos vizinhos vão voltar e o que diremos a eles?”.
Foi ai que o marido teve a idéia de dar um bom banho no coelho, secar com o secador, colocar um perfume nele e colocá-lo na cozinha dos seus vizinhos, deitado e quietinho. Afinal o coelho não estava estraçalhado e aparentemente não tinha nenhum osso quebrado. E assim fizeram. Depois de algum tempo seus vizinhos chegaram da praia e os donos do cachorro, de sua casa, ouviram a gritaria na casa de seus amigos. Em alguns instantes seu vizinho bate à sua porta: “O nosso coelho morreu. Ele morreu na sexta-feira à tarde, antes de sairmos para a praia. Nós o enterramos no quintal e agora ele esta lá na nossa cozinha, continua morto, mas está limpo, penteado e perfumado. O que pode ter acontecido?”
O que vem depois não importa, mas podemos refletir em alguns pontos desta história. O cachorro foi julgado apressadamente, visto como assassino e apanhou. Julgado por atos que não cometeu, levou uma surra, e foi posto de castigo. Mas o que o cachorro queria era encontrar seu amigo coelho. O coelho foi devolvido à sua casa perfumado e arrumado, mas isto não mudou a sua condição, estava morto e nenhum perfume no mundo mudaria isto.
No seu discurso contra os fariseus, Jesus alerta seus ouvintes sobre o comportamento dos fariseus, perfumados e arrumados por fora, mas cheios de coisas ruins por dentro. Alerta contra a auto-avaliação apressada dos fariseus que queriam se apresentar como pessoas justas, mas seus julgamentos eram cheios de hipocrisia e maldade. As palavras de Jesus são pesadas, são fortes, mas são uma advertência a uma prática que não deve existir no meio do povo que o segue.
Que tenhamos boa aparência externa e uma aparência interior de igual modo, limpa e agradando a Deus.