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O CÂNTARO ESQUECIDO

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“Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens…” – João 4.28

Que relato! Que desfecho extraordinário! Como conhecemos bem a história da mulher samaritana, é desnecessário recontá-la. Nosso foco é este: ela foi ao poço com seu cântaro, buscar água. Descobriu a água da vida. Deixou o cântaro junto ao poço e foi à cidade testemunhar de Jesus.

Parece que ela não tinha boa reputação. Seria mesmo uma pessoa indicada para testemunhar de Jesus? Era. Exatamente por isso. Logo ela, falando de assuntos espirituais? Seu testemunho teve um impacto tão grande que muitos creram em Jesus. O testemunho baseado numa profunda experiência de encontro com Jesus causa impacto no mundo. Mais que técnicas e macetes de como testemunhar (a mulher não tinha nenhuma orientação sobre isso), as pessoas precisam de uma experiência com Cristo.

Kierkegaard conta a parábola do circo que chegou a uma cidade, e se instalou fora do perímetro urbano. Mas pouco antes da exibição, pegou fogo. O dono do circo enviou o palhaço, que já estava caracterizado, para pedir socorro na cidade. Mas todos pensaram que era um expediente publicitário. Um palhaço desesperado! Que legal! E todos riam. Assim, o circo foi reduzido a cinzas. Seu dono enviou a pessoa errada para a missão.

A pessoa certa para a missão de testemunhar de Jesus não carece de grande instrução teológica. Carece de experiência com Cristo. Não precisa ser um teólogo, mas alguém que possa dizer como o ex-cego de nascença: “… uma coisa sei: eu era cego, e agora vejo” (Jo 9.25). Para testemunhar é preciso ter algo para dizer. Ter condições de afirmar que Jesus transformou sua vida.

Na igreja de hoje muitas pessoas continuam com seus cântaros. Elas encontraram Jesus, mas não se comoveram com a descoberta.  Continuam com suas ocupações (seu cântaro), junto do poço. Não quero dizer que todos os convertidos devem deixar suas ocupações seculares e se tornarem pregadores do evangelho. Quero dizer que, tendo descoberto a água da vida, devem valorizá-la mais que qualquer outra coisa.

O evangelho é um chamado para um compromisso com Jesus. Para subordinar o que temos e o que somos a ele. Mas conseguimos domesticar o evangelho e aculturar Jesus ao nosso estilo de vida. Não vivemos o seu projeto, mas o nosso. Vamos à igreja para receber uma carga em nossa bateria espiritual, e assim continuarmos com nossa vida, com nosso projeto. Cristo passa a ter um compromisso conosco, que é o encher o nosso cântaro, que nunca largamos. Assim, seguimos com nossa vida pessoal, sem entender o chamado para seguir a Jesus. O cântaro está cheio e cantamos para Deus o fazer transbordar. Mas não dizemos ao mundo: “Vinde, vede um homem…”.

Alguém definiu evangelização como “um mendigo dizendo a outro mendigo onde encontrar pão”. A samaritana era uma mulher sem cântaro, mas com água da vida. Os apóstolos disseram: “Pois nós não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido” (At 4.20). Quem conheceu Jesus fala de Jesus. Falamos de tantas coisas! Do nosso time de futebol, do BBB, da vida alheia. E de Jesus? Ele tem valor para nós? Falemos dele.

Deixemos nosso cântaro (símbolo de nossos objetivos pessoais) junto à fonte e digamos às pessoas que conhecemos: “Vinde, vede um homem…”. Seja este homem, e não nosso cântaro, nossa grande paixão.

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