“Sete foi pai de um filho e o chamou de Enos. Foi nesse tempo que o nome O ETERNO começou a ser usado no culto de adoração a Deus” (Gênesis 4.26)
Isaltino Gomes Coelho Filho
Começa a adoração a YHWH, chamado de O ETERNO, na Linguagem de Hoje. É uma boa interpretação para EU SOU. Mais tarde dirá Úxodo 3.14-15: “Porém Moisés disse: – Quando eu for falar com os israelitas e lhes disser: ´˜O Deus dos seus antepassados me enviou a vocês´, eles vão me perguntar: ´˜Qual é o nome dele?´ Aí o que é que eu digo? Deus disse: -EU SOU QUEM SOU. E disse ainda: -Você dirá o seguinte: ´˜EU SOU me enviou a vocês´”.
A transliteração da resposta divina seria como ´˜ehyeh asher ´˜ehyeh (EU SOU O QUE SOU). Uma abreviatura ou contração da frase deu o tetragrama sagrado YHWH. A Linguagem de Hoje traduz por O ETERNO, pois a expressão pode significar EU SOU O QUE SOU, ESTOU SENDO O QUE SOU, SEREI O QUE SOU, com idéia de imutável, de eterno. YHWH apareceu a Moisés, mas começou a ser cultuado com Sete. Aos patriarcas ele apareceu como “Todo-Poderoso”, El Shadday, mas como YHWH só se revelou a Moisés: “Deus disse a Moisés: -Eu sou o Deus Eterno. Eu apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó como o Deus Todo-Poderoso, porém não deixei que me conhecessem pelo meu nome de o Deus Eterno”. No tempo de Sete e Enos, era um dos nomes usados na adoração, mas só se tornou o nome por excelência no tempo de Moisés.
Não há aqui a evolução da teologia hebraica, nem a saída do politeísmo, com muitas divindades, para uma só, YHWH. É que o relacionamento, a partir de Moisés, foi mais intenso. “Começou a ser usado no culto de adoração a Deus” não se opõe a “Não deixei que me conhecessem pelo meu nome”. “Conhecer” dá a idéia de um relacionamento profundo. Somente depois, com Moisés, é que Deus se relacionará nos termos do rico significado de seu nome com Israel. Antes de aceitar a Cristo eu sabia quem ele era, mas só depois de aceitá-lo como meu Senhor é que o relacionamento tornou-se mais profundo. Para nós, nomes podem significar pouca coisa, mas naquela cultura, nos termos em que se processa a revelação, significa muito.
Enos é o novo Abel. Abel (hébel) significa “fumaça”. O sentido é de inconsistente, vazio, fraco. É o mesmo termo para “vaidade” em Eclesiastes 1.1. “Tudo é fumaça, tudo é inconsistente”, diz o sábio. Enos (enosh) significa “homem”, com o sentido de frágil. O nome Abel mostra a fragilidade humana. Mas depois dele vem a descrição da ação dos descendentes de Caim e violência de Lameque. Os homens começam a se julgar fortes. Os descendentes de Caim e Lameque têm uma atividade humana febril, e sua violência aumenta. Bem elucidativo! A arrogância humana é que leva a prescindir de Deus e à violência. Enos recupera Abel. Só quando o homem sente sua fragilidade, reconhece que é apenas uma fumaça que se desvanece, é que pode conhecer a Deus.
Mais tarde os homens dirão: “Façamo-nos um nome!” (Gn 11.4). Querem ser Deus. Há um nome, apenas, YHWH, que, séculos mais tarde, por respeito, os judeus não o pronunciavam e a ele se referiam como HA SHEM (O NOME). Tão simples: ou nosso nome ou o nome de Deus. Ou nós ou ele. Quem comanda? Quem é o maior? Quem adoramos: nós mesmos ou ele? Nosso nome ou O NOME?
Os cristãos também temos um NOME a adorar: “Por isso Deus deu a Jesus a mais alta honra e pôs nele o nome que é mais importante do que todos os outros nomes, para que, em homenagem ao nome de Jesus, todas as criaturas no céu, na terra e no mundo dos mortos, caiam de joelhos e declarem abertamente que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus, o Pai” (Fp 2.9-11).
Jesus Cristo é o HA SHEM dos cristãos. É seu nome, nenhum outro. Cuidado com nomes que não sejam o dele sendo entronizados na igreja. Ele é O NOME.