Isaltino Gomes Coelho Filho
“Estes, pois, dirigiram-se a Felipe, que era de Betsaida da Galiléia, e rogaram-lhe, dizendo: Senhor, queríamos ver a Jesus” (João 12.21).
Quando eu era adolescente, meu pastor, João Falcão Sobrinho, agraciou-me com um livro de Roy Hession: “Queríamos ver a Jesus”. Li-o com atenção e aprendi muito. Já pastor, tive o privilégio de ouvir Hession, num retiro da Ordem dos Pastores de S. Paulo. Uma das coisas que aprendi, do livro e das mensagens ao vivo, é que a vida cristã é Jesus. Neste sentido, o título da obra, extraído da palavra dos gregos em João 12.21, é significativo: ver a Jesus.
Hoje a ênfase está no Antigo Testamento. Há até um corinho que diz que no santo dos santos só Deus nos vê no meio da fumaça. Não sei onde arranjaram um santo dos santos, nem como puseram fumaça lá dentro e menos ainda o que o cantor está fazendo lá. A vida cristã não são festas ou cerimônias judaicas, Moisés ou Elias. É Jesus. A igreja está perdendo Jesus de vista num cipoal de corinhos baseados no Antigo Testamento, em letras canhestras e estropiadas. É a descristificação da igreja. Isto não vem de Deus.
Voltando a Hession: um dos capítulos do livro se intitula “Sinai ou Calvário?”. Tem conteúdo, é equilibrado e espiritual. Nosso foco é o Calvário, não o Sinai.
Os gregos do texto (judeus da Dispersão, de origem grega) não queriam os sacerdotes nem a pompa do judaísmo. Vieram de fora da Palestina para a páscoa, e sinalizaram algo muito relevante: Jesus é o conteúdo da fé. Ele deve ser o centro da nossa fé e da nossa pregação. Há igrejas pregando o que Jesus não mandou pregar: riqueza, prosperidade, saquear riquezas dos ímpios, declarar isso ou aquilo, fazer atos proféticos, etc. Isto são invenções humanas e marketing de comerciantes espirituais em busca de clientes. O que Jesus deixou como tema para sua igreja pregar está bem claro, em suas palavras: “Assim está escrito que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressurgisse dentre os mortos; e que em seu nome se pregasse o arrependimento para remissão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois testemunhas destas coisas” (Lc 24.46-48).
Devemos pregar o Jesus que foi morto e ressuscitou. Devemos chamar os homens ao arrependimento de seus pecados para receberem o perdão. Está claro que os homens são pecadores, precisam se arrepender e crer em Jesus para serem perdoados. Negar isto é negar o evangelho.
“Queríamos ver a Jesus”, disseram os gregos. A universalidade do evangelho já se delineava. E logo a seguir, Jesus diz: “E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim” (v. 32). Isto indicava a maneira pela qual ele morreria. E indicava também que ele seria o centro do mundo. O cerne do evangelho é Jesus, não o Antigo Testamento. Nem o Espírito Santo. Os homens precisam ver a Jesus, não a Moisés, não o Sião, nem pregadores que se promovem. O verdadeiro anseio do mundo é por Jesus. O pecador renitente, que recusa o evangelho, no fundo tem um vazio que só Jesus pode preencher. Pecamos quando não enfatizamos o Cristo crucificado. É esta a mensagem que mundo precisa ouvir.
“Queríamos ver a Jesus”, disseram aqueles judeus de fora da Palestina. Filipe e André agiram para que seu desejo se concretizasse. O mundo precisa ver a Jesus. O que estamos a mostrar? O acessório ou o fundamental? Mostre Jesus ao mundo! Ele é o fundamental!