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O EQUÍVOCO DE LULA, FHC E DOS ANALISTAS POLÍTICOS

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

Pastoral do boletim da IBC de Macapá, 24.10.10

Incomodado com as críticas a Dilma por ser favorável ao aborto, o Presidente Lula criticou os que queriam, segundo ele, impor uma agenda religiosa ao Estado. Ajudaram-no alguns analistas políticos. Agora, o ex-Presidente FHC que perdeu uma eleição à prefeitura de S. Paulo porque, dizem, titubeou em dizer se cria ou não em Deus, também criticou o enfoque religioso da campanha.

Por dolo ou ignorância, Lula, FHC e os analistas erraram. Ao se posicionarem contra o aborto, evangélicos e católicos não discutiram religião. Não abordaram tema de fé: qual é a igreja certa, forma de batismo e doutrinas. Apenas afirmaram sua visão bioética (ética da vida) à luz de sua cosmovisão. Secularistas e ateístas querem impor uma visão fechada à sociedade, não de economia e política, mas de ética. A democracia abriga mais de uma visão e a dos sem Deus não pode ser alardeada e a voz dos que crêem em Deus não pode ser calada.

O Brasil não é a China ou Cuba. Os cristãos somos cidadãos, fazemos a grandeza do país, e temos direito à expressão. Cumprimos nossos deveres e temos nossos direitos. Como líder cristão que cuida de um rebanho, escreve, leciona e produz teologia, denuncio a tentativa da ditadura do pensamento único no país. Querem nos impor a cosmovisão materialista. Querem que nossa ética seja como a de gente sem absolutos ou referenciais. Não sei de onde o materialista tira sua fonte de valores. Sou teísta e meus valores vêm daqui. Creio num Absoluto, que chamo de Deus, e que se revelou em Jesus Cristo. Minha ética vem da minha fé. Creio que a vida é sagrada, e não deve ser tirada, a não ser em casos excepcionais. O aborto me soa como crime. Se é praticado em clínicas clandestinas e isto é pior que não autorizá-lo, não é a questão. Se esta é prática comum, que o Estado a combata. Não deve licitá-la por não poder inibi-la. Foi o argumento de FHC: legalizemos as drogas, pois não conseguimos impedi-las. Dito por um doutor pela Sorbonne, é risível. Legalizemos o crime, Dr. FHC, pois não conseguimos contê-lo.

Materialistas e secularistas se enganam ao dizerem que cristãos contrários ao aborto querem impor sua religião aos demais. Não é discussão religiosa. É ética. Cristãos expressarem sua visão ética não é a mesma coisa que impor religião. É nosso direito não votarmos em quem tenha ética oposta à nossa.

William Wilberforce liderou cristãos ingleses na luta contra a escravidão, no século 19. Foi acusado de querer impor sua religião à política. Cristãos lideraram a campanha pelo voto feminino. Foram acusados de querer impor sua religião. Eles expressaram sua cosmovisão ética: a escravidão é crime contra a humanidade e mulher é gente.

A ética tem pressupostos. A ética nazista tinha pressupostos filosóficos. Como a ética dos campos de concentração do paraíso comunista. Em ambas, calaram os discordantes impondo uma cosmovisão totalitarista e elitista, a dos detentores do poder. Como fazem os detentores do poder midiático, hoje. Tentam nos calar, impondo-nos um falso humanismo, acusando-nos de obscurantistas. Numa democracia, um secularista expressa sua visão secularista. E cristãos expressam sua visão cristã. Repudio o totalitarismo secularista, e rejeito o rótulo de obscurantista. Obscurantistas são os que calam seus discordantes. Como querem fazer conosco.

Querem convencer cristãos pensantes, que não se guiam por paixões ou ganância? Usem argumentos sérios. Não tentem nos intimidar, chamando-nos de medievais. A postura de argumentar ad hominem é típica do defunto marxismo. Morreu e cheira mal. Aborto indiscriminado é infanticídio. Está mais para faraó do Egito e Herodes, homens que temiam crianças, que com pessoas de raciocínio linear. O Estado existe, entre outras coisas, para proteger os cidadãos e garantir direitos aos indefesos. Incluídos os nascituros.

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