Pular para o conteúdo

O PROFETA QUE A CLASSE DOMINANTE REJEITARIA

Conferência bíblica preparada pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho para a IB do Braga, em  Cabo Frio, julho/2002

Encontramos muitos membros de igreja chamados de Miquéias, o que prova que nosso profeta é bem conhecido dos membros de nossas igrejas. Mas não podemos dizer no a mesma coisa de sua mensagem. Normalmente nos referimos a ele como um profeta messiânico, principalmente pelo texto, bem conhecido, de 5.2. Mas ele é, pode-se dizer assim, um irmão gêmeo de Amós, em termos de conteúdo de pregação social. Os dois caminham lado a lado. Na realidade, Miquéias falou mais de problemas sociais que do Messias. Ele foi messiânico, mas pregou muito contra os desmandos sociais de uma classe política ambiciosa e ávida por riquezas, bem como pregou também contra a religião institucionalizada, dirigida por homens sem escrúpulos e sem temor de Deus. Homens que buscavam seu próprio bem estar, em vez de buscarem a vontade de Deus e o bem estar de seu povo. Creio que devemos atentar para isto: o perigo da institucionalização da religião, quando ela se torna mais um rito, um ofício, um emprego, que questão de vida. Isso torna Miquéias bem atual para nós.

Sexto dos nossos profetas menores, ele tem muito a dizer ao nosso tempo. Aliás, são extraordinários a relevância, a contemporaneidade e o vigor do conteúdo das Escrituras. Veremos isso com nosso profeta de hoje.

  1. A FIGURA DO PROFETA

Miqah, forma abreviada de Miqa’el, “quem é como El?” é o nome do nosso personagem. Era natural de Moresete, vilarejo no interior de Judá. Região fértil e produtiva, a mais fértil e produtiva do país. Era como se fosse o interior de S. Paulo, comparando Judá com o Brasil. A maior produção de trigo e cevada saía de lá. Miquéias era, portanto, de origem camponesa.  Sua linguagem e os temas abordados por ele mostram isso. Era um homem simples, o que não significa despreparado ou limitado. A  profundidade em suas expressões  nos impressiona!

Ele profetizou no período de Jotão, Acaz e Ezequias.  Então, pelos anos 740 a 700, período de grande agitação social e de insegurança política. A Assíria cobiçava as terras férteis de Judá.  Foi contemporâneo de Isaías, mas este era um homem urbano, da corte. Ele, um homem rural, do campo. Influenciou sobre Jeremias, pois foi citado em Jeremias 26.18 em defesa deste e tem algumas de suas expressões incorporadas na pregação de Jeremias. Isto significa que Miquéias marcou época. Um dos chamados “grandes” copiou expressões e conceitos de um “pequeno”. Isto também mostra que os pequenos não foram inexpressivos.

Miquéias era do campo, mas não teve medo da cidade grande nem de seus nobres. Ele foi duro contra a nobreza, contra os sacerdotes e os falsos profetas. Não cortejou nem mercadejou sua pregação buscando simpatia e favores. Foi um homem dominado por profundas convicções e não arredava pé do que sabia ser o certo. É, para nós, que pretendemos ser profetas, um exemplo de um homem firmado na vontade e na Palavra de Deus e que, em momento algum, deixou de dizer o que deveria dizer. Por isso, Maillot e Leliévre, em um comentário sobre este profeta o intitularam de “Um grande profeta menor” [1]. Miquéias foi grande. Veremos hoje algo de sua grandeza.

  1. O TEMPO DO PROFETA

Israel, reino do Norte, estava no auge da sua corrupção espiritual e moral.  Caminhava celeremente para o fim e não enxergava isso. Judá, o reino do Sul, terra de Miquéias, passava por maus bocados. Acaz, um dos reis que o profeta enfrentou, foi um desastre. Uma calamidade absoluta.  Por 16 anos sua impiedade marcou o país. Chegou a queimar os filhos no fogo, oferecendo-os a Moloque (2Rs 16.1-3). Era um homem tão vil que, ao morrer, seu povo não o colocou no sepulcro dos reis (2Cr 28.27). Sua morte foi um alívio para a nação.

A religião se pervertera. “Seus sacerdotes ensinam por interesse, e  os seus profetas adivinham por dinheiro” (3.11).  Uma liderança religiosa voltada para o dinheiro e não para o serviço a Deus é uma tristeza, uma verdadeira tragédia para a obra do Senhor. Além de serem gananciosos e corruptos, esses líderes eram cínicos: “Não está o Senhor no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá”, diziam eles (3.11). Quando os profetas se tornam meramente profissionais, o cinismo chega logo. E a decadência do povo a quem estes profetas deveriam ensinar e não ensinam sucede rapidamente. Diz a Bíblia que quando não há profecia, o povo se corrompe. Se o profeta é corrompido, o povo o será também. Da mesma maneira, nosso povo não será, nunca, melhor que a igreja, uma comunidade profética.

Mas algo mais triste sucedia: o povo gostava desses profetas.  Assim diz o texto de 2.11, na Linguagem de Hoje: “O profeta que essa gente prefere é aquele que anda pregando mentiras e falsidades, prometendo vinho e cerveja para todos”. Se alguém não lhes favorecia economicamente, eles promoviam guerra contra esta pessoa, como lemos em 3.5. Para quem lhes pagava, profetizavam paz.  Parece que Miquéias, que é um profeta preditivo, assistiu certos programas de televisão dos evangélicos de hoje. Gente que prega coisas boas, que faz promessas que Deus nunca fez e nunca autorizou alguém a fazer. Gente que promete mundos e fundos, que prega Lair Ribeiro como se fosse Jesus Cristo: pensamento positivo, força criadora, confiança em si e pé na tábua. E cobra caro para dizer essas coisas.

Em 3.1-7, esses profetas e sacerdotes que viviam em função do dinheiro e para o dinheiro são acusados de esfolar o povo. A linguagem de Miquéias é esta mesmo: são como quem arranca a pele, esmiuçam os ossos e tiram a carne dos ossos. Açougueiros e não profetas e sacerdotes, é o que eles eram. Questão também oportuna: quem somos nós? Profetas ou açougueiros?

Havia também a ganância dos governantes. Mal raiava o sol, já estavam a fazer planos para saquear os pobres, como se lê no capítulo 2.  Os juízes davam as sentenças sob suborno, como diz 3.11. E, quando Miquéias começou a pregar contra eles, diziam:  “Não se deve profetizar tais coisas…” (2.6). Há uma advertência aqui. Os evangélicos, atualmente, têm planos políticos. Absolutamente normal. Mas alguns segmentos têm ambição pelo poder. Fazem alianças políticas com homens desprovidos de quaisquer traços de caráter em sua vida pública. Pensam em políticos como despachantes eclesiásticos, pessoas para resolverem os problemas de varejo das igrejas. Não como elementos que sejam reservas morais e espirituais para salgar a sociedade com os padrões morais e sociais do evangelho. Alguns políticos são espertos e adulam os evangélicos, que sentem lisonjeados, pensando que estão alcançando prestígio na sociedade (aliás, por que temos que alcançar prestígio político?). Na realidade, estão sendo usados. É triste o uso de igrejas e pastores por parte de políticos espertos que os manipulam e continuam com sua vida de bastidores completamente infensa aos efeitos do evangelho. No fundo, no fundo, não nos respeitam. Zombam de nós, porque a ingenuidade e voracidade por espaço político de alguns grupos mostram que não são diferentes dos políticos que mercadejam sua consciência.

  1. A PREGAÇÃO DO PROFETA

Miquéias não contemporiza na sua pregação.  Não mede palavras, receoso de ofender alguém ou magoar algum “figurão”.  Anuncia juízo. Deus julgará Israel, como se lê em 1.6-8. E julgará também Judá. A idéia de que Jerusalém era inviolável porque era onde estava o templo de Iahweh não tinha sentido. Mas tarde, seu influenciado, Jeremias, dirá a mesma coisa em 7.4. O ensino bíblico é claro: Deus não tem nacionalidade. E não tolera o pecado na sua cidade. Pensamento curioso o dos contemporâneos de Miquéias: Deus não tolerava o erro nas nações pagãs, mas toleraria na sua nação escolhida. Esquisito, não é? Igualzinho a muitos de nós hoje. Vemos os mesmos pecados do mundo dentro na igreja. Pensamos que Deus julgará o mundo, mas tolerará na sua igreja.

Ele aponta o cativeiro como a manifestação do juízo divino sobre seu povo.  “Levantai-vos, e ide-vos, pois este não é lugar de descanso” (2.10). Infelizmente, a hermenêutica fragmentária já nos fez esta passagem ser base para campanhas missionárias: não devemos descansar, mas levantar e ir (ou andar, como dizia a versão antiga). “Descanso” é a entrada na posse da plenitude das bênçãos de Deus.  Eles não entrariam na posse das bênçãos, mas deveriam levantar e ir para o cativeiro. Ele anuncia a cativeiro.  Uma pregação chocante: Deus julgará seu povo! E isso aconteceu. Em 722, Israel foi levado para o cativeiro assírio. É provável que Miquéias fosse testemunha do evento. Em 587 chegou o fim para Judá, a terra do profeta. Quando o povo de Deus se porta da mesma maneira que os filhos das trevas, não deve se espantar se for julgado por ele. Já nos demos conta de que muitas das dificuldades que a igreja de Cristo enfrenta, hoje, no mundo, podem ser consequência de pecados do passado? A Europa é um continente pós-cristão. Muitas de suas igrejas são museus. Mas o que pode a Igreja esperar se cristãos fomentaram guerras que ensanguentaram o continente europeu? O crescimento do ocultismo em nosso tempo também impressiona. Mas o que podemos esperar se teólogos anunciaram a morte de Deus, retalharam as Escrituras, negaram o poder de Deus e transformaram púlpito em balcão de comércio? A sede espiritual do mundo não se podia saciar com um Deus que os teólogos diziam ter morrido. O mundo a saciou com cristais, pirâmides, numerologia, tarô e outras coisas. Os evangélicos na Bahia reclamaram que o governo local gastou dinheiro com construção de estátuas para entidades do candomblé. Alegam que isso é gastar dinheiro público para promover uma religião e que o Estado deve ser leigo. Mas que autoridade temos para queixa, se aceitamos, promovemos e lutamos por “praças da Bíblia” ? O nosso argumento não vale para nós?  Não nos enganemos: nossos erros têm um preço e, cedo ou tarde, ele nos é debitado. Há sempre uma Assíria ou uma Babilônia  no caminho de uma igreja que se porta incoerentemente.

  1. SERIA O FIM?

Mas, se haveria um juízo contra Israel e Judá, o que seria do propósito de Deus de abençoar o mundo pela descendência de Abraão? Como viria o Messias?

Miquéias é um profeta altamente preditivo. De início, estabeleça-se que profecia e predição não são termos sinônimos. Mas Miquéias é um profeta com muita predição. Ele previu a queda da Samária (1.6). Viu que sua nação seria destruída (1.10-15) e, isto é o mais impressionante, por Babilônia (4.10). Isto foi dito 150 anos antes do evento, quando Babilônia ainda era colônia da Assíria e esta regia o mundo. Seria o mesmo se alguém dissesse que, quando ainda possessão britânica, as treze colônias que começaram os Estados Unidos seriam a mais importante nação do mundo, a mais rica e mais poderosa, militarmente falando. No século XVII chegou a se pensar em fechar a vila de S. Paulo de Piratininga, hoje, São Paulo (ou Sampa, para os íntimos). Se alguém dissesse que aquela vila seria a maior e mais rica cidade do hemisfério sul, seria ridicularizado. Mutatis mutandis é o que Miquéias faz.

Ele anuncia o retorno do cativeiro, 200 anos antes do sucedido. O juízo não será o fim. Isto é uma esperança para nós. Para os ímpios, o juízo é aniquilativo. Para os filhos de Deus, é corretivo. Mas ele não fica apenas no retorno. Ele anuncia o nascimento do Messias. E em Belém, um lugarejo inexpressivo. Visitei uma cidade no meio da floresta amazônica, numa ilha. Depois de uma hora de vôo de Manaus e mais cinco e meia de lancha. A cidade se chama Nhamundá e é muito bonita. Perguntei à minha esposa: “Se alguém lhe dissesse que o vulto mais importante da história sairia desta cidade, você acreditaria?”. Ela disse que não. Respondi: “Nhamundá tem 5.000 habitantes. Belém da Judéia, segundo alguns comentaristas, tinha 3.000, quando Miquéias profetizou que Jesus nasceria nela”. O modo de Deus é sempre desconcertante e inusitado.

O Messias viria de Belém.  Aliás, uma curiosidade: não havia cidade melhor para ele vir ao mundo. Belém significa “casa de pão”. O pão da vida veio da casa de pão. Ali nasceu o avô de Davi (Rt 4.11-17), nasceu o pai de Davi (Rt 4.22) e também nasceu Davi (Jo 7.42). Foi em Belém que Samuel ungiu Davi como rei (1Sm 16.1-13). A dinastia de Davi começou nesta cidade e o maior de todos os da casa de Davi também viria daqui. E, para que isto se cumprisse, Judá regressaria da Babilônia. Então, um novo tempo seria iniciado. O texto de 5.4 fala do reino de Jesus e o versículo 5, que ele seria a nossa paz.

Devemos a Miquéias uma bela expressão sobre Jesus: “ele será grande até os confins da terra”. O nome de Jesus, o nome do Messias, seria posto acima de todo e qualquer nome. Miquéias anteviu isto.  Em 4.4 se fala dos tempos do Messias: cada um se assentaria debaixo de uma árvore, um cenário bucólico, de tranquilidade, de desarmamento. Não entendo que seja uma linguagem literal, aludindo a um hipotético milênio terreal, mas sim que é uma figura de linguagem para mostrar que o período de desacertos humanos chegaria ao fim.  Em 5.6 se fala que o Messias destruiria o poder da Assíria. Quando Jesus chegou, a Assíria era coisa do passado. Não creio que ela esteja reorganizada quando ele voltar.  A figura parece indicar que o tempo que Jesus veio estabelecer traria um período na presença de Deus, num determinado momento, em que os propósitos divinos para o homem sucederão. O cenário idílico mostrado por Miquéias é edênico. O Éden será reconquistado. No fim do Apocalipse, o Éden está de volta: a árvore da vida está à disposição dos homens. Miquéias anunciou o novo tempo de Deus que Jesus veio estabelecer quando de sua primeira vinda e que consumará quando da segunda.

  1. MIQUÉIAS HOJE

O que teria Miquéias para dizer à nossa geração hoje? Tanto para o mundo como para nós, Igreja de Cristo?

Para a Igreja, a lembrança de que corremos um sério risco com a institucionalização da religião. No livro Perestroika – Novas Idéias Para o Meu País e o Mundo [2], Gorbachev analisa o Partido Comunista e todo o movimento soviético e mostra como as instituições são criadas para viabilizar uma idéia, mas acabam se tornando mais importantes que a idéia que deveriam servir. As instituições acabam independentes da idéia, tornam-se um fim em si mesmas. Olhando a parafernália que criamos para viabilizar o evangelho de Jesus, perguntemo-nos: o que toma mais nosso tempo, nossa emoção, nosso espaço, Jesus ou a parafernália? Disse a poetisa Anne Sexton: “cravaram pregos em suas mãos, e todo mundo passou a usar chapéu”. Muitas vezes gastamos mais tempo discutindo o chapéu que usamos do que olhando para os pregos. Ou seja, nossa criação se torna mais importante que a obra que ele efetuou.

Para a Igreja, a recordação de que ela não pode se amoldar a um sistema político ou a um governante. Ela não é da direita, nem da esquerda e nem do centro. É de cima. Não pode vir a reboque de ideologias nem de líderes políticos. Recorda-nos, ainda, o perigo de uma liderança religiosa corrompida. Pastorado não é profissão, embora os pastores vivam do pastorado. Pastorado é paixão. Paixão pelo Senhor, pelo evangelho, pelo desejo de ver a verdade triunfar. Não se pode deixar de pregar contra o erro porque um irmão rico tem aquele tipo de pecado. Um pastor não se vende, não se aluga, não se compra, não se amordaça. As injustiças sociais são pecado. Pregamos uma micro-ética: não beber, não fumar, não jogar na loteria ou no bicho, não dizer palavrões, etc. Cuidamos do varejo. Esquecemos da macro-ética, o atacado: integridade nos negócios, pagamento de impostos, justiças nas relações trabalhistas, decência na vida.  O evangelho tem sido desacreditado não pelo cigarro nem pela cerveja. Tem sido desacreditado pelos escândalos de igrejas amancebadas com políticos de baixo nível, de igrejas trocando votos por favores políticos, de evangélicos dando péssimo testemunho público. Lembro de Marcelinho Carioca quando ia bater uma falta. Ajoelhava-se diante da bola, orava, fazia uma boa cobrança, e a bola entrava no ângulo. “Jesus me mostrou onde bater a falta”, disse ele numa ocasião. No segundo tempo, trocou pontapés e despejou meia dúzia de palavrões contra um adversário. O atleta de Cristo, Zinho,  tentou agredir  outro atleta de Cristo, Edílson, que é mais pagodeiro que de Cristo. Isto é um símbolo do que quero dizer. As coisas são em nível muito mais amplo do que esta figura aqui empregada. Devemos ter a coerência de vivermos segundo os princípios evangélicos. O procedimento do pessoal da Universal na sua briga com a Tevê Globo não foi o procedimento de crentes em Jesus Cristo. Foi típico de arruaceiros de botequim. O Pastor Didini dizer, com todas as letras, “conosco não tem essa de virar o outro lado, conosco é bateu, levou”, foi um vexame.

Ainda para a Igreja, a lembrança de que Deus julga seu povo. Impressiona a falta de seriedade, de zelo, de bom testemunho, de leviandade, o clima festivo em nossos arraiais. A Igreja precisa ser séria, íntegra, comprometida com Deus e nunca com o mundo.

Miquéias nos relembra ainda que nosso Senhor não é um fundador de religião qualquer. É o prometido das Escrituras. É o Nome sobre todo nome. E este nome deve ser a paixão maior da Igreja, como comunidade, e dos crentes, como membros dessa comunidade.

Tenhamos o bom senso de não colocar nome algum, idéia alguma, conceito algum, bem nenhum, acima daquele Nome que o Pai entronizou. E a coragem de gastar a nossa vida para que o mundo creia neste Nome. Ele é a paz de que o mundo precisa.


[1] Maillot e Lelièvre, Atualidade de Miquéias – Um Grande Profeta Menor. S. Paulo: Paulinas, 1980.

[2] Gorbachev, Perestroika – Novas Idéias Para o Meu País e o Mundo, S. Paulo: Editora Best Seller, 1987

Marcações:
RSS
Follow by Email
YouTube
WhatsApp