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VENDER NÃO PODE, MAS COMPRAR PODE

Fui a Manaus, pregar no congresso de adolescentes da IB Cachoeirinha. Foi muito bom ver um grande número deles, sérios, comprometidos com Jesus e com a igreja. Dirigiram os cultos, cantaram, oraram e apresentaram peças teatrais. Vi peças teatrais em igrejas que foram barulhentas e pândegas.  Eles foram sóbrios e autênticos. Nada soou artificial.

De um hotel em Manaus vi pela tevê a invasão de um morro, no Rio, para expulsão de traficantes.  Vi também uma reportagem sobre como as drogas entram pelas imensas fronteiras do país. Interessante.

Por que isto não feito antes? Não foi tão sangrento assim. Mas eis o que realmente me incomoda: por que não se fala sobre o usuário, que faz o mercado de drogas funcionar? O morro é visto como esconderijo de criminosos. Mas o asfalto sobe o morro em busca da droga! O culpado não é morro. É o asfalto! Um produto só é vendido se alguém o comprar. Sataniza-se o traficante, e se condói do consumidor, dizendo-o doente. O vendedor não será um farmacêutico, vendendo remédio ao doente?

Serei chamado de “reacionário”, e me brandirão relatórios médicos e psicológicos sobre como as drogas criam dependência e doença nos usuários. A ciência não me é um oráculo sagrado. E mesmo profissionais competentes não me soam como profetas que devo acatar. A dependência química é considerada como doença, pela ciência. Leigo limitado, ouso comentar que deve ser a única doença que se busca, que é romantizada em músicas e escritos, e em que se defende o doente e se condena quem vende aquilo que o doente precisa. Vender não pode. Comprar pode. O usuário é mesmo um coitado ou é o motor do tráfico?

Deve-se reprimir o tráfico. Mas a questão é: por que as pessoas usam drogas? Por curiosidade. Porque são fracas. Porque são vazias. Porque não tem sentido para a vida. Porque vivem sem esperanças. Por não valorizarem sua vida e seu corpo. Muitas respostas podem ser dadas, segundo a visão pessoal. Mas no fundo, no fundo, vejo-as como pessoas carentes de Deus. Falta-lhes a compreensão de que Deus as ama e elas têm valor. Que suas carências não precisam ser preenchidas por drogas. Que não precisam se sentir diminuídas diante das outras nem incapacitadas para a vida. Que o evangelho pode enchê-las de significado. Que podem se sentir seguras crendo num Salvador que não desampara.

Sei que é uma questão muito séria, que uma pastoral de boletim não resolverá. Mas salta aos olhos que as pessoas estão carentes e inseguras. Muitas colocaram o sentido da vida nas coisas e nos sentidos. Não têm ideais e algo pelo qual viver. Perdi minha mãe aos 14 anos. “Amigos” me ofereceram drogas, poucos meses depois. Para eu ser igual a eles, para me sentir confiante, para esquecer os problemas. Para segurar a “barra”. Conheci o evangelho quando os “amigos” chegaram. Nunca precisei de drogas. Jesus preencheu o vazio de minha vida, deu-me ideais e aspirações, descortinou-me novos horizontes. A Bíblia me mostrou meu valor, e que eu podia viver bem com Deus. Podemos viver sem drogas, mas não podemos viver sem Deus. Sem Deus, o mundo é uma droga e a vida pode acabar nas drogas.

Estão destruindo os fundamentos morais e espirituais da sociedade. Não por acaso o consumo de drogas cresce a galope. As pessoas precisam de conteúdo espiritual e moral. Jesus dá. Na cruz, ele recusou uma droga para minimizar suas dores. O Pai estava com ele. Quem vive em Jesus e com o Pai tem forças para vencer drogas. Reprimir traficantes é necessário, mas não basta. As pessoas precisam ter conteúdo e valores pelos quais viver. O evangelho faz isso. Os adolescentes da IB Cachoeirinha não precisam de droga.

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

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