Pastoral do boletim da Igreja Batista Central de Macapá, 13.2.11
Domingo passado preguei em Jeremias 7.1-6: “Vai entrar para o culto?â€. O profeta recebeu ordem de pregar ao povo antes deste entrar no templo. Apresentei três divisões no sermão: 1. Vai entrar para o culto? Converta-se (v. 3); 2. Vai entrar para o culto? Livre-se da falsa religiosidade (v. 4); 3. Vai entrar para o culto? Conserte os relacionamentos sociais (vv. 5-6).
No último tópico falei de crentes que brigam, racham igrejas, não se submetem aos demais. Saem pisando duro, fraturam o corpo de Cristo, deixam amarguras. Depois vão adorar em outro lugar, como se nada tivessem feito. Lembram o cavalo de Ãtila: morre a grama onde pisam. Um colega falou-me de uma famÃlia de sua igreja que se faz ativa em todas as fraturas da igreja. Em todas as crises, nos últimos vinte anos, a famÃlia se fez presente. Mas ela se intitula de “famÃlia de adoradoresâ€, por haver nela muitos músicos.
Numa igreja em que pastoreei, uma pessoa me procurou, orientada pelo pastor da igreja onde se reconciliara. SaÃra brigado da nossa há vinte anos. O colega dissera-lhe que deveria voltar à igreja e pedir perdão. Eu lhe disse que haviam se passado vinte anos, eu não era o pastor na época e a membresia era outra. Mas o conselho fora este: ele machucara a igreja de onde saÃra e devia lhe pedir perdão. Como eu era o pastor atual fora lá pedir-me e que eu o abençoasse em nome de Jesus. Conselho judicioso do colega, embora muitos o vejam sem sentido. Eu mesmo achei-o inusitado, acostumado que estou a ver brigas em nome de Deus, do evangelho e da doutrina.
Vai adorar a Deus? Conserte relacionamentos sociais. Antes de ser adorador, seja irmão. Não frature o corpo de Cristo. Não machuque em nome de Deus. Ele não machuca seus filhos nem magoa sua igreja.
O verdadeiro adorador mostra adoração com a vida, mais que com lábios. Não são gestos estereotipados nem barulho. São relacionamentos corretos. Com Deus e com o próximo. Quanto adorador santo na igreja e demônio em casa! Quanto jovem que quase levita na hora dos cânticos, mas em casa é um filho mal-educado, respondão e desamoroso! Culto não é ato episódico ou que sucede num momento desconectado do resto da vida. É mais que ar compungido, barulho, palavras de ordem, mantras e gestos. É a evidência natural de uma vida rendida a Deus. É algo natural, sem estereótipos e sem imitações. Brota em uma vida transformada e se mostra com a vida toda. Gestos litúrgicos dissociados do caráter e da vida não são o culto. São pura artificialidade.
Vai entrar para o culto? Não entre frio. Prepare-se com a vida.
Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho