Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
Pastoral do boletim da IB Central de Macapá, 6 de março de 2011
Fui ler O segundo mundo, de Parag Khana, no trecho sobre a LÃbia, para tentar entender o que sucede naquele paÃs. O autor é muito culto e claro. Tanto que consegui entender tudo o que ele escreve. Fiquei tão fascinado com o livro que o li todo.
Ele fala da cultura polÃtica da América Latina, de ter instituições fracas para que lÃderes sobressaiam. Ele associa as instituições fracas com ditadores “pais dos pobresâ€. Os latino-americanos sempre esperam socorro de lÃderes messiânicos. Desprezam instituições e endeusam lÃderes. Então, entendi algo que se passa no cenário evangélico: por que há um desmanche das instituições. Por que tantos lÃderes criticam as convenções estaduais e a Brasileira? Porque não lhes convêm instituições fortes. Elas atrapalham obreiros personalistas, que querem dominar a igreja, e não servi-la. E muitos tentam desmontar a igreja local. Porque quando ela se firma é uma instituição forte.
A igreja local sofre muitas crÃticas e as instituições denominacionais são atacadas. Muitos lÃderes se isolam em sua igreja, tornando-a um feudo, deixando de cooperar e fazendo seu “ministérioâ€. Isto também sucede na igreja local. Alguém tem “o seu domâ€, que se torna o mais importante da igreja, e não se envolve com os demais. Como há “messias†salvando o evangelho e as igrejas!
Conhecendo esta tendência pecaminosa, o EspÃrito Santo orientou os autores do Novo Testamento a escreverem vários mandamentos sobre mutualidade e cooperação. O Novo Testamento não apóia carreira solo. E mostra a igreja como corpo: “Vocês são o corpo de Cristo, e cada um é uma parte desse corpo†(1Co 12.27). Individualidade, omissão e domÃnio não devem existir no cenário evangélico em geral, e na igreja em particular.
O reino de Deus não comporta grandões e mandões. Disse Jesus: “Os reis deste mundo têm poder sobre o povo, e os governadores são chamados de ‘Amigos do Povo’. Mas entre vocês não pode ser assim. Pelo contrário, o mais importante deve ser como o menos importante; e o que manda deve ser como o que é mandado. Quem é o mais importante? É o que está sentado à mesa para comer ou é o que está servindo? Claro que é o que está sentado à mesa. Mas entre vocês eu sou como aquele que serve†(Lc 22.25-27).
Muita gente quer ser “grandão†e ser servido.  Mas quem quer se sobrepor aos demais está em pecado. Quer desconstruir uma instituição para se projetar. Isto é tão real que há crentes que não se envolvem com suas igrejas, mas com o ministério “Fulano de Talâ€, que substitui a igreja.
Jesus instituiu a igreja. E a igreja local é de origem divina, sim (1Co 12.27). Deve ser amada e respeitada. Ame-a e sirva-a.