Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
Pastoral do boletim da Igreja Batista Central de Macapá, 24.4.11
A sociedade secularizou o natal. Tirou o foco de Jesus para Papai Noel e da paz de Deus aos homens por meio de Jesus em fraternidade. O aspecto vertical foi substituído pelo horizontal.
Sucedeu o mesmo com a páscoa. A páscoa judaica (sua instituição está em Úxodo 12) era uma profecia da obra de Jesus. Mas Jesus foi transformado em coelhinho, que ainda por cima bota ovos de chocolate. E negar isso é desmancha-prazeres! A ceia de Jesus com os discípulos, formatando a igreja como corpo e família, cede lugar a uma ceia com a família sanguínea. É a adaptação do evangelho pela sociedade secular, e a privatização da fé pelas pessoas.
Tudo depende da visão que temos da obra de Jesus. Sua missão é incompreendida! Para muitos, ele veio pregar amor. Ora, todo mundo prega amor. E ninguém é crucificado por isto. Para alguns, ele veio nos abençoar. “Venha buscar sua bênção”, é uma faixa que se tornou comum em muitas igrejas, na feroz disputa por clientes. É a distorção de Jesus para fins próprios.
Há a visão de que Jesus veio para nos fazer felizes. Vi uma faixa com esse dizer: “Você nasceu para ser feliz! Venha pra cá!”. Reflexo de uma sociedade fútil, vazia, que pensa apenas em felicidade, nunca em valores e ideais. O homem moderno colocou seu “eu” como Deus. Tudo existe em função dele. Esta cultura, que é demoníaca, migrou para a igreja. As pessoas não se vêem como instrumentos de Deus, mas vêem Deus como seu instrumento. Algo que elas podem usar na sua infantil busca de felicidade e de prazer.
O que é o evangelho de Jesus? Um passaporte para Shangrilá, a terra de prazeres? Uma passagem de primeira classe por este mundo? Um “vale bênção”? Que é o evangelho? A páscoa nos ajuda a entender o que ele é e quem é Jesus. Paulo expressou isto muito bem: “Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no qual ainda perseverais; por ele também sois salvos, se retiverdes a palavra tal como vo-la preguei, a menos que tenhais crido em vão. Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1Co 15.1-4).
Isto é o evangelho. E é isto que comemoramos nesta semana: Cristo morreu pelos nossos pecados (não para nos dar bens ou felicidade) e ressuscitou. Ele não é um ideal, nem um Grande Doador de Coisas. E não comemoramos o Cristo morto, mas o Vivo, Ressuscitado, que virá em poder e glória: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!” (Ap 1.7).
Dê ovinho de chocolate, mas não faça do coelho o animal da festa. É o Cordeiro!