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AMOR, O QUE É ISTO?

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Não existe maior amor do que este: de alguém dar a própria vida por causa dos seus amigos” (João 15.13, King James, em português).

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

A maior característica do amor é sua dadivosidade. Quem ama dá. João 3.16 deixa isso claro: Deus amou e deu o que tinha de mais importante. No texto de João 15.13 Jesus dimensiona a grandeza de seu amor em dar sua vida pelos seus amigos.

Um cínico definiu amor como “a capacidade de gostarmos de nós mesmos e elegermos pessoas para nos satisfazerem”. Talvez tal pessoa ame assim. Mas o verdadeiro amor é dadivoso. É pródigo em dar-se.

Para os gregos, o amor estava associado à estética, à beleza e à contemplação. Consequentemente, o amor lhes era sentimento. Culturalmente somos filhos dos gregos, por isso muitos de nós associamos amor a devaneios, suspiros e sensações. Amar é sentir algo por alguém. Muito do que se chama de amor, em nosso meio, são apenas sentimentos. Inclusive há um livro com este título: “Amor, sentimento a ser aprendido”. Até mesmo em nossa espiritualidade associamos nosso amor a Deus pelo que sentimos. Se temos boas emoções, estamos amando a Deus. Isso é problemático. Porque, para alguns, basta sentir emoções no culto.

Para os hebreus, o amor era ação, e não sentimento. Amar significava fazer algo pela pessoa amada. Quando era Israel era chamado a amar a Deus não era para experimentar sensações no culto, mas para obedecer-lhe. Não era sentir, mas fazer, praticar.  O Pr. Martin Luther King Jr. foi feliz ao dizer que dava graças a Deus porque Jesus não mandou que gostássemos de nossos inimigos, mas que os amássemos. Porque gostar é ter afeição e amar é fazer algo de bom por quem se ama. Ele não tinha afeição a quem jogava bombas em sua igreja e espancava os negros. Mas estava disposto a amá-los.

Na peça “As mãos sujas”, um personagem de Sartre (Hugo?) diz que “prefere severidade a amor fútil”. Declarações de amor desacompanhas de gestos dadivosos valem pouco. Até mesmo para um existencialista ateu.

Lemos em 1João 3.18: “Filhinhos, não amemos de palavras nem de boca, mas sim de atitudes e em verdade” (KJ). É significativo que o pano de fundo teológico de 1João seja o gnosticismo grego, que reduzia tudo a sensações e devaneios, prescindindo de uma revelação. Amar não é dizer, ensina João. É fazer.

O amor de Deus não é um amor de palavras. Está provado na história: “Porém, Deus comprova seu amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido em nosso benefício quando ainda andávamos no pecado” (Rm 5.8, KJ). Deus fala, mas não é blábláblá. É de agir. Seu amor é de atos. Nosso amor deve ser assim. Temos muitas declarações pomposas, inclusive em nossos cultos (“Eu declaro´¦”), mas nem sempre manifestamos este amor em ações comprobatórias. Creio que foi Francisco de Assis quem disse: “Pregue o evangelho, se for necessário use palavras”. Testemunhar verbalmente, efetuando o kerygma como proclamação (desculpem a redundância) é necessário. Mas de palavras o mundo anda cheio. Talvez até mesmo Deus esteja cansado de tanto falatório nosso. Menos palavras, pois.

Jesus amou os seus e deu sua vida por eles. Amar é dar. Amamos a Deus? O que lhe damos? Pedidos e cânticos? Amamos a igreja de Jesus? O que lhe damos? Apenas críticas e queixas? Mostremos nosso amor a Deus e a nossos irmãos. Amor hebreu, bíblico, não grego. Amor como o de Jesus, não como o dos gnósticos. Amor doador.

 

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