Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
Pastoral do boletim da Igreja Batista Central de Macapá, 19 de agosto de 2012
Em Xinguara, meu filho Beny me mostrava as obras que ele e sua esposa, ambos arquitetos, fizeram na cidade. Ela, além de sua sócia, é arquiteta da Prefeitura. Ele me mostrou um hotel que reformou e contou que o proprietário era um fazendeiro, homem simples, de quem ele gostava muito. O hotel se defasara. Novos hotéis surgiram e o dele ficara velho e feio. Ele pensara em pegar empréstimo bancário para reformá-lo. Beny o aconselhou a fazer a reforma por partes, vendendo alguns bois, para iniciá-la. A parte reformada geraria recursos para o restante da reforma.
O hotel ficou com boa aparência, concorre com os demais, o senhor não se endividou. Beny gosta de conversar com ele, pela sua simplicidade e por ser um pioneiro. Ele costuma abraçar o Beny e dizer: “Você me salvou! Eu perderia a concorrência ou ficaria endividado e nunca pagaria o débito”. Pais gostam de contar vantagens dos filhos e exibi-los como troféus. Eu me orgulho dos meus filhos, mas o ponto não é este. O ponto é a função social que cada profissional deve ter, em sua atividade.
A palavra “trabalho” vem do latim tripallium, instrumento de tortura que tem três pernas. Esta visão do trabalho como tortura é medíocre. “Meu Pai trabalha até agora e trabalho também”, disse Jesus. Quem vê o trabalho apenas como ganha pão é medíocre. Ouço as histórias de minhas ovelhas em suas atividades profissionais, e vejo o valor delas na construção da sociedade. Meu ofício pastoral é alimentá-las e orientá-las para serem bons profissionais, sejam quais forem suas áreas, deixando as marcas de Cristo na cultura do mundo.
O cristão precisa ver seu trabalho como seu ministério no mundo. Um sapateiro perguntou a Lutero como fazer para melhor servir a Deus. O reformador lhe respondeu: “Faça um bom par de sapatos e venda por um preço justo”. Uma pessoa serve a Deus quando é competente e honesta, e entende que seu trabalho honra a Deus.
Sou pastor. Por graça divina. Mas não sou mais importante que qualquer profissional cristão, que é ministro de Deus na sociedade, e com seu trabalho constrói um mundo melhor. Por mais humilde que seja a profissão, nela uma pessoa pode honrar a Deus, e ser útil aos homens. Houve uma greve de garis, anos atrás, em S. Paulo. Quando o lixo se acumulou nas calçadas foi que se viu o valor desses profissionais, nem sempre respeitados.
Se Deus o chamar para o ministério cristão, aceite com alegria. Entre com tudo, para valer, e para servir. Se ele não fizer assim, é porque seu ministério é na vida secular. Você foi salvo para servi-lo. Sua atividade profissional é seu púlpito. Seja útil, honesto, competente e honre a Deus com sua vida.