Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
Pastoral do boletim da Igreja Batista Central de Macapá, 9.9.12
Dia 5 de setembro, entro no MSN e leio: “Hoje é o dia da Amazônia. Veja quais são os animais que estão em extinção!”. Ignorância ou burrice? A Amazônia é bicho em extinção? Nela há milhões de pessoas. Não só índios, mas brancos, morenos, caboclos, mamelucos, cafuzos, como queiram. Gente que faz o Brasil. A mídia pensa em Amazônia exótica. Ignora o potencial humano, energético e mineral da região. Pensa num zoológico e em índios que devem ser mantidos à margem da civilização corruptora (mas eles não trocam a civilização corruptora pela “pureza angélica” dos índios!)
Leio o livro de Saïd Farhat, que elogiei em um artigo. Ele menciona os estados que Figueiredo visitou como “candidato” à Presidência da República. Diz que foram todos, menos Mato Grosso e Piauí. Verifico e não vejo Tocantins, Acre, Amapá e Roraima. Farhat nem os considera. A Amazônia não existe.
Um pastor me convida para pregar em sua igreja. “A igreja é pobre” e ele quer que eu vá de ônibus. Digo-lhe que o Amapá não tem estradas interestaduais nem divisa terrestre com qualquer estado. Teria que ir de táxi até a cidade de Santana, tomar um barco até Belém (vinte horas), um táxi do porto de Belém à rodoviária e o ônibus à cidade dele, para três dias de estrada. Quatro dias para ir. Quatro para voltar. Oito dias sem cama e sem banho. As refeições (oito cafés da manhã, oito almoços e oito jantares) sairiam mais caro que avião. Ele não sabia onde era o Amapá. Quando fiz o primário, tinha que marcar num mapa as serras do Brasil e decorar os afluentes do S. Francisco e do Amazonas. Hoje as pessoas fazem um curso superior e não sabem o tamanho do país nem localizam os estados. A escola ensina cidadania, mas não Geografia. Que cidadania é essa se o cidadão nem sabe como seu país é?
Um grupo de crentes vem a Macapá. Admira-se. Não há índios e onças nas ruas. Em S. Paulo alguém me indaga como compro alimentos em Macapá. Digo-lhe que compro num dos supermercados da cidade. Que ignorância!
Um colega me pergunta o que faço em Macapá. Digo-lhe: “Pastoreio um rebanho de Jesus na cidade. Ele tem povo lá!”. “Mas por que não em S. Paulo?”, retruca-me. Indigno-me. Os pastores não creem mais em vontade de Deus? Não creem que um colega ouça a voz de Deus dizendo onde servi-lo?
Na Amazônia em geral e no Amapá em particular há gente. Brasileiros. Que lutam duramente para fazer um país grande. Há crentes, servos de Jesus, filhos de Deus, que lutam para firmar o evangelho no Norte. Entre eles, a boa Central de Macapá.
O Dia da Amazônia foi 5 de setembro. A Amazônia não é só bicho. É gente. E crentes em Jesus. Aos amazônidas e aos amapaenses, meus respeitos. Esta terra é boa. Este povo é bom! Esta igreja é boa! Aqui lutamos para erguer o nome de Jesus bem alto!