Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho, preparado para a Aula Inaugural do CCC ABAME, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, dia 3 de agosto de 2009
INTRODUÇÃO
Inverti os termos que me deram. O tema era “A capacitação ministerial e a missão da igreja”. Primeiro discutirei a missão da igreja, e depois a capacitação ministerial. Porque a capacitação é para o ministério da igreja. A missão dada ao Senhor Jesus foi à igreja, não aos líderes ou a instituições. Começo por aqui porque isto tem sido esquecido. Há líderes que pensam que a missão foi entregue a eles ou à sua instituição. Há muita gente realizando ministério solo, fazendo carreira individual, sem noção de grupo. Há pastores se colocando acima da denominação a que pertencem e que investiu neles, e se colocam também acima da igreja local, que também neles investiu.
A igreja local é a pedra de toque do reino de Deus. Todos estamos debaixo da sua autoridade. Os pastores não são executivos, donos ou acionistas majoritários das igrejas. Cuidam delas, mas são membros delas, e subordinados a elas. A igreja é maior do que nós. E não apenas a igreja universal, a militante, mas a igreja local. Quando Paulo escreveu à igreja de Corinto ele disse que aqueles crentes eram o corpo de Cristo: “Ora, vós sois corpo de Cristo, e individualmente seus membros” (1Co 12.27). A igreja local não é uma faceta do corpo de Cristo, mas cada igreja local é corpo de Cristo. Por isso que organizar igreja é algo sério. E por isso, muito negócio chamado de igreja não é igreja. Porque igreja não é evento social, mas é teológico. É sempre um grupo de pessoas convertidas a Jesus Cristo, salvas pelo seu sangue, batizadas após crerem. Somos a igreja e ao mesmo tempo estamos subordinados à igreja.
É bom lembrar isso porque as instituições denominacionais muitas vezes se portaram de maneira imperial com as igrejas. Há um hiato muito grande entre as igrejas e as instituições denominacionais porque as coisas foram confundidas. A estrutura se viu como a denominação e via as igrejas como suas servas. Muito executivo tratou pastor de igreja local como subordinado. Houve muito executivo imponente e autoritário. Fui falar com um deles, uma vez, ele puxou a manga da camisa, olhou o relógio e disse que eu tinha dois minutos para dizer o que queria. Fui embora, até mesmo porque não sou pedinte. Quem faz o reino avançar é a igreja local. É nela que há conversões, é nela que se levantam ofertas. São elas que oram e pregam. O pastor de igreja local precisa ser respeitado, bem como a igreja local. Esta deve ser respeitada e amada. A instituição denominacional não é de nenhum executivo (termo muito impróprio; ele não é executivo, é servo), mas das igrejas locais. Precisamos devolver a denominação às igrejas e tirá-las de pessoas e grupos que se apossaram dela.Continue a ler »A missão da igreja e a capacitação ministerial