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O PROFETA JONAS

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Quarta  conferência teológica preparada pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho para a PIB de Nova Odessa, SP, 5/7/1

Boa parte das discussões no livro de Jonas são sobre o peixe ou sobre a historicidade do evento. Perde-se muito tempo debatendo se Jonas é um relato de algo realmente sucedido, parábola ou alegoria. Já li livros dedicando espaço enorme para provar que um peixe pode engolir um homem e vomitá-lo, vivo, depois. Não creio que o livro tenha sido escrito com este propósito. Na realidade, creio que isto é absolutamente irrelevante. Há um sentido em seu conteúdo, mais que na sua forma. E é nele que devemos centrar o nosso interesse.  Também não creio que a discussão sobre o peixe seja sinal de ortodoxia, como pensam alguns. É sinal de perda de oportunidade. De desperdício de material. O que Jonas nos ensina não está aqui. Há muito desperdício nesta discussão.

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O PROFETA JOEL

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Um estudo preparado pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho para o campus avançado do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, em Cabo Frio, agosto de 2004.

Após uma visão geral do profetismo como primeira palestra e uma segunda sobre Naum, nosso segundo vulto a ser estudado é o profeta Joel. Infelizmente, este é um profeta sobre o qual há pouca reflexão. E é ele citado, na maior parte das vezes, pinçando-se suas declarações do contexto que ele vivenciou. Se houvesse um estudo sério para descobrir do que estava ele falando, sobre seu escrito e sua teologia, evitaríamos muitos problemas de interpretação do Novo Testamento. Para muitos, o Antigo Testamento é mera curiosidade arqueológica. Mas, quando é mal interpretado, os equívocos se projetam no Novo Testamento. É prova disto o fato de que muitas das grifes evangélicas, das invenções e esquisitices contemporâneas estejam com base (ou falta de base) no Antigo Testamento. Exegeses precárias e inusitadas e interpretação fragmentária ou atomizada (como Martin-Achard prefere chamar [1]) de passagens ou incidentes, isoladas de seu contexto histórico, produzem doutrinas exóticas. Assim sucede com nosso personagem de hoje.  Interpretações equivocadas de Joel produzem distorções teológicas sérias, do ensino neotestamentário.

Com estas considerações iniciais, que são, ao mesmo tempo, advertência e estímulo, caminhemos por Joel. Sem dúvida que poderemos aprender dele.

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O PROFETA HABACUQUE

Um estudo preparado pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho para o campus avançado do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, em Cabo Frio, agosto de 2004

Fui a Cuba, algumas vezes, para pregar nas igrejas das duas convenções, a de Cuba Oriental e a de Cuba Ocidental, e para lecionar nos seminários batistas das duas convenções. Quando fui pela segunda vez, que foi a primeira no interior do país, entendi Habacuque melhor do que antes. Voltei em crise, profundamente chocado,  usando o seu  “até quando, Senhor?”. Voltei abalado na minha teologia que enfatiza muito a direção de Deus na história. Vi um povo sofrendo e um Deus apático, que não intervinha para libertar seu povo. Voltei bem melancólico, mas também um pouco mais humano, mais compreendedor de que a vida não é tão simples como muitas vezes formulamos em nossos esquemas. Senti-me, emocionalmente, como o profeta. Mas fui confortado, como o profeta, ao refletir sobre a história, em pensar sobre o passado. Cuba também está nas mãos de Deus e sua vontade sucederá lá, apesar do regime. Que um dia cairá. Ninguém barra Deus, ninguém frustra seu querer, ninguém o impede. Aprendi isto com este profeta.

Habacuque estabelece um novo tipo de profecia. A palavra do Senhor não veio a ele. Não encontramos a fórmula clássica, wayommer Iahweh, “e disse Deus”.  Foi ele a ir ter com o Senhor. Inclusive, sua profecia é chamada de hamassa, que  traduzimos por “oráculo”. Mas, literalmente, o sentido é “peso”. Sua mensagem era um peso sobre seus ombros. Ele  “viu”, diz nossa versão. O hebraico é  hazah, termo largamente empregado na literatura  apocalíptica, e não davar¸ “palavra”, como os profetas costumam empregar. Embora alguns comentaristas julguem ser a mesma coisa, é oportuno lembrar que Daniel e Ezequiel usam mais hazah e os demais profetas, davar. Habacuque já está na  fase de ser uma transição do profetismo para o apocalipticismo [1]. Este entendimento é necessário para se saber que o critério hermenêutico para entender seu livro pode ser diferente do empregado para um oráculo. A linguagem poética pode ser mais forte, aqui, e precisa se cuidar disto na interpretação.

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