Todo Mundo Odeia O Chris e Os Waltons
Isaltino Gomes Coelho Filho
“Todo mundo odeia o Chris” e “Os Waltons” são dois seriados. Eventualmente, na hora do almoço, assisto um trecho de “Chris”. “Os Waltons” é do início de minha mocidade. Lembro pouco dele, pois o início da minha mocidade está alguns anos atrás. E televisão tem efeito sonífero sobre mim.
Não gosto do seriado “Chris”. Patrulhadores me acusarão de racista porque Chris é afro-americano e John Boy é branco (ou euro-americano?). Mas eu, qualquercoisa-brasileiro, não comento por questões de cor. A história de Chris é narrada por um garoto negro (copiando os Waltons, que era narrado por John Boy, loiro). Chris é um garoto legal, bom menino, que estuda, por imposição dos pais, numa escola de brancos. É hostilizado por um garoto robusto (gordinho é politicamente incorreto) e é sempre injustiçado, embora de comportamento elogiável. Tem um casal de irmãos. Impressiona neste lar de cinco pessoas a ausência de noção de grupo. São cinco individualidades. Seus irmãos são egoístas, sempre buscando vantagem sobre os outros. Os pais não têm gestos de ternura. Como os filhos, vivem em competição. Bem produzido, o seriado é envolvente, mas mostra (e nos leva a simpatizar com ela) uma família em que a noção de lar é subordinada a projetos pessoais e mesmo vivendo sob o mesmo teto são pessoas mesquinhas.
Os Waltons foi exibido pela Globo nos anos 70 e 80. Seu tema eram laços de família (em Chris, não é a família, mas a individualidade). No final de cada episódio, a cena se repetia: “Boa noite, John Boy”, “Boa noite, Mary Ellen”. Todos se cumprimentavam com ternura. A história era narrada por John Boy, o mais velho dos sete filhos de John e Olivia Walton. Morando em fazenda e sendo pobre, o rapaz sonhava vir a ser um escritor. Mas havia um profundo sentido de solidariedade familiar no seriado.
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