A BANALIZAÇÃO DO SAGRADO
Isaltino Gomes Coelho Filho
Estava a ler “Espiritualidade subversiva”, de Eugene Petersen. Explico-me aos críticos de quem lê: não estava ocioso. Levara uma pessoa ao hospital, esperava sua alta, e remia o tempo, lendo. Como era madrugada, fazia isto também para não dormir. Desculpem-me por estar na leitura, de novo. Não se zanguem, por favor.
Desculpas à parte, voltemos ao assunto. Este comentário dele me impactou: “Moisés não tirou uma foto da sarça em chamas para levar para casa e mostrar à mulher e aos filhos. Os serafins cantores de Isaías não estavam acompanhados de um oratório de Handel, cujo CD depois ele comprou para escutar e apreciar mais tarde. João não reduziu sua visão de Jesus em gráficos para usá-los com o propósito de entreter consumidores religiosos com visões sensacionalistas do futuro” (p. 96). A figura de linguagem de Petersen se chama anacronismo e seu uso aqui ressalta seu argumento: não podemos domesticar o sagrado. Não podemos tornar o santo em matéria de entretenimento e de comércio. É preciso zelo e temor diante do sagrado para não banalizá-lo. Infelizmente, isso acontece.