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janeiro 2010

A BANALIZAÇÃO DO SAGRADO

  • por

Isaltino Gomes Coelho Filho

Estava a ler “Espiritualidade subversiva”, de Eugene Petersen. Explico-me aos críticos de quem lê: não estava ocioso. Levara uma pessoa ao hospital, esperava sua alta, e remia o tempo, lendo. Como era madrugada, fazia isto também para não dormir. Desculpem-me por estar na leitura, de novo. Não se zanguem, por favor.

Desculpas à parte, voltemos ao assunto. Este comentário dele me impactou: “Moisés não tirou uma foto da sarça em chamas para levar para casa e mostrar à mulher e aos filhos. Os serafins cantores de Isaías não estavam acompanhados de um oratório de Handel, cujo CD depois ele comprou para escutar e apreciar mais tarde. João não reduziu sua visão de Jesus em gráficos para usá-los com o propósito de entreter consumidores religiosos com visões sensacionalistas do futuro” (p. 96). A figura de linguagem de Petersen se chama anacronismo e seu uso aqui ressalta seu argumento: não podemos domesticar o sagrado. Não podemos tornar o santo em matéria de entretenimento e de comércio. É preciso zelo e temor diante do sagrado para não banalizá-lo. Infelizmente, isso acontece.

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PECADOS VIA INTERNET

  • por

Isaltino Gomes Coelho Filho

Apresentado aos casais da Igreja Batista do Cambuí, em 11 de fevereiro de 2006

Há uma idéia corrente na sociedade de que tudo que é moderno é bom. O conceito de muita gente é que a ciência é a grande libertadora, a grande redentora, e assim, tudo o que ela nos traz é bom. A cultura brasileira recebeu forte influxo do positivismo, que via a ciência como a libertadora da humanidade. Entre nós este conceito, então, é mais forte. Está no nosso imaginário.

Entre as modernidades contemporâneas está a Internet. Ela nos facilita muito a vida, tanto em pesquisas, como em comunicação. Mas há a face oculta dos perigos e da podridão. Podridão mesmo. Este é o termo. Este tema brotou de uma reportagem da revista “Veja” sobre traição virtual. Não li na revista, mas li trechos no site. Não sei se li a reportagem toda, portanto. Mas li as cartas na edição seguinte da revista. Uma mulher se sentiu muito ofendida, e um homem teve problemas sérios para consertar o relacionamento conjugal, depois do envolvimento virtual. A grande ofensa para a mulher é que ela foi trocada por nada. Não foi por uma figura de carne e osso, outra mulher que competisse com ela. Ela poderia se comparar com outra mulher, mas como se comparar com uma figura abstrata? A irritação é compreensível. Quando uma pessoa é comparada com outra ou é trocada por outra, isto é injusto, mas tem base. Mas quando se é trocado por nada, como a pessoa se sente?

O fato de que não há envolvimento físico pode aplacar a consciência da pessoa e lhe dar a idéia de que não está fazendo nada de errado. Mas será que é assim?

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QUE ELE CRESÇA E EU DIMINUA

“É necessário que ele cresça e que eu diminua” – João 3.30

Eu estava na Igreja Memorial Batista de Brasília quando o Pr. Éber Vasconcelos, até então pastor da igreja, deu posse ao seu sucessor, o Pr. Norton Lages. O “Príncipe do Púlpito” entregava seu púlpito a um colega. É difícil esquecer Éber Vasconcelos. Quem o ouviu, nunca o esquecerá. O melhor pregador que já ouvi. Mas queria diminuir e que seu ex-rebanho seguisse agora outra orientação. Leu este texto e saiu pela porta lateral.

Um verdadeiro homem de Deus age assim. Não anseia por spotlight, mas sabe sair de cena. E sabe ocupar lugar inferior. Lembro-me de uma antiga oração dos crentes, que, ao intercederem pelo pregador, diziam: “Esconde teu servo atrás da cruz de Cristo”. Bonita oração! Hoje o culto à personalidade em nosso meio chega a ser asqueroso. Parece que a oração é “Esconde a cruz de Cristo atrás do teu servo”.

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O VENTO SOPRA ONDE QUER

  • por

“O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito” – João 3.8

“Vento” e “espírito” são a mesma palavra hebraica, ruah. Ninguém diz ao Espírito onde soprar. Ele sopra onde quer. Mas muita gente quer lhe dizer onde soprar. Povo curioso, o povo crente!

Dizemos ao Espírito onde ele deve soprar quando sacralizamos formas e métodos como suas linhas de ação. Sou conservador em teologia e tradicional em liturgia. Mas minha opção não move Deus. Sou batista por conversão (converti-me numa igreja batista) e depois por opção (examinei e frequentei outros grupos, e permaneci batista). Exulto com minhas opções e as julgo corretas, não porque sejam minhas; são minhas porque as julgo corretas. Mas não penso ter o copyright de Deus. Sou expressivo no que abraço e defendo, mas não sou parvo.

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A Trindade no Antigo Testamento

Luciano R. Peterlevitz

INTRODUÇÃO

Há um grande debate sobre a doutrina da Trindade no Antigo Testamento. Os Pais da Igreja afirmaram categoricamente que o Deus de Israel é Trino. Desconsideraram assim a revelação progressiva. Outros teólogos, em contrapartida, defendem que a doutrina da Trindade inexiste no contexto veterotestamentário. Existe também a afirmação de que embora no Antigo Testamento Deus seja Trino, ali a doutrina da Trindade não é manifesta de maneira tão clara. Assim, ensinar essa doutrina tendo por fundamento o Antigo Testamento é cristianizar por demais o texto.

É verdade que na antiga aliança não existe uma manifestação clara da Trindade. No entanto, podemos afirmar que a manifestação do Deus de Israel é plural. Muitos estudiosos até afirmam que essa pluralidade é apresentada porque originalmente o conceito de Deus surgiu num contexto politeísta. O pluralismo a respeito do divino apresenta-nos um resquício da crença politeísta1.  Mas prefiro acreditar que essa pluralidade está de acordo com a crença cristã na Trindade.

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ESTUDO NO LIVRO DE GÚNESIS

  • por

Preparado pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho, para a IB Nova Vida, Valparaíso, GO, pastoreada pelo Pr. Isaías Gomes Coelho e apresentado em 3.1.10

INTRODUÇÃO

É difícil apresentar um panorama de Gênesis em apenas uma aula. É um livro extenso (50 capítulos) e com muito material, não pela extensão, apenas, mas pela riqueza de seu conteúdo. Alguma coisa será sacrificada. Analisando meus arquivos, vi que é o livro do AT em que mais prego, exceção à Salmos, onde fiz uma série de estudo na IB do Cambuí, tendo chegado ao Salmo 150. É óbvio que há mais mensagens em Salmos. Mas Gênesis é fascinante. É o começo. Do mundo, de Israel, da história da salvação. Para se entender bem toda a mensagem da Bíblia não se pode perder Gênesis de vista. Andaremos por aqui, nestas duas noites. Vou me deter mais na primeira parte do livro. A segunda, que é histórica, analisarei do ponto de vista da teologia do livro.

1. TÍTULO E TEMA – Gênesis é uma palavra grega que vem da Septuaginta (o Antigo Testamento traduzido para o grego) e significa “princípio”, “origem”, “nascimento”. O título em hebraico é Bereshith , uma palavra composta: (“na”) e reshit. Esta palavra deriva de rosh, literalmente, “cabeça”, e o sufixo it, com a idéia de algo indefinido. Por isso o nome é entendido como “princípio”. São as duas primeiras palavras do livro, significando “no princípio”. O livro trata dos princípios, e daqui já vem seu tema: o princípio da criação do mundo, o princípio da história da salvação (a partir do capítulo 12) e o princípio de Israel, com o surgimento da família eleita.

2. ESBOÇO BÁSICO – O livro tem duas grandes divisões, cada uma com quatro subdivisões. Há quatro eventos de destaque, na primeira parte, e quatro pessoas de destaque, na segunda parte:.

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EM DEFESA DO LIVRO E DE QUEM LÚ

Isaltino Gomes Coelho Filho

Pedi à boa amiga Westh Ney que fizesse a apresentação do meu livro “O Pai Nosso: a oração que Jesus ensinou”. Competente e mais bondosa ainda (seu esposo, o amigo Marcelo, sabe bem disso), Westh caprichou e saíram elogios além da conta. Uma das coisas que ela disse foi sobre o número de livros que eu leio por ano.

Barbaridade, como isso rendeu zombarias! Foi aí que descobri que meu país e meu povo, o povo batista, são mais curiosos do que eu imaginava. Fui ironizado por ler e estudar, que é o que se espera de quem ensina! Bem, isto não é estranho num país onde o supremo mandatário, que deveria dar o exemplo aos estudantes, diz que livro é como aparelho de ginástica, a gente olha e foge. Se ele não disse exatamente isso foi algo parecido, porque são tantas parvoíces que a gente se perde. E o povo batista é curioso. Reclama de suas deficiências e investe para aumentá-las.

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