O País Doente
Isaltino Gomes Coelho Filho
No jornal “Folha de S. Paulo”, dia 27 de abril, Ruy Castro escreveu um artigo intitulado “O país doente”. Ele alista o que o faz pensar assim. Para facilitar meus leitores, enumerarei seus itens. Se entendi bem, tudo aconteceu em um dia só.
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Um bebê de quatro meses foi levado pela mãe e tia a um hospital no Rio. O bebê estava com fraturas antigas e novas nos braços, pernas e clavícula, além de hematomas por espancamento. Pai e mãe espancavam o bebê porque ele chorava.
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Em Goiânia, uma menina de nove meses foi atacada a tesouradas pela mãe e foi salva pelo pai, que arrombou a porta do banheiro onde a mulher se trancara com o bebê. Ela iria matar a menina porque recebera “ordens de Deus para sacrificar a criança”.
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Horas depois, na mesma Goiânia, um PM reformado espancou a filha de um ano e um mês porque ela “se recusava a falar”. A mãe do bebê foi defendê-lo e foi espancada.
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Em Santana do Livramento, RS, uma mulher de 42 anos matou os dois filhos, de oito e seis anos e depois se suicidou. Estava desesperada por ter sido abandonada pelo marido, sem pensão, com a mãe doente e dois filhos para criar.
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Em Porto Ferreira, SP, uma mulher espancou os netos, uma menina de quatro anos e um menino de dois, com uma chave inglesa.
Depois de alistar estas violências, que sequer são a ponta do iceberg, Ruy Castro afirma, como conclusão de seu artigo: “Mais do que nunca no Brasil, a violência está também dentro de casa. Quando nem crianças e bebês sentem-se a salvo de seus pais, tios ou avós, é porque o país parece definitivamente doente”.
Nenhuma opinião, nenhuma alternativa à violência. Apenas a constatação. Evitou pelo menos nos agraciar com mais sociologismos. Eu, de meu lado, não evitarei nem me constranjo em teologizar. Sou um cristão assumido, minha cosmovisão é bíblica, procuro entender o mundo pela Bíblia e vejo nela as respostas para a humanidade. Não pretendo ensinar nada a Ruy Castro nem a outras pessoas. Mas quero expor meu ponto de vista. Numa sociedade em que todo mundo tem direito a ter opinião, expendo a minha. Tenho direito. E podem me chamar de fundamentalista (geralmente as pessoas nem sabem o que isto significa) ou “mente fechada”. Mas deixo bem claro: minha opinião vem da Palavra de Deus. E prefiro ser um fundamentalista da Bíblia a um fundamentalista segundo o mundo. Porque há fundamentalistas mundanos. E são terrivelmente patrulhadores. Mas, conscientemente, dou-lhes munição: o que a Bíblia diz?