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novembro 2009

Os Grandes Princípios Batistas

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Preparado pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho, para um congresso doutrinário em Altamira, Pará, novembro de 2009

Vimos um pouco da história dos batistas. Vimos também que, a rigor, não temos um fundador da igreja batista, porque várias comunidades batistas começaram a pipocar na época do surgimento da primeira igreja batista no mundo. Nossa origem histórica pode remontar ao pastor John Smith e ao advogado Thomas Helwys, mas eles não criaram nossos princípios e nossas doutrinas. Vimos, também, certa confusão dos primeiros batistas exatamente por causa de não termos uma origem numa pessoa, mas ao redor de princípios. Os princípios já estavam lá e foram entendidos por várias pessoas, em vários grupos. O que tornou difícil remontar a uma origem proclamada num lugar, dia e mês, embora consideremos a igreja fundada na Holanda, em 1609, como a primeira igreja batista. Mas sabemos que há diferenças de interpretações, o que mostra não haver unanimidade, embora a maioria opte como optei.

Perguntemo-nos: o que direcionou os primeiros batistas? Por que eles surgiram? Vamos examinar os pontos principais balizadores dos batistas. Eles são a linha por onde andaremos. Examinado nosso passado histórico e nossa teologia, ouso apontar oito pontos principais, dentre vários. São eles: a suficiência das Escrituras, a liberdade de opinião, o batismo consciente de crentes, a segurança eterna dos salvos, as ordenanças (batismo e ceia), o sacerdócio universal de todos os crentes, a igreja local com governo congregacional autônomo, a separação entre os poderes civil e religioso.

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Um pouco da história dos batistas

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Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho, preparado para um congresso doutrinário em Altamira, Pará, novembro de 2009.

A denominação batista está presente em todo o mundo, com cerca de cem milhões de membros, em mais de trezentas mil comunidades locais, chamadas “igrejas batistas”. Somos uma denominação organizada, bem estruturada, com uma visão teológica não fragmentária, e numa perspectiva correta, em que a parte se subordina ao todo. Nossa história é rica e é nobre. Não surgimos ao redor de uma briga por dinheiro ou de uma disputa por liderança. Surgimos ao redor de princípios. Poucos grupos têm uma história tão inspiradora e decente como a nossa. Nunca pescamos em aquário. Nunca predamos igrejas de outras denominações. Nunca entramos sorrateiramente numa igreja e fomos mudando a doutrina devagarinho, até darmos o golpe e mudarmos tudo para nosso grupo. Nunca lesamos ninguém. Sofremos com atitudes assim, mas não as praticamos.

Na história do movimento evangélico, os batistas têm oferecido alguns dos maiores missionários, alguns dos maiores evangelistas e alguns dos maiores teólogos. Temos currículo, e não Boletim de Ocorrência. Somos gente decente. Mas temos alguns pontos que sempre são discutidos, o que mostra nossa pujança e a espontaneidade do movimento batista. Um desses pontos é este: quando surgiram os batistas?

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Uma ponderação sobre o adoracionismo de nossas igrejas

Isaltino Gomes Coelho Filho

Numa igreja em que pastoreei um rapaz, de bom nível acadêmico, comentou que “o pastor não gosta de louvor”. Surpreendeu-me que o não tão rapaz, quase quarentão dissesse isso. Segundo o Instituto Paulo Montenegro, apenas 26% dos brasileiros conseguem ler e interpretar um texto. Então, 74% são como o eunuco: não entendem o que lêem. Mas a pessoa tinha até pós-graduação.

Mas este rapaz-senhor é crente e os crentes têm muita facilidade de colocar na boca alheia palavras que não foram ditas. Principalmente quando sem argumentos. Mas não escrevo para criticar os 74%, nem a desonestidade de muitos crentes em sua argumentação. Lembro Baudolino, de Umberto Eco: “(…) em minha viagem percebi quanto os cristãos podem se esfolar uns aos outros por uma simples palavra”. Então, leiam o que estou dizendo, sem torcer e sem colocar palavras em minha boca. Nem me esfolem. Já o fui bastante e ainda não me recuperei de algumas esfoladas.

Eis o que digo: penso que o “adoracionismo” ou o “louvorismo” que grassa em nossas igrejas é uma arma diabólica para deixar os crentes enfurnados, fazendo o que gostam, cantando ingenuidades que não definem biblicamente quem é Deus, o que é igreja, qual a missão dos crentes, ao invés de levá-los ao testemunho. Entendeu? Se não, por favor, releia. Nem sempre sou muito claro, mas estou tentando.

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Debaixo da figueira

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“Perguntou-lhe Natanael: Donde me conheces? Respondeu-lhe Jesus: Antes que Felipe te chamasse, eu te vi, quando estavas debaixo da figueira. Respondeu-lhe Natanael: Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és rei de Israel” (Jo 1.48-49).

Que confissão de fé estranha! Porque Jesus disse que o vira antes, debaixo da figueira, Natanael se rende a ele, com três declarações: “Rabi, filho de Deus e rei de Israel”. Tanta coisa por uma alegação de que fora visto debaixo de uma figueira? O que há de tão inusitado nisto?

Tudo começa com o fato de que ao ser apresentado a Jesus, Natanael ouve dele um elogio. Ele, Natanael, é um israelita em que não há “fingimento” (Almeida Século 21). Natanael nunca se encontrou com Jesus. Como Jesus pode afirmar isto dele? Jesus o viu debaixo da figueira, antes que Felipe o chamasse. Natanael fica tão estupefato que se rende, com três declarações de fé em Jesus. O que há por trás disso?

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Adoradores, sim, mas incrédulos!

“Assim diz o SENHOR: Apresenta-te no pátio da casa do SENHOR e diz aos habitantes das cidades que vêm adorar na casa do SENHOR, todas as palavras que te mando que lhes fales; não omitas uma só palavra. Pode ser que ouçam e se convertam do seu mau caminho, para que desista do mal que planejo fazer-lhes por causa da maldade de suas ações” – Jeremias 26.2-3 (Almeida Século 21).

Palavra dura, mas bem clara: eram adoradores, mas incrédulos. Quem vê a dimensão que o termo “adorador” tomou no cenário evangélico, pensa que io que de mais importante podemos fazer é cantar corinhos ingênuos, com cara de quem sofre crise de cálculo renal, isto é, fazendo ar de quem sente dor, franzindo testa, levantando mãos, revirando olhos. Isto é o cúmulo do status da espiritualidade evangélica: cantar letras fraquinhas em músicas capengas, com instrumentos banais, fazendo ar compungido.

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Vinte e três anos de trabalho infrutífero

“Por um período de vinte e três anos, desde o décimo terceiro ano de Josias, filho de Amom, rei de Judá, até o dia de hoje, a palavra do SENHOR tem vindo a mim, e eu a tenho anunciado a vós insistentemente. Mas vós não me tendes dado ouvidos” – Jeremias 25.3 (Almeida Século 21).

Algumas expressões mostram o peso da acusação neste versículo. “A palavra do Senhor”, “vinte e três anos”, “vindo a mim”, “tenho anunciado”, “não me tendes dado ouvidos”. Como o povo de Deus ouve a palavra de Deus por 23 anos e se recusa a cumpri-la? Há milhares de crentes assim! Há igrejas inteiras em que a vida social prevalece sobre a palavra de Deus, e a vontade de donos da igreja prevalece sobre a vontade de Deus! A fala de Jeremias e o que observamos hoje comprovam como o coração humano é duro e pecaminoso! E a facilidade com que tornamos os negócios de Deus uma extensão dos nossos, e como tornamos o relacionamento com Deus em atividade social! Quantos membros de igreja querem mesmo ouvir a voz de Deus, e não apenas receber seu amparo e promessas?

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Maldito seja o negligente!

“Maldito quem fizer a obra do Senhor de forma negligente!…” – Jr 48.10 (Almeida Século 21).

Se o versículo contivesse apenas esta declaração já seria chocante. Mas a segunda piora a situação: “Maldito o que poupar a sua espada de derramar sangue!”. É uma profecia contra Moabe. Deus anuncia sua ruína e manda destruidores contra Moabe. E estes devem fazer o serviço bem feito. Ai deles se pouparem Moabe! Ai deles se fizerem esta obra de condenação divina com negligência.

A questão é impressionante. Se Iahweh não tolera má vontade na destruição tolerará má vontade na construção? A construção do reino de Iahweh, cujas bases foram estabelecidas por Jesus Cristo, e de modo tão caro (seu sangue) pode ser feita de maneira relaxada?

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Cada um é livre para fazer o que quer

Há pouco tempo atrás, em um programa de televisão que recebe a opinião dos ouvintes para decidir o seu final, uma pessoa disse o seguinte: “Cada um é livre para fazer o que quer”.

A frase encerra uma declaração que deve ser analisada. Realmente, cada pessoa é livre para fazer o que deseja. O ser humano é dotado de capacidade de pensar e tomar decisões. É responsável pelos seus atos. Não se pode impor a alguém uma religião ou uma ideologia, por exemplo. Pais escrupulosos nunca imporão a seus filhos uma profissão, também. A vocação e as habilidades das pessoas devem ser respeitadas. Neste sentido, a frase tem muita razão. Cada um faz o que quer de sua vida, sendo por isso responsável. Assim, neste sentido, a liberdade é plena.

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Religião como enfeite

“Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles; de outra sorte não tereis recompensa junto de vosso Pai, que está nos céus” (Mateus 6.1)

Isaltino Gomes Coelho Filho

(Publicado originalmente na revista “Você”)

Há um site de humor que mostra atrizes famosas, maquiadas, bem vestidas, enfeitadas, e exibe outra foto delas, ao natural, sem produção alguma, como se diz. A diferença é tão grande que muitas vezes nem se reconhece quem é. A imagem da pessoa enfeitada é bem diferente da pessoa real.

Acontece isto muitas vezes na área religiosa. As pessoas se enfeitam e aparecem como não são. Quando vistas na vida real, não há semelhança entre as duas imagens, a produzida, e a natural. Há muita religiosidade artificial, apenas enfeite na vida da pessoa. Serve para exibir uma imagem bonita aos outros, mas no fundo, a pessoa não é aquilo. Às vezes, a pessoa real é até feia.

Por exemplo: no culto há quem seja bem exagerado nos cânticos, com gestos e balanço de corpo, de modo que todos vejam sua participação, mas sua vida fora da igreja não condiz com o que canta. Há também a bondade exibicionista, em que o bem é feito para a pessoa mostrar aos demais como é generosa. Mas, no fundo, a pessoa não se importa muito com os sofredores.

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O seguidor de Jesus, uma pessoa transparente

“Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí, vem do Maligno” (Mt 5.37)

Isaltino Gomes Coelho Filho

Publicado originalmente na revista “Você”

Numa obra de ficção intitulada 1984¸George Orwell mostra uma sociedade rigidamente controlada por um ditador. Até os pensamentos das pessoas são lidos por máquinas.  Assim, para escapar, elas desenvolvem o “duplipensar”, um jeito de pensar algo quando se está pensando, na realidade, de outra maneira. Uma maneira falsa de pensar. Um pensar duplo.

Muita gente pratica o “duplifalar”. Fala de uma maneira, mas na realidade suas palavras não significam o que estão dizendo. Querem dizer outra coisa. Vemos em nossas igrejas pessoas que dizem com seus lábios seguir a Cristo, mas que têm uma conduta que nega suas palavras. O que elas falam não significa nada. Algumas sorriem e falam simpaticamente com um irmão na fé, mas por trás o atacam com maldade. Neste caso, tais pessoas têm uma palavra dupla. Isto é estranho, pois o testemunho de Pedro sobre Jesus é que “Ele não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano” (1Pe 2.22). Jesus nunca mentiu, nunca contou uma inverdade nem deu sentido duplo às suas palavras. Ele sempre foi transparente. O que ele dizia ele fazia. O que pedia dos outros ele praticava: “Porque eu vos dei exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também” (Jo 13.15).

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Que a vontade de Deus se cumpra! (desde que coincida com a nossa!)

“Seja a resposta boa, seja má, obedeceremos à voz do SENHOR nosso Deus, a quem te enviamos, para que tudo vá bem conosco, obedecendo à voz do SENHOR nosso Deus” e “Foram para a terra do Egito, em flagrante desobediência à voz do SENHOR, e chegaram a Tafnes”   – Jeremias 42.6 e 43.6 – Almeida Século 21.

A liderança política de Judá procurou Jeremias e lhe pediu para consultar ao SENHOR. Deveriam ir para o Egito ou não? Estavam dispostos a obedecer, fosse a resposta boa ou não. Que atitude bonita! Vemos tanta gente assim, hoje, que quer saber a vontade de Deus para sua vida e se dispõe a cumpri-la, independente de qual seja. Isto é que é submissão!

Dez dias depois, a palavra do SENHOR veio a Jeremias, e ele chamou Joanã e os demais líderes da nação e lhes deu a resposta. Não deveriam ir para o Egito, e sim ficar em Jerusalém. A resposta fora dada e agora era a hora de cumprir a disposição de obedecer.

Foi uma indignação: “Então falaram Azarias, filho de Hosaías, e Joanã, filho de Careá, e todos os homens soberbos, dizendo a Jeremias: Tu dizes mentiras; o Senhor nosso Deus não te enviou a dizer: Não entreis no Egito para ali peregrinardes” (Jr 43.2). O povo foi para o Egito e arrastou Jeremias e seu secretário, Baruque, consigo. E a obediência tão pomposamente afirmada antes? Bem, Deus não confirmou a vontade do povo, e assim este se recusou a obedecer. Bem típico de muita gente, ainda hoje. Se a Bíblia confirma sua posição, cumpra-se. Se não corrobora sua posição, então busque-se alguma outra fonte. O que importa é que a vontade do homem se cumpra.

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Não me adianta me queimar; se me queimar vem outro em meu lugar

“(…) O rei as cortava com uma faca de escrivão e as lançava no fogo braseiro, até que todo o livro foi queimado no fogo do braseiro (…) E enquanto Jeremias ditava, Baruque escreveu nele todas as palavras que Jeoaquim, rei de Judá, tinha queimado. E foram acrescentadas muitas outras palavras semelhantes” – Jr 36.23 e 32 (Almeida Século 21).

Raul Seixas, roqueiro baiano, compôs uma música chamada “A mosca na sopa”. Ela mescla e alterna os ritmos de rock e música baiana (que é sempre a mesma, embora mude anualmente o nome). Se me lembro bem, foi sua resposta à crítica que recebera de alguns cantores baianos que queriam que ele só cantasse música baiana e não o rock, “símbolo do imperialismo”. Ele se dizia a mosca que pousara na sopa de alguém, e, em certo trecho, diz: “Não adianta me dedetizar porque se me matar aí vem outra em meu lugar”. O patrulhamento ideológico dos “intelectuais” não impediria o estilo do rock de avançar, mesmo na Bahia. Foi isso que entendi, ao ler a questão. Aliás, os intelectuais e a esquerda libertadora são patrulheiros. A liberdade é sempre para si, nunca para os outros. Vide a liberdade de imprensa cubana e chavista.

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Os dentes dos filhos não sentem dor pelo mau uso dos dentes dos pais

“Naqueles dias não dirão mais: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que embotaram? Pelo contrário, cada um morrerá por sua própria iniquidade; os dentes de todo aquele que comer uvas verdes é que se embotarão” – Jeremias 31.19-30 (Almeida Século 21)

Ávidos por novidades, buscando destaque e atenção pelo inusitado, pregadores criaram uma doutrina que o cristianismo, em dois mil anos, nunca suspeitou haver: maldição hereditária. Aliás, o que tem de gente reinventando o evangelho é terrível. Como a competição é grande, as idéias mais esdrúxulas aparecem. Com esta, a pessoa, mesmo convertida, carrega uma maldição proferida por alguém, e precisa de uma reza forte para quebrar a maldição. O sangue de Jesus perdeu o poder, ou só funciona quando manipulado por alguém…

Deus diz que haveria um tempo em que ninguém sofreria a ação dos antepassados. Se os pais chupassem uvas verdes, os dentes dos filhos não embotariam. Os dentes dos pais, sim. Os dos filhos, que não chuparam, não. Quando seria isto? Logo a seguir, após esta declaração, Deus anuncia a nova aliança (Jr 31.31-34), a que faria por meio de Jesus Cristo (Mt 26.28). Na nova aliança, a responsabilidade é pessoal. Pai não transfere culpa, filho não herda culpa.

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