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abril 2008

A Cruz e o Pináculo

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A Cruz e o Pináculo

Conhecia Helmut Thielicke do livro Mosaico de Deus. Comprei e comecei a ler As tentações de Jesus, também dele. O livro é bom: foram três edições em alemão.

Uma expressão sua me encantou (ouvindo-a, Meacir concordou: “Puxa, que lindo!”): “Deus aproxima-se silenciosamente, sem ser notado por ninguém, entra pela porta dos fundos do mundo, e repousa no estábulo de Belém”. O Deus silencioso! O mesmo Deus que respondeu a Elias contrariando a sua expectativa. Não veio como terremoto, vento despedaçador ou fogo, mas como brisa mansa e suave.

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Como conservar a unidade entre a diversidade

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Como conservar a unidade entre a diversidade

Preparado pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho, para a Associação Batista Gonçalense, abril/2008

 

 

INTRODUÇÃO

            Amigo de correspondência, pastor de outra denominação, me indaga se os batistas não estariam melhores se houvesse um controle sobre as igrejas, para evitar problemas doutrinários como G12, por exemplo. Ainda não lhe respondi pois tinha muita coisa por fazer e a resposta demanda tempo. Além disto, esta palestra tocaria no assunto e me permitiria ter mais raciocínio para responder.

            Há em nosso meio um pensamento com tendência a um controle externo sobre as igrejas. É uma reação a alguns abusos que aconteceram em nosso arraial. Infelizmente, todos conhecemos casos de gente pouco honesta que mudou lentamente as doutrinas na igreja, até levar o patrimônio consigo ou para outro grupo. É lamentável. Mas não creio que policiar as igrejas seja a solução. Mesmo porque na doutrina batista, as igrejas são a denominação e são elas que devem controlar as instituições. Chamamos nossas instituições de denominação, mas denominação são as igrejas batistas e não as convenções. Foi em 1879 que se organizou a primeira igreja batista no Brasil, e a Convenção Batista Brasileira surgiu em 1907. Não foi a convenção que criou o trabalho batista no Brasil, mas as igrejas batistas que criaram a convenção. E não a criaram para tutelá-las, mas para servi-las.

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A questão da liturgia

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A questão da liturgia

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

 

INTRODUÇÃO

         Liturgia é palavra que nos vem do grego leitourgeía. Originariamente, o termo se usava para o serviço público.  Na democracia grega significava o serviço que um cidadão prestava ao povo. No Egito, na época dos Ptolomeus, significava o serviço público, inclusive remunerado. O litúrgico era o funcionário público.

         A LXX usa o termo para designar o serviço dos levitas no templo. A literatura grega-cristã a usou o termo liturgia para designar o culto cristão e seus ritos. Serviu para designar o culto público, em contraste com o culto privado.

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A igreja, mais uma família que uma instituição

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A igreja, mais uma família que uma instituição

 

Preparado pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho para a Associação Batista Gonçalense, abril de 2008

 

            O tema desta palestra é o título de um capítulo do livro À igreja, com carinho, de minha autoria [1]. Mas não é um resumo do capítulo.  Segue na mesma linha e o complementa. Trata de uma necessidade da igreja contemporânea e adverte para um perigo que ela enfrenta, a descaracterização.

            Esta descaracterização já se nota na tentativa de definição. Tomemos a palavra de Jesus, “edificarei a minha igreja”, em Mateus 16.18. Não teremos dificuldades em afirmar isto: a igreja é de Jesus. Mas teremos dificuldades em definir o que é igreja. Ela é de Jesus, mas o que ela é, exatamente?

 

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Para onde vamos após a morte?

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Para onde vamos após a morte?

 

Preparado pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho para os pastores da Associação Batista Gonçalense, abril de 2008

 

INTRODUÇÃO

Saber o que nos acontece após a morte é uma curiosidade natural para quem crê na sobrevivência da alma. O materialista nada tem a especular aqui. Sua vida é pobre e se resume à sobrevivência física. Morrendo ele, tudo se acabou. Mas os que pensam em vida após a vida têm esta curiosidade. Para onde vamos após a morte?

A Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira é clara neste tópico (como o é em todos os tópicos). Diz ela, no item 16, intitulado “A Morte”, na sua quarta afirmação: Pela fé nos méritos do sacrifício substitutivo de Cristo na cruz, a morte do crente deixa de ser tragédia, pois ela o transporta para um estado de completa e constante felicidade na presença de Deus. A esse estado de felicidade as Escrituras chamam “dormir no Senhor”.  E alista as seguintes passagens bíblicas: Romanos 5.6-11 e 14.7-9, 1Coríntios 15.18-20, 2Coríntios 5.14-15, Filipenses 1.21-23, 1Tessalonicenses 4.13-17 e 5.10 e 2Timóteo 5.11. Vamos começar a partir daqui.

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E o Botafogo atropelou as forças ocultas…

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E o Botafogo atropelou as forças ocultas…

 

            Manchete do Globo Online, de 14 de abril: “Forças ocultas – astros apontam a dupla Fla-Flu na final da Taça Rio”. O Globo consultou representantes da numerologia, do baralho cigano e tarô sobre as finais da Taça Rio. E diz: “E deu Flamengo por unanimidade”.

            Segundo a numeróloga Norma Estrella: “O dia não será propício para o Botafogo”. Mais: o dia 13 possuiria vibrações de perdas que atingiriam mais o Botafogo que o Flamengo.

            Segundo Fernanda Luz, pelo baralho cigano, as energias estariam em desequilíbrio no Botafogo. E no Flamengo, seriam “energias de concretização”.

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O uso do Antigo Testamento na pregação contemporânea – Parte Um ? Uma Visão Equivocada

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O uso do Antigo Testamento na pregação contemporânea

Parte Um – Uma Visão Equivocada

 

 

Preparado pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

 

INTRODUÇÃO

Quando fui professor de Homilética na Faculdade Teológica Batista de S. Paulo, nos anos setentas, pedi que os alunos da disciplina fizessem um levantamento da proporção de mensagens pregadas no Antigo e no Novo Testamentos. Fogem-me os dados, porque muito tempo já decorreu e porque nas mudanças muito papel se perde, mas recordo-me que a proporção estava em quatro sermões no Novo Testamento para cada sermão no Antigo Testamento.

 

                Deve ter havido uma mudança nesta situação. Há hoje uma pregação maciça no Antigo Testamento. Isto não é ruim em si mesmo. O ruim é que se vê muita pregação no Novo Testamento com este sendo analisado pelo Antigo. Está havendo uma supremacia do Antigo sobre o Novo não apenas em quantidade, mas como critério de interpretação. O Antigo tem interpretado o Novo e seus pressupostos teológicos têm sido empurrados para a Igreja, a comunidade do Novo. A Igreja precisa conhecer o Antigo Testamento, mas não precisa obedecê-lo. E, por favor, não me acusem de antinomismo. Na medida em que a palestra caminhar entenderão o que quero dizer, se já não entenderam logo. São inteligentes e não quererão fazer “pegadinhas”. Isto é coisa de meninos.

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O uso do Antigo Testamento na pregação contemporãnea – Parte Dois ? Buscando Acertar

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O uso do Antigo Testamento na pregação contemporãnea

Parte Dois – Buscando Acertar

 

Preparado pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

 

INTRODUÇÃO

Na palestra anterior mencionei o volume de pregações no Antigo Testamento, ressaltando alguns equívocos que vêm sendo cometidos, como o da mera transposição do texto, o apelo à alegorização e a desconsideração de  um princípio teológico elementar, o da revelação progressiva.

 

Na presente palestra pretendo mostrar algumas maneiras de trabalhar o texto bíblico do Antigo Testamento em nossas mensagens. Um dos problemas que podemos ter em pregar mensagens nesta parte da Bíblia é que, mesmo com a exegese correta, a mensagem pode ser excelente para uma sinagoga, não para uma igreja. A questão é: como pregar o Antigo Testamento, como um pregador cristão, falando de Cristo para um auditório cristão? Chamei a atenção para o fato de que pregamos a Cristo e devemos ver que o Antigo Testamento dá testemunho de Cristo. Vamos por aqui, então. Quais os passos corretos?

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A Obra do Espírito Santo

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A Obra do Espírito Santo

 

Preparado pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho para a aula inaugural da EBD da Igreja Batista do Cambuí, 6 de abril de 2008

 

 

INTRODUÇÃO

Qual é, exatamente, a obra do Espírito Santo? Há muita confusão em nossos dias sobre este assunto. Para alguns, vivemos na “era do Espírito” e ele se manifestou a algumas poucas pessoas, que lideram ministérios evangélicos que muitas vezes trazem escândalos,  e que vivem fora do controle das igrejas e dos crentes. Mas a Bíblia diz que Jesus é o clímax da revelação (Hb 1.1-2), e não o Espírito Santo. E que Deus escolheu a igreja, não ministérios específicos nem homens especiais, para manifestar sua sabedoria ao mundo e às potestades espirituais (Ef 1.10). O cristianismo é Jesus, não o Espírito. O propósito de Deus passa pela igreja, não por apóstolos autonomeados ou por ministérios cujas finanças ninguém acompanha e que são dirigidos de forma imperial.

 O Espírito Santo tem sido blasfemado por pessoas que dele se aproveitam para formar impérios ou levantar movimentos pessoais, à parte de qualquer controle dos crentes.

Qual é a função do Espírito Santo? Dar choque nas pessoas? Energizar o culto, trazendo euforia às pessoas? Levá-las a uma segunda bênção? Muitas afirmações são feitas, mas poucas têm embasamento bíblico. A resposta deve ser buscada na Bíblia. Afinal, em questões teológicas, se somos cristãos evangélicos, a fonte de autoridade não é a palavra de algum pastor iluminado ou o que alguém sentiu. Nossa fonte de autoridade deve ser sempre a Escritura Sagrada, a Bíblia. O testemunho que ela mesma dá a seu respeito é contundente: “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12). Ela discerne nossos pensamentos e intenções, está acima deles. Ela é a verdade, no dizer de Jesus: “Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). O que ela diz ser a obra do Espírito Santo? Esta é a questão: o que a Bíblia diz?

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Cultura Inútil

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Cultura Inútil 

 

            Estava numa banca de jornal e me surpreendi com o volume de publicações. Desde bom material até lixo pornográfico, cds, um grande volume de revistas em quadrinhos e livros de auto-ajuda, tudo ensinando e tudo prometendo. Pornografia para todo tipo de doente.  Há excesso de informações, a maior parte desnecessária.  

            Entro na Internet e vejo as manchetes:

            “Paola  Oliveira e Mattar terminam namoro” (E daí? Quem são eles?).

            “Stephany Brito e Pato ficam noivos  em Paris” (Não sei quem é ela, mas precisou ir a Paris achar um pato?).

            “Pamela Anderson nua em festa” (Estava de fogo?).

            “Pierce Brosnan come feijoada no centro de São Paulo” (Da próxima vez experimente virado paulista!).

            “Alzira rompe com Juvenal Antena” (Puxa!)

            “Cantora Maria Rita revela que está namorando firme” (Sério?)

            Isto não é cultura. É fofoca. Muita gente consome irrelevâncias e se julga bem informada. Pensa que está sendo preparada para a vida, mas não sabe do essencial. Consome bobagem e é privada do fundamental. Isto é manipulação do sistema. Satisfaz as pessoas, na sua ânsia de saber, mas sonega-lhes o essencial. Por que as coisas são como são? Por que temos arrecadação de impostos tão alta e péssimos serviços médicos, educacionais e rodovias abandonadas? Por que pagamos impostos de primeiro mundo e temos serviços de terceiro mundo? Para onde vai o dinheiro? Por que tanta baixaria na vida política? É cabível a epidemia de dengue no Rio? Empanturram-nos de fofocas e sonegam-nos o essencial. Temos informações desnecessárias, análises irrelevantes, e ausência de uma abordagem séria que responda, esclareça e leve a população a exigir. A  banalidade é o “pão e circo”  de hoje.

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Correntes Teológicas Contemporâneas – Um Passar De Olhos

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Correntes Teológicas Contemporâneas – Um Passar De Olhos 

Isaltino Gomes Coelho Filho

 

            O cenário teológico anda razoavelmente calmo, depois de algumas décadas de “furor”, com algumas correntes de destaque.  Tivemos as teologias secularizantes, de fundo existencialista, como a da morte de Deus, com expoentes como Altizer, Hamilton, Robinson, Vahanian, Van Buren e outros menos cotados. Veio a da esperança, de Moltmann, e sua quase gêmea, próxima a ela, a teologia da história, de Pannenberg.

A teologia da libertação foi a grande estrela dos últimos anos.  Com ela, a teologia saiu de salas de aula e gabinetes de teólogos para a mídia secular. Parte disto se deveu ao uso de categorias marxistas de pensamento como princípio hermenêutico, ou seja, como a ótica pela qual se interpreta a Bíblia. Como o marxismo é o ópio dos intelectuais, isso a projetou muito. Além disso, ela “pegou carona” no impulso dado pelas teologias secularizantes, porque sua cristologia se tornou em “jesuologia”, tomando o homem Jesus e não o Cristo, como referencial. Centrou-se no homem para os outros, o libertador social, o reformador, mais que no Salvador. O Reino de Deus se tornou reino dos homens e a evangelização se tornou luta política. Em termos gerais, é isso.

Passamos pela teologia situacional, de Fletcher, que mereceu, acertadamente, o título de ética da situação. Era mais práxis que teologia. Chamá-la de “corrente teológica” era uma impropriedade.

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O dia em que a fé acabou

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 O dia em que a fé acabou
 “Quando o Filho do Homem voltar, porventura encontrará fé na terra?” (Lc 18.8)

PR. DANIEL ROCHA
Pastor da Igreja Metodista em Itaberaba, e psicólogo ([email protected])


Ano de 2025. O culto das 18 horas vai começar numa mega-igreja dentre muitas que se espalham pela cidade. A grandiosidade e beleza do templo confundem-se com os modernos shoppings. Dentro há grandes lojas, academia para os fiéis, salas de jogos e restaurante. O culto pode ser assistido de qualquer lugar da catedral, até mesmo da sala de jogos virtuais freqüentada pelos adolescentes. Finos telões de plasma espalham-se por salões climatizados e poltronas confortáveis.

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Shopping De Igrejas

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Shopping De Igrejas

 

            Lembro-me de uma pessoa, no início de meu ministério na Cambuí, que me disse ter mudado há pouco para Campinas e estava freqüentando as igrejas, analisando e vendo o que cada uma tinha para lhe oferecer. Depois escolheria uma para se filiar. Pastor rodado, conhecedor dos tipos de membros de igreja, desejei que Cambuí não fosse a “agraciada”. Felizmente não foi. Porque sei que pessoas que se supervalorizam e desejam que o mundo se encaixe em sua visão não são boas companhias. Geralmente azedam o lugar por onde passam, e logo precisam mudar de ambiente. Não se pode contar com elas para projetos sérios que não tenham sua grife pessoal. Estão sempre indo ao shopping de igrejas escolher uma que lhe seja mais agradável.

            Com esta mentalidade, “igreja” deixou de ser a comunhão dos salvos, onde os remidos se reúnem para adorar a Deus e testemunhar de Jesus, e passou a ser uma prestadora de serviços. A idéia de muitos cristãos é esta: sua fé em Cristo lhes deu um cartão de crédito sem limites estabelecidos e elas cultivam a cultura do consumismo espiritual. Não foram salvas para servir a Deus e à igreja de Cristo, mas para serem agraciadas e servidas. Impressiona-me como as pessoas se queixam de igrejas. Sou um pouco reticente quando alguém briga em sua comunidade e quer vir para a comunidade a que sirvo. Em vindo, será que não haverá o transplante de um problema? Porque pé de espinho é pé de espinho em qualquer canteiro… Não é a terra, mas a natureza da planta.

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