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Isaltino

ESTUDO BÍBLICO EM TITO

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Preparado pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho para núcleos de estudo bíblico

INTRODUÇÃO

Paulo fora libertado em Roma, quando de sua primeira prisão. Deve ir ter ido para a ilha de Creta. De lá foi para Éfeso e depois para a Macedônia. Tito ficou em seu lugar, em Creta (1.5). Mais tarde, Paulo escreveu-lhe esta carta com algumas orientações sobre como administrar a igreja daquela ilha. Ela não é posterior, portanto a 2Timóteo, embora venha depois dela em nossa Bíblia. Deve ter sido escrita na mesma época de 1Timóteo, entre os anos 61-65. São cartas gêmeas, escritas logo após a soltura de Paulo.

Em 1Timóteo, a palavra chave é “doutrina”. Em Tito, é “boas obras”. O versículo central está em 3.8. Os cristãos devem mostrar sua fé em boas obras. As duas epístolas se completam. Ter doutrina correta é bom. Isto se chama “ortodoxia”. Mas de pouco adianta se não houver conduta certa. Isto se chama “ortopraxia”. Muitas vezes enfatizamos a doutrina e esquecemos os bons relacionamentos dentro da igreja. Este é o tema da carta. Como os membros da igreja devem viver uns com os outros.

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O BOM CONSELHO DO GENERAL PEDRO D´ALMEIDA

Em 1755, Lisboa foi destruída por um terremoto. O rei Dom José perguntou ao general Pedro D´Almeida, marquês de Alorna, o que fazer. A resposta foi: “Sepultar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos”.  O conselho foi levado a sério, tanto que a reconstrução de Lisboa começou no dia seguinte. Com as riquezas da colônia brasileira, o que aumentou a idéia de separação do Brasil de Portugal.

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ESTUDO BÍBLICO EM HEBREUS – PARTE 4

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Preparado pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho para núcleos de estudo bíblico

Nos três estudos anteriores, vimos que Hebreus é um livro singular, com uma estrutura diferente dos demais. Vimos, também, que sua linha de argumentação difere da dos demais. O autor conhece profundamente a teologia judaica, particularmente a questão  dos sacrifícios. Mas sua maneira de interpretar o Antigo Testamento é diferente da de Paulo, pois ele emprega categorias de pensamento próprias dos gregos. Isto torna o livro mais fascinante, porque é uma forma de argumentação que ainda não estudamos.

 

Já vimos, anteriormente, três dos seus temas: a superioridade de Cristo, o sacrifício de Cristo e a nova aliança, trazida por Cristo. Hoje completaremos o livro, com o quarto e último tema: a disciplina de Jesus. É uma consequência prática da pessoa e da obra de Jesus Cristo.

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O PROFETA JOEL

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Um estudo preparado pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho para o campus avançado do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, em Cabo Frio, agosto de 2004.

Após uma visão geral do profetismo como primeira palestra e uma segunda sobre Naum, nosso segundo vulto a ser estudado é o profeta Joel. Infelizmente, este é um profeta sobre o qual há pouca reflexão. E é ele citado, na maior parte das vezes, pinçando-se suas declarações do contexto que ele vivenciou. Se houvesse um estudo sério para descobrir do que estava ele falando, sobre seu escrito e sua teologia, evitaríamos muitos problemas de interpretação do Novo Testamento. Para muitos, o Antigo Testamento é mera curiosidade arqueológica. Mas, quando é mal interpretado, os equívocos se projetam no Novo Testamento. É prova disto o fato de que muitas das grifes evangélicas, das invenções e esquisitices contemporâneas estejam com base (ou falta de base) no Antigo Testamento. Exegeses precárias e inusitadas e interpretação fragmentária ou atomizada (como Martin-Achard prefere chamar [1]) de passagens ou incidentes, isoladas de seu contexto histórico, produzem doutrinas exóticas. Assim sucede com nosso personagem de hoje.  Interpretações equivocadas de Joel produzem distorções teológicas sérias, do ensino neotestamentário.

Com estas considerações iniciais, que são, ao mesmo tempo, advertência e estímulo, caminhemos por Joel. Sem dúvida que poderemos aprender dele.

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O PROFETA HABACUQUE

Um estudo preparado pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho para o campus avançado do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, em Cabo Frio, agosto de 2004

Fui a Cuba, algumas vezes, para pregar nas igrejas das duas convenções, a de Cuba Oriental e a de Cuba Ocidental, e para lecionar nos seminários batistas das duas convenções. Quando fui pela segunda vez, que foi a primeira no interior do país, entendi Habacuque melhor do que antes. Voltei em crise, profundamente chocado,  usando o seu  “até quando, Senhor?”. Voltei abalado na minha teologia que enfatiza muito a direção de Deus na história. Vi um povo sofrendo e um Deus apático, que não intervinha para libertar seu povo. Voltei bem melancólico, mas também um pouco mais humano, mais compreendedor de que a vida não é tão simples como muitas vezes formulamos em nossos esquemas. Senti-me, emocionalmente, como o profeta. Mas fui confortado, como o profeta, ao refletir sobre a história, em pensar sobre o passado. Cuba também está nas mãos de Deus e sua vontade sucederá lá, apesar do regime. Que um dia cairá. Ninguém barra Deus, ninguém frustra seu querer, ninguém o impede. Aprendi isto com este profeta.

Habacuque estabelece um novo tipo de profecia. A palavra do Senhor não veio a ele. Não encontramos a fórmula clássica, wayommer Iahweh, “e disse Deus”.  Foi ele a ir ter com o Senhor. Inclusive, sua profecia é chamada de hamassa, que  traduzimos por “oráculo”. Mas, literalmente, o sentido é “peso”. Sua mensagem era um peso sobre seus ombros. Ele  “viu”, diz nossa versão. O hebraico é  hazah, termo largamente empregado na literatura  apocalíptica, e não davar¸ “palavra”, como os profetas costumam empregar. Embora alguns comentaristas julguem ser a mesma coisa, é oportuno lembrar que Daniel e Ezequiel usam mais hazah e os demais profetas, davar. Habacuque já está na  fase de ser uma transição do profetismo para o apocalipticismo [1]. Este entendimento é necessário para se saber que o critério hermenêutico para entender seu livro pode ser diferente do empregado para um oráculo. A linguagem poética pode ser mais forte, aqui, e precisa se cuidar disto na interpretação.

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O PROFETA NAUM

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Um estudo preparado pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho para o campus avançado do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, em Cabo Frio, agosto de 2004

Pode ser que nunca tenhamos ouvido uma mensagem pregada em Naum, mas ele é um profeta extraordinário. Num momento muito difícil de minha vida, um aluno meu, da Faculdade Teológica Batista de S. Paulo, deu-me um cartão com uma palavra pessoal e a passagem de Naum 1.7. Foi meu primeiro contato com o profeta em termos de ensino pessoal. Diz o texto: “O Senhor é bom, uma fortaleza no dia da angústia; e conhece os que nele confiam”. Tôv Iahweh, que mensagem! Há mensagens bonitas em Naum. Mas, mais que versículos bíblicos isolados, este profeta traz uma lição global que precisamos levar em conta nos dias atuais, em que a Igreja de Cristo sofre uma hostilidade velada do mundo e tem sua mensagem bem descaracterizada. O grande ensino de Naum é o senhorio divino sobre a História, e sua moralidade, que pune o mal. Vamos aprender dele.

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O PROFETA QUE A CLASSE DOMINANTE REJEITARIA

Conferência bíblica preparada pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho para a IB do Braga, em  Cabo Frio, julho/2002

Encontramos muitos membros de igreja chamados de Miquéias, o que prova que nosso profeta é bem conhecido dos membros de nossas igrejas. Mas não podemos dizer no a mesma coisa de sua mensagem. Normalmente nos referimos a ele como um profeta messiânico, principalmente pelo texto, bem conhecido, de 5.2. Mas ele é, pode-se dizer assim, um irmão gêmeo de Amós, em termos de conteúdo de pregação social. Os dois caminham lado a lado. Na realidade, Miquéias falou mais de problemas sociais que do Messias. Ele foi messiânico, mas pregou muito contra os desmandos sociais de uma classe política ambiciosa e ávida por riquezas, bem como pregou também contra a religião institucionalizada, dirigida por homens sem escrúpulos e sem temor de Deus. Homens que buscavam seu próprio bem estar, em vez de buscarem a vontade de Deus e o bem estar de seu povo. Creio que devemos atentar para isto: o perigo da institucionalização da religião, quando ela se torna mais um rito, um ofício, um emprego, que questão de vida. Isso torna Miquéias bem atual para nós.

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UM NOVO DEUS NO PEDAÇO

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Isaltino Gomes Coelho Filho

Pastoral do boletim da IBC de Macapá, 7.11.10

Balões de ensaio lançam um novo Deus no pedaço: o Estado. Ingênuos os ignoram ou acham que quem os vê é alarmista. Mas basta conhecer um pouco de história (não sou um historiador; apenas curioso) e ter alguma noção do rumo do pensamento humano.

O Apocalipse é um dos livros da Bíblia que mais leio e onde mais bebo. Ele me encanta. Trata da meta-história, a história além da que vivemos. Sem ser milenista, vejo nele a história da igreja e o triunfo do Cristo-Cordeiro, que virá encerrar a história.

Assisti a um filme, de feitura profissional, sobre o Apocalipse. João é mostrado banido com outros cristãos, em Patmos. O imperador romano se proclamara Deus. Com ele surgira uma nova era. De ódio aos cristãos. Não tolerava dissidência de opinião. Sua voz não podia ser questionada. A hostilidade foi grande quando cristãos recusaram a visão moral e religiosa do Estado.

Não sou alarmista. Centenas de artigos, dezenas de livros e de revistas provam isto. Mas vejo grande semelhança entre o Estado romano e o atual. Uma riqueza desonesta e indecente dos poderosos, culto ao poder e à matéria, o adultério como virtude, apologia do homossexualismo, o aborto como prática comum, desrespeito à vida e a divinização do poder civil. Que, personificado em César, não podia ser contestado. O culto ao poder civil divinizou o governante. Não cultuando o poder, os cristãos foram hostilizados. Primeiro, perseguidos. Depois, banidos. Por fim, mortos.

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“DEPOIS ENTENDERÁS”

Isaltino Gomes Coelho Filho

Respondeu-lhe Jesus: O que eu faço, tu não o sabes agora; mas depois o entenderás” (João 13.7).

Para Pedro era absurdo Jesus lavar-lhe os pés. Isto era tarefa de escravos, ou de alguém que fosse inferior ao que tinha os pés lavados. Jesus era o líder, o mestre deles, como poderia lhe lavar os pés, a ele, Pedro? Ele deveria lavar os pés de Jesus! Jesus insiste; quer lhe lavar os pés.

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OS ERROS DO ESPÍRITO SANTO

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Isaltino Gomes Coelho Filho

Pare evitar melindres, digo logo que o título é retórico, e não literal. Perco parte do impacto, mas evito logo os caçadores de heresia. Não tenho muita paciência com gente que procura chifre em cabeça de cavalo, e por isso esclareci logo.

Filipe estava pregando para uma multidão, e o Espírito o removeu para o deserto. Tirou-o do meio de um trabalho de massa e de grande impacto. É que lemos em Atos 8.12-13: “Mas, quando creram em Filipe, que lhes pregava acerca do reino de Deus e do nome de Jesus, batizavam-se homens e mulheres. E creu até o próprio Simão e, sendo batizado, ficou de contínuo com Filipe; e admirava-se, vendo os sinais e os grandes milagres que se faziam”. Filipe tivera discernimento e fora para a Samária: “E descendo Filipe à cidade de Samária, pregava-lhes a Cristo. As multidões escutavam, unânimes, as coisas que Filipe dizia, ouvindo-o e vendo os sinais que operava; pois saíam de muitos possessos os espíritos imundos, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos foram curados” (At 8.5-7). Lá surgiu um avivamento e muitas conversões aconteceram.

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E COMEÇA A HISTÓRIA DA SALVAÇÃO

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Certo dia o Deus Eterno disse a Abrão: -Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa do seu pai e vá para uma terra que eu lhe mostrarei. Os seus descendentes vão formar uma grande nação. Eu o abençoarei, o seu nome será famoso, e você será uma bênção para os outros” (Gênesis12. 1-2)

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

Neste texto começa a história da salvação. Dois componentes muito fortes da teologia da salvação já surgem aqui, e muito bem delineados: Deus fala e o homem responde. Deus falando é a graça. O homem respondendo é a fé. A salvação tem a graça do Deus que fala. E tem a fé, que é a resposta do homem. Salvação é junção de graça e fé: “Pois pela graça de Deus vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem de vocês, mas é um presente dado por Deus. A salvação não é o resultado dos esforços de vocês; portanto, ninguém pode se orgulhar de tê-la” (Ef 2.8-9).

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UMA IGREJA PRA MIM

Isaltino Gomes Coelho Filho

Alguém me disse que encontrou em Macapá, uma pessoa que não via há tempos. Perguntou-lhe o que viera fazer na cidade, pois se mudara há tempos. A resposta foi: “Vim construir uma igreja pra mim”. A resposta a surpreendeu. A mim, não. Já notei que “igreja” se tornou uma franquia religiosa, que qualquer um pode organizar segundo padrões pessoais, sem se preocupar com conteúdo. Basta dar às pessoas o que elas querem ouvir, não fazer exigências, só promessas, e terá campo livre para manipulá-las. Ensinar a Bíblia? Firmar padrões bíblicos? Falar de disciplina? Isto afasta a clientela.

“Construir uma igreja pra mim”. Muitos pastores têm agido assim, em parte por vaidade e em parte para se livrar de oposição na administração da igreja. É um dado para pensar que as igrejas sob regime monárquico se desenvolvem mais que as igrejas com espaço democrático. Infelizmente, há muitas pessoas que buscam carreira e honraria na igreja, querendo impor visão pessoal, e se valem da democracia eclesiástica. Há pastores donos de igreja, mas há membros de igreja que se julgam seus donos. E brecam qualquer ação que lhes reduza o poder. O trabalho emperra. Uma igreja para mim.

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O EQUÍVOCO DE LULA, FHC E DOS ANALISTAS POLÍTICOS

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

Pastoral do boletim da IBC de Macapá, 24.10.10

Incomodado com as críticas a Dilma por ser favorável ao aborto, o Presidente Lula criticou os que queriam, segundo ele, impor uma agenda religiosa ao Estado. Ajudaram-no alguns analistas políticos. Agora, o ex-Presidente FHC que perdeu uma eleição à prefeitura de S. Paulo porque, dizem, titubeou em dizer se cria ou não em Deus, também criticou o enfoque religioso da campanha.

Por dolo ou ignorância, Lula, FHC e os analistas erraram. Ao se posicionarem contra o aborto, evangélicos e católicos não discutiram religião. Não abordaram tema de fé: qual é a igreja certa, forma de batismo e doutrinas. Apenas afirmaram sua visão bioética (ética da vida) à luz de sua cosmovisão. Secularistas e ateístas querem impor uma visão fechada à sociedade, não de economia e política, mas de ética. A democracia abriga mais de uma visão e a dos sem Deus não pode ser alardeada e a voz dos que crêem em Deus não pode ser calada.

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A MONARQUIA EM ISRAEL

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Preparado pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho, para a PIB de Nova Odessa, em 2 de julho de 2002

A visão bíblica sobre a monarquia em Israel é um pouco ambígua. Há duas posições bem nítidas, é forçoso reconhecer, sem escamotear a verdade. Uma é a que vemos no primeiro livro de Samuel. Em 1Samuel 8.6, ao receber o pedido do povo por um rei, ele se desgostou. Havia certa lógica em seu sentimento. Era o sacerdote, sem dúvida alguma, o grande sacerdote de Israel. A forma de governo era sacerdotal, e ele perderia parte de seu poder. Ele até viu como rejeição a si, pessoalmente, como lemos na palavra que Deus lhe dirige, em 8.7, que o agravo não é a ele, Samuel. Talvez isto explique, humanamente, o choque entre ele e Saul, que, no fundo, foi a luta entre um poder que saiu e outro que entrou. Mais ou menos como os conflitos que vemos, hoje, em igrejas que ficam sem pastor, e este chega e esbarra com um líder leigo que se acostumou em ser o centro de atenções e decisões e se sente desprestigiado. Houve um conflito de personalidades.

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A ESTRANHA TEOLOGIA DOS SIMPSONS

Isaltino Gomes Coelho Filho

Os Simpsons são uma família cujo cotidiano é mostrado em desenhos animados muito bem feitos. Em algumas vezes que vi o desenho, pareceu-me uma família confusa, como eu não gostaria que a minha fosse. Outro dia, vendo-o, lembrei-me de ter lido um interessante livro sobre eles, O evangelho segundo os Simpsons, de Pinsky. Até fizera uma pastoral, que ampliei neste artigo.

Pinsky segue a linha de outros livros, como A psicanálise dos contos de fadas, de Bettelheim, O lobo mau no divã, de Laura James (ela analisa as patologias dos personagens dos contos de fada), Teologia e MPB, de Calvani, Teologia e literatura, de Manzatto (uma reflexão teológica nas obras de Jorge Amado), House e a filosofia – todo mundo mente, de Irwin e Jacoby, Super-heróis e a filosofia – verdade, justiça e o caminho socrático, de Irwin. Ou seja: quais conceitos espirituais, culturais e psicológicos são veiculados em produções seculares (música, filmes, desenhos, gibis ou histórias infantis). Não sendo pedante (e sendo), quando me pós-graduei em Educação, pela Católica de Brasília, meu trabalho foi sobre a ideologia das histórias em quadrinho (Disney, Super-homem, Ultraman, Ultra-Seven, gibis de cowboys, etc.). Porque não se trata só de entretenimento, mas de transmissão de valores.

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ESGOTAMENTO EMOCIONAL

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Pastoral do boletim da Igreja Batista Central  de Macapá, 17.10.10

Antigamente se falava “esgotamento emocional”. Hoje se fala “estresse”, que alguns grafam stress.  Muitos de nós, mesmo sendo fiéis e tementes a Deus, nos estressamos por causa de contingências da vida.  O Dr. Thomas Holmes e alguns colegas de trabalho estudaram o esgotamento emocional e o mediram através do que chamaram de “unidades de mudança de vida”. Na escala que elaboraram, a viuvez valia 100 unidades de mudança de vida. O divórcio, 73 unidades. A gravidez correspondia a 40 e a reforma de uma casa a 25. O natal, que deveria ser um momento de tranquilidade, também pesava. Equivalia a 12 unidades.

Eles concluíram que pessoa alguma pode suportar, com suas próprias forças, mais de 300 unidades no período de um ano sem consequências físicas ou emocionais nos dois anos seguintes. Por vezes, com consequências sérias.

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“QUERÍAMOS VER A JESUS”

Isaltino Gomes Coelho Filho

“Estes, pois, dirigiram-se a Felipe, que era de Betsaida da Galiléia, e rogaram-lhe, dizendo: Senhor, queríamos ver a Jesus” (João 12.21).

Quando eu era adolescente, meu pastor, João Falcão Sobrinho, agraciou-me com um livro de Roy Hession: “Queríamos ver a Jesus”. Li-o com atenção e aprendi muito. Já pastor, tive o privilégio de ouvir Hession, num retiro da Ordem dos Pastores de S. Paulo. Uma das coisas que aprendi, do livro e das mensagens ao vivo, é que a vida cristã é Jesus. Neste sentido, o título da obra, extraído da palavra dos gregos em João 12.21, é significativo: ver a Jesus.

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PROVOCAÇÃO E PATRULHAMENTO

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Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

Pastoral do boletim da Igreja Batista Central de Macapá, 10.10.10

No boletim passado falei do livro “1822”, de Laurentino Gomes. Disse que lera seu livro anterior, “1808”, que trata da chegada de D. João VI, ao Brasil. Ele foi o único monarca europeu a morar na América. Reli trechos do “1808”, para ajuntar com as informações de “1822”.

Laurentino fala do Paço Imperial, onde D. João, como rei, despachou com os ministros. A antiga sala do trono está vazia. Vez por outra se usa para eventos culturais. Laurentino comenta um deles: “No começo de novembro de 2005, a sala do trono, no andar superior, onde D. João VI despachava com seus ministros, estava ocupada por uma exposição de artes plásticas em que rosários católicos espalhados pelo chão reproduziam o formato da genitália masculina. Ainda que seja da natureza da arte surpreender o desafiar o senso comum, a exibição desses objetos naquele local, que por tantos anos abrigou uma das cortes mais religiosas e carolas da Europa, se resumia a uma provocação de mau gosto” (p. 19). Não só mau gosto: grosseria.

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NINRODE, O PODEROSO, PAI DA CONFUSÃO

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“Cuche foi pai de Ninrode, o primeiro grande conquistador do mundo (…) No começo faziam parte do seu reino as cidades de Babilônia, Ereque e Acade, todas as três em Sinar” (Gênesis 10.8,10).

Isaltino Gomes Coelho Filho

Ninrode é um personagem enigmático. O texto de Almeida diz que ele se tornou “poderoso”, e isso por três vezes. “Poderoso caçador”, diz o versículo 9. O hebraico  é gibbor tsayidh, que pode ser traduzido por “caçador de homens”, ou “escravista”. Esta é a posição de Leupold (Leupold on the Old Testament, vol. I, p. 366). Calvino admite esta idéia, dizendo que isto “metaforicamente indica que ele era um homem furioso, mais parecido com uma fera que com um homem” (Genesis, p. 317). Wiseman alega que alguns o associam historicamente com Sargão de Adade (2.300 a.C.), guerreiro, escravizador e conquistador. A Linguagem de Hoje diz que Ninrode foi “o primeiro grande conquistador do mundo”.

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O CORVO E A POMBA

“No fim de quarenta dias, Noé abriu a janela que havia feito na barca e soltou um corvo, que ficou voando de um lado para outro, esperando que a terra secasse. Depois Noé soltou uma pomba a fim de ver se a terra já estava seca; mas a pomba não achou lugar para pousar porque a terra ainda estava toda coberta de água. Aí Noé estendeu a mão, pegou a pomba e a pôs dentro da barca. Noé esperou mais sete dias e soltou a pomba de novo. Ela voltou à tardinha, trazendo no bico uma folha verde de oliveira. Assim Noé ficou sabendo que a água havia baixado” (Gênesis 8.6-11)

Isaltino Gomes Coelho Filho

O dilúvio é a antítese da criação. A criação fez do caos um cosmos. O dilúvio fez do cosmos um caos. A criação é ação de Deus. O dilúvio é reação de Deus. A criação é obra da graça. O dilúvio é obra do juízo. Findo o dilúvio, Noé envia um corvo para, por meio dele, sondar o ambiente. O corvo, sendo carnívoro, evidentemente encontrou corpos flutuando na água. Ninguém os sepultara. Neles pousava, deles se alimentava e até que terra se secasse, voava de um lado para o outro. Isto é, retornava à arca à noite para dormir. A pomba não pousa sobre cadáveres, e retornou a Noé. Depois de uma semana trouxe uma folha de oliveira. Por isso, esta é o símbolo da paz.

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THOMAS JEFFERSON E JOSÉ BONIFÁCIO? FICO COM O SEGUNDO!

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Isaltino Gomes Coelho Filho

Pastoral do boletim da IBC de Macapá, 3.10.10

Ganhei e logo li o livro “1822”, de Laurentino Gomes. O subtítulo é “Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil – um país que tinha tudo para dar errado”. Antes que algum depressivo diga que deu errado, afirmo que não. Quem lê o livro vê que, embora ainda haja muito por fazer, andamos muito!

Laurentino é brilhante. Já lera dele “1808”, com o subtítulo “Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil”. Os dois livros ajudam a entender mais o Brasil e desfazem mitos radicados em nosso meio. Lembro de minhas professoras primárias, que diziam que somos um povo cordial e que a Independência foi tranquila, uma festa para os dois lados.  Mas correu muito sangue.

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“TIRAI A PEDRA”

Isaltino Gomes Coelho Filho

“Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, disse-lhe: Senhor, já cheira mal, porque está morto há quase quatro dias”(João 11.39)

Um livro de Enéas Tognini, que li no início de meu ministério, tinha este título: “Tirai a pedra”. Sua linha, que muitos têm seguido, é que há pedras por tirar em nossa vida para que o poder de Jesus se manifeste. Apesar da simplicidade, não foi um escrito banal. Com habilidade, Tognini expôs seu argumento, evitando a banalidade. Sem o brilho dele, gostaria de mostrar dois aspectos, apenas, que também me parecem relevantes.

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A ALIANÇA

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“Mas com você eu vou fazer uma aliança. Portanto, entre na barca e leve com você a sua mulher, os seus filhos e as suas nora” (Gênesis 6.18)

Isaltino Gomes Coelho Filho

É a primeira alusão a “aliança”, na Bíblia. Surge com Deus. Ele faz uma aliança com Noé. O hebraico é berith, “pacto, aliança, concerto”. O primeiro pacto de Deus, implícito, é com a raça humana (Gn 1.28). Este é o primeiro explícito.  É um ato de Deus, originado nele, dependendo dele, de sua vontade. O hebraico é berithy, “pacto de mim” (“meu pacto”). Não é algo negociado, que se discuta. Como observo em meu comentário sobre Gênesis: “O pacto não é bilateral, no sentido de Noé ter feito alguma coisa para justificar o pacto ou de poder ditar os termos, ou mesmo negociar algum ponto do qual não gostasse. É um ato gratuito de Deus que assume seu escolhido. Mas é unilateral em seu conteúdo. Ele não diz ´˜firmemos um pacto´ ou ´˜nosso pacto´, mas ´˜o meu pacto´” (p. 97).

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“O NOME – HA SHEM”

“Sete foi pai de um filho e o chamou de Enos. Foi nesse tempo que o nome O ETERNO começou a ser usado no culto de adoração a Deus” (Gênesis 4.26)

Isaltino Gomes Coelho Filho

Começa a adoração a YHWH, chamado de O ETERNO, na Linguagem de Hoje. É uma boa interpretação para EU SOU.  Mais tarde dirá Úxodo 3.14-15: “Porém Moisés disse: – Quando eu for falar com os israelitas e lhes disser: ´˜O Deus dos seus antepassados me enviou a vocês´, eles vão me perguntar: ´˜Qual é o nome dele?´ Aí o que é que eu digo? Deus disse: -EU SOU QUEM SOU. E disse ainda: -Você dirá o seguinte: ´˜EU SOU me enviou a vocês´”.

A transliteração da resposta divina seria como ´˜ehyeh asher ´˜ehyeh (EU SOU O QUE SOU). Uma abreviatura ou contração da frase deu o tetragrama sagrado YHWH. A Linguagem de Hoje traduz por O ETERNO, pois a expressão pode significar EU SOU O QUE SOU, ESTOU SENDO O QUE SOU, SEREI O QUE SOU, com idéia de imutável, de eterno. YHWH apareceu a Moisés, mas começou a ser cultuado com Sete. Aos patriarcas ele apareceu como “Todo-Poderoso”, El Shadday, mas como YHWH só se revelou a Moisés: “Deus disse a Moisés: -Eu sou o Deus Eterno. Eu apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó como o Deus Todo-Poderoso, porém não deixei que me conhecessem pelo meu nome de o Deus Eterno”. No tempo de Sete e Enos, era um dos nomes usados na adoração, mas só se tornou o nome por excelência no tempo de Moisés.

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“TEM QUE ESCOLHER: A BÍBLIA OU A BÚNÇÃO!”

Isaltino Gomes Coelho Filho

Fui a Rio Bonito, RJ, pregar na Associação Nova Betel. Lá, um colega contou de uma senhora de uma igreja neopentecostal (creio que ele a batizou depois) que questionou o fato de sua igreja não usar a Bíblia. Procurou um dos líderes e disse: “Por que não usamos a Bíblia? Os tradicionais a carregam e eu acho tão bonito! Eu queria trazer a Bíblia para a igreja!”. A pessoa não soube responder e foram falar com o pastor. Este afirmou: “Pra que Bíblia? Os tradicionais a têm, mas não têm a bênção! A irmã tem que escolher: a Bíblia ou a bênção!”. Que “pérola”!

A Bíblia é uma bênção. Basta lê-la para ver isso. Ela bafejou a cultura ocidental no que esta tem de melhor. Justiça, dignidade, preocupação com os pobres, respeito à mulher, cuidado com as crianças! Ela ensina sobre Deus, mostra quem é Jesus, tem promessas e acalenta a vida. É bálsamo na dor. Quantas vidas recuperou! Livro algum fez tanto pela humanidade! Os escritos de ateus e de céticos e a zombaria de desregrados nunca dignificaram alguém. Ela tem este poder porque é a Palavra viva do Deus vivo. É falsa a opção: a Bíblia ou a bênção. Ela é bênção!

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“O ETERNO PÔS UM SINAL EM CAIM”

“(…) Em seguida o Eterno pôs um sinal em Caim para que, se alguém o encontrasse, não o matasse” (Gênesis 4.15)

Isaltino Gomes Coelho Filho

Adolescente, crente novo, gostava de ouvir irmãos mais experientes para aprender. Logo descobri que não podia levar todos a sério. Houve um que, judiciosamente, me explicou que a raça negra era maldita, pois Deus a amaldiçoara em Caim. Deus pôs nele um sinal, que era a cor negra, e ele foi para a região da África. Por isso a África era atrasada.

É certo que a África enfrenta problemas econômicos. Que nada têm a ver com Caim. Nem ela é maldita por causa dele. Diz Gênesis 10.32: “São essas as famílias dos filhos de Noé, nação por nação, de acordo com as várias linhas de descendentes. Depois do dilúvio todas as nações da terra descenderam de Noé”. As raças descendem de Noé, e a povoação de toda a terra se dá após o dilúvio. O exotismo não é boa hermenêutica e a Bíblia não pode oferecer suporte para perspectivas estrambóticas de novidadeiros. Respeito à Bíblia, à África e à boa exegese faz bem.

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