Pular para o conteúdo

Isaltino

A vida espiritual do casal

Preparado e apresentado pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

aos casais da Igreja Batista do Natal, Natal, RN, 17.8.9

INTRODUÇÃO

Vida espiritual do casal. O que significa isto? Irem os dois juntos à igreja? Realizarem o culto doméstico? Fazerem uma oração rápida na hora da refeição? Nossa mente logo se direciona para atos de espiritualidade, mas gostaria de lhes pedir atenção para outra linha: atitudes que o casal deve tomar. Os atos isolados ou específicos devem refletir uma atitude íntima tomada pelo casal, e é desta atitude que quero lhes falar nesta ocasião. As atitudes definirão os atos e lhes darão valor. Alistarei apenas quatro, mas que nortearão nossa conversa.

1. PRIMEIRA ATITUDE: CONSCIÚNCIA DA AUTORIDADE DIVINA

A primeira atitude a tomar é o reconhecimento de ambos que estão sob a autoridade divina. Sei que “autoridade” é uma palavra maldita em nosso momento cultural. Associa-se, indevidamente, com opressão. Por causa disso, além da excessiva ênfase que nossa cultura dá no “eu”, ninguém quer se submeter e todos querem exercer autoridade.  Mas eu falo da autoridade divina. O casal crente precisa ter a consciência de que está debaixo da autoridade divina. Ou seja, há alguém acima dos dois. Há alguém que cuida, sim, mas esse alguém cuidador julga e estabelece critérios para os relacionamentos. Não é papai Noel, mas o Senhor Deus.Continue a ler »A vida espiritual do casal

Não dá para tratar batata como alface

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

Culinariamente não dá mesmo. A batata deve ser descascada e cozida ou frita. Alface não. Com sal e um bom azeite português por cima já está boa.

O título vem de uma observação de Peter Kreeft, catedrático de filosofia no Boston College e no King´s College, no livro “Jesus, o maior filósofo que já existiu”. No capítulo  “A antropologia de Jesus”, ele diz: “O liberalismo secular (termo enganoso, pois não é realmente libertador)… nega a realidade  do pecado pessoal e acha que o homem é um pé de alface, não uma batata. A alface apodrece de fora para dentro; a batata, de dentro para fora. Por essa razão, a solução dele é sempre uma solução ´˜alface´: façamos isso ou aquilo, melhoremos o ambiente social, coloquemos algum dinheiro nas estruturas sociais ou condicionemos as pessoas com uma educação melhor. Eles são como os fariseus que limpam o exterior, mas ignoram a podridão interior (Mt 23.25,26). Alguém definiu o liberal como aquele que exige o direito de respirar ar puro para que possa proferir palavras  sujas” (p. 83).Continue a ler »Não dá para tratar batata como alface

O Frio Deus do livro A Cabana

“The Shack” (A Cabana) tem ocupado o primeiro lugar na lista de bestsellers do New York Times, sendo uma narrativa de ficção, que ocupou durante nove meses o número sete em preferência no Amazon e o número seis no Barnes & Noble. Até o mês de janeiro deste ano, cinco milhões de cópias haviam sido vendidas. O livro está sendo traduzido em 30 línguas e um filme está sendo produzido. [N.T. – O povo evangélico emergente adora qualquer coisa que possa diluir o Evangelho verdadeiro, para continuar sentindo-se à vontade com os seus pecados de estimação].
Continue a ler »O Frio Deus do livro A Cabana

A Reflexão Filosófica De Hagar, O Horrível

Isaltino Gomes Coelho Filho

“Hagar, o horrível” é uma tira cômica publicada em vários jornais do mundo. Ele é um viking devidamente caracterizado. Na cabeça, um elmo com chifres, é gordo, e sempre partindo para batalhas. Ausente como pai e marido, bebedor de cerveja, com um escudeiro que, por vezes, parece uma toupeira, de tão burro, e em outras, um gênio, pelas tiradas. A esposa é Helga, mostrada como matriarca. Tem uma filha, bonita, loira, e um filho tímido que gosta de ler poesia, sendo o oposto do pai.

Presentemente, leio-a no “Jornal de Brasília”. A tira de 7 de agosto foi genial. Apenas dois quadros. No primeiro ele pergunta “Sabem o que realmente define quem é ´˜o chefe da família´?”. No segundo, Helga e os dois filhos estão abraçados a ele, enquanto um KA-BOOM em letras garrafais mostra um trovão. E ele diz: “É aquele no qual todos se agarram na hora da tempestade”.  Dick Browne, o autor das tiras, foi felicíssimo. O papel de um homem, como chefe de família, é prover segurança para todos.Continue a ler »A Reflexão Filosófica De Hagar, O Horrível

Um conceito bíblico de ética

Isaltino Gomes Coelho Filho

Na língua hebraica não há uma palavra específica que corresponda ao conceito de ética entre os ocidentais. O mais próximo seria hallakah, do verbo halaq, que significa “andar”. Para os hebreus, a vida era uma caminhada, o que se pode ver no Salmo 1, e viver bem demandava saber andar corretamente. Isto também se entende da ordem de Deus a Abraão: “Anda em minha presença; e sê perfeito” (Gn 17.1).

Mas não se anda nu. Anda-se vestido. Pelo menos no tempo bíblico. Por isso que o Apocalipse diz que o linho (um dos tecidos mais elegantes da época) são as boas ações do povo de Deus (Ap 19.8). Em contrapartida, o pecado se associa com a nudez (Gn 3.7 e Ap 3.18). Andava-se vestido, e bem vestido. Tanto física quanto moralmente.Continue a ler »Um conceito bíblico de ética

Ética na família

Parece sem sentido falar de ética na família. O que seria isto, exatamente? Precisamos de ética no trabalho, na política, na vida com outras pessoas. Mas, na família? Seria alguém desonesto na família? Prejudicaria os outros, conscientemente? Fraudaria os demais?

Sem hesitar: sim.  Há uma grande necessidade de ética na família. Ela é, hoje, sabotada em um processo de desconstrução, em que se procura derrubar o que está estabelecido e nada deixar em seu lugar. Muitos cristãos colaboram para isso. Ela é dada como ultrapassada, como reacionarismo social e como opressora, por querer limites. Já observou o esquema das novelas? Os adultos são sempre mostrados como hipócritas, e os jovens como idealistas. Os jovens dão broncas homéricas em seus pais, que são figuras patéticas, sem rumo. Os jovens têm todos os direitos, e os adultos, todos os deveres.  Os jovens não têm deveres e os adultos não têm direitos. A mensagem é a mesma da década dos sessentas: “Não confie nos adultos, menos ainda em seus pais”. O objetivo é claro: destruir é establishment. Muitas das bandeiras sociais hoje desfraldadas já aparecerem na história. Não são bandeiras. São mortalhas.Continue a ler »Ética na família

Crença e conduta

  • por

Isaltino Gomes Coelho Filho

A epístola aos Romanos é considerada como um tratado de teologia sistemática. Paulo segue uma linha muito coerente na forma de ordenar seu pensamento. Primeiro, a humanidade em pecado. Depois, a fidelidade de Deus. Apresenta, a seguir, a justificação pela fé, e gasta bom espaço para falar da salvação. Mostra como Deus salvou os gentios pela fé. “E os judeus, perguntará alguém? Ele trata disto no capítulo 11. E assim encerra a discussão teológica.

Esta é a primeira parte da epístola. Então começa a segunda, no capítulo 12. Começa com um “Portanto” (v. 1), e passa a tratar da ética cristã. A ordem é bastante coerente. Primeiro, a teologia. Depois, a ética. Primeiro ele trata do que deve ser a nossa fé e depois de como deve ser nossa conduta. O ensino é claro: o que uma pessoa crê afeta seu modo de vida. Não se pode crer em algo e viver o seu oposto. A fé ou doutrina traz um estilo de vida. Muita gente não entendeu isso. Acha que basta crer, que está salva e que como Deus perdoou seus pecados, pode viver de qualquer maneira. Não importa o que faça. A graça perdoou os pecados do passado, e perdoará os do presente e os futuro, até mesmo aqueles que estão sendo planejados.  Isto é anomia, como falamos no boletim passado.  O cristianismo é uma fé profundamente ética. Não é comportamental, mas traz em si um comportamento, um conjunto de valores.

Por força do misticismo da nova era, e de sua espiritualidade oriental na linha hindu, do adorador se diluir no Adorado, muitos cristãos pensam que seguir a Cristo é ter êxtases e entrar em transe. Muitos de nossos cânticos parecem ensinar isto: seguir a Cristo é uma viagem espiritual, cantada em termos obscuros e esotéricos. Por isso se vê cada vez menos o anúncio da cruz, do perdão dos pecados e a chamada à santificação. Temos muito louvor e pouca santidade. Porque não enfatizamos a ética.Continue a ler »Crença e conduta

A missão da igreja e a capacitação ministerial

  • por

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho, preparado para a Aula Inaugural do CCC ABAME, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, dia 3 de agosto de 2009

INTRODUÇÃO

Inverti os termos que me deram. O tema era “A capacitação ministerial e a missão da igreja”.  Primeiro discutirei a missão da igreja, e depois a capacitação ministerial. Porque a capacitação é para o ministério da igreja. A missão dada ao Senhor Jesus foi à igreja, não aos líderes ou  a instituições. Começo por aqui porque isto tem sido esquecido. Há líderes que pensam que a missão foi entregue a eles ou à sua instituição. Há muita gente realizando ministério solo, fazendo carreira individual, sem noção de grupo. Há pastores se colocando acima da denominação a que pertencem e que investiu neles, e se colocam também acima da igreja local, que também neles investiu.

A igreja local é a pedra de toque do reino de Deus. Todos estamos debaixo da sua autoridade. Os pastores não são executivos, donos ou acionistas majoritários das igrejas.  Cuidam delas, mas são membros delas, e subordinados a elas. A igreja é maior do que nós. E não apenas a igreja universal, a militante, mas a igreja local. Quando Paulo escreveu à igreja de Corinto ele disse que aqueles crentes eram o corpo de Cristo: “Ora, vós sois corpo de Cristo, e individualmente seus membros” (1Co 12.27). A igreja local não é uma faceta do corpo de Cristo, mas cada igreja local é corpo de Cristo. Por isso que organizar igreja é algo sério. E por isso, muito negócio chamado de igreja não é igreja. Porque igreja não é evento social, mas é teológico. É sempre um grupo de pessoas convertidas a Jesus Cristo, salvas pelo seu sangue, batizadas após crerem. Somos a igreja e ao mesmo tempo estamos subordinados à igreja.

É bom lembrar isso porque as instituições denominacionais muitas vezes se portaram de maneira imperial com as igrejas. Há um hiato muito grande entre as igrejas e as instituições denominacionais porque as coisas foram confundidas. A estrutura se viu como a denominação e via as igrejas como suas servas. Muito executivo tratou pastor de igreja local como subordinado. Houve muito executivo imponente e autoritário. Fui falar com um deles, uma vez, ele puxou a manga da camisa, olhou o relógio e disse que eu tinha dois minutos para dizer o que queria. Fui embora, até mesmo porque não sou pedinte. Quem faz o reino avançar é a igreja local. É nela que há conversões, é nela que se levantam ofertas. São elas que oram e pregam. O pastor de igreja local precisa ser respeitado, bem como a igreja local. Esta deve ser respeitada e amada. A instituição denominacional não é de nenhum executivo (termo muito impróprio; ele não é executivo, é servo), mas das igrejas locais. Precisamos devolver a denominação às igrejas e tirá-las de pessoas e grupos que se apossaram dela.Continue a ler »A missão da igreja e a capacitação ministerial

Mansidão: produto da confiança em Deus

  • por

Mateus 5.5

Eis uma bem-aventurança que nem todos desejamos que se cumpra em nossa vida.  Afinal, ser chamado de manso não é bem um elogio. Entre os muitos sentidos que as pessoas dão a essa palavra, estão os de tolo, pateta, um maria-vai-com-as-outras. Traz também a idéia de uma pessoa covarde. E a história nos ensina que o mundo é dos fortes, e não dos fracotes. Um sociólogo disse que “todas as nações são produto de sangue, pólvora e violência”. Então, se mansidão não dá resultados, mas sim a brutalidade, a decisão enérgica, a violência, por que ser manso? No mundo, mansidão implica fraqueza, e os fracos sempre perdem. Ser manso?
Essa não

O significado da palavra

Mateus escreveu em grego, e usou para manso o termo poneiroi, que era empregado na literatura comum para designar uma brisa suave ou um cavalo domesticado. Tinha dois sentidos: algo que é natural (uma brisa refrescante) e algo que foi pacificado (um animal que fora selvagem).  Não se trata do pateta ou do tolo. Trata-se do que refresca, faz bem, e do que aprendeu a disciplina.

A Bíblia diz que ser domesticado é melhor que ser violento: “Vale mais ter paciência do que ser valente; é melhor saber se controlar do que conquistar cidades inteiras” (Pv 16.32, NTLH). A Bíblia valoriza e recomenda o autodomínio, produto da mansidão. Aponta como uma virtude saber ser manso.Continue a ler »Mansidão: produto da confiança em Deus

A ética manifestada pelo choro

  • por

“Bem-aventurados os que choram porque eles serão consolados.”

Mateus 5.4

O que tem ética a ver com choro?  A Ética trata da conduta ideal da pessoa. No estudo passado, dissemos que falaríamos da ética cristã pelo estudo do sermão do monte. Sobre ele, dissemos o seguinte: “Se todas as pessoas, inclusive nós, cristãos, o praticassem, o mundo seria um paraíso. Ele é considerado ´˜a constituição do reino de Deus´. Logo após a tentação no deserto (Mateus 4.1-10), Jesus veio pregando o reino de Deus. Ele começou a pregar, e a pregar o reino de Deus. O sermão do monte estabelece as regras de conduta do cidadão do reino.” Mas o que o choro tem a ver com a conduta ideal da pessoa?

Neste estudo, veremos a palavra de Jesus contida na segunda bem-aventurança:

“Bem-aventurados os que choram porque eles serão consolados.”

Mateus 5.4

Será que Jesus se expressou direito?

“Bem-aventurados os que choram” não faz sentido. Nosso estilo de vida é orientado para a felicidade. Nós a queremos, e muitas pessoas chegam a pisar nos outros para buscá-la. Se Jesus dissesse “bem-aventurados os que riem”, vá lá, mas quem chora? Choro lembra sofrimento, e sofrer é ruim. Quem gosta de sofrer é ruim da cabeça.Continue a ler »A ética manifestada pelo choro

A igreja e suas “Práticas Comerciais”

Jonatas de Souza Nascimento*

Muito comum hoje em dia as igrejas manterem em suas dependências cantina, stands para venda de produtos com temas religiosos, tais como livros, revistas, camisetas, bonés, viseiras, pulseiras, discos, CDs etc.

Daí iniciarmos este artigo perguntando: Pode ou não pode? Tal prática é legal? Estaria a igreja cometendo o “pecado” do desvio de finalidade?

Bom, como é sabido, as organizações religiosas são por natureza jurídica, imunes a tributos – uma garantia prevista no art. 150 da Constituição Federal de 1988. Portanto, não se fala em tributação sobre dízimos e ofertas alçadas por elas recebidos de seus fiéis. Diz a lei que tais recursos devem ser aplicados integralmente na consecução de seus fins que, nesse sentido, a principal é a propagação do Evangelho. Caso determinada igreja passe a praticar atos de comércio, ela fatalmente perderá a sua condição de imune, eis que previsto no Regulamento do Imposto de Renda e também no Código Tributário Nacional.

Todavia, e agora respondendo às perguntas acima, eu diria: DEPENDE. Continue a ler »A igreja e suas “Práticas Comerciais”

Zelador ou faxineiro?

  • por

Jonatas de Souza Nascimento*

Embora presente em inúmeras obras, a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) descreve as atribuições de cada trabalhador regido pela CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, recorro à magnífica obra intitulada Manual do Terceiro Setor e Instituições Religiosas, publicada pela Atlas, de autoria de Aristeu de Oliveira e Valdo Romão, autoridades incontestes nas áreas trabalhista, previdenciária, fiscal, contábil, eclesiástica, jurídica e outras mais, para esclarecer a diferença entre as funções de zelador e de faxineiro. Afinal, não são poucas as igrejas que, necessitando de serviços de faxineiro, na hora de efetuar o seu registro acabam apontando em Carteira Profissional a função de zelador, o que é um equívoco.

Vejamos a diferença, da forma didática apresentada na mencionada obra:

Continue a ler »Zelador ou faxineiro?

Um pai que passa valores aos filhos

Isaltino Gomes Coelho Filho

Estamos às voltas com mais um dia dos pais. Mesmo comemorada e estimulada pelo comércio, a data não tem o brilho do dia das mães. Em parte porque a figura da mãe é ímpar, quase mística, em nossa cultura. É mais terna, muito romântica.

O pai leva algumas desvantagens na cultura ocidental. Nossa estrutura o apenou (não penalizou, porque “penalizar” é ter pena). Em muitos lares é ele quem fica com a disciplina dos filhos. Chega em casa, à noite, cansado do trabalho, e lhe diz a esposa: “Você precisa dar um jeito nesse menino!”. Isto quando não diz: “Dá um jeito no seu filho!”. E o garoto logo pensa: “Pronto, meu pai chegou em casa, chegou a hora da bronca”.

Continue a ler »Um pai que passa valores aos filhos

Sal sem sal?

Um estudo preparado originalmente para a revista “Você”, da UFMBB

“Vós sois o sal da terra; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor? para nada mais presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado pelos homens” (Mt 5.13).

Quando era criança, este autor foi vítima de uma brincadeira de 1º de abril, feita por sua irmã, também criança. Ela lhe fez um cafezinho, o primeiro cafezinho que fez na vida. E deu para o irmão, que todo prosa o bebeu. Puxa, era o primeiro café feito pela irmã, e ela fez para ele! Mas ela o havia temperado com sal. Bebi e cuspi, imediatamente, ao primeiro gole. Que coisa horrível! Café com sal! O café, depois que ela adoçou outra xícara com açúcar, estava bom. Mas o sal estragou a primeira xícara.

Neste texto Jesus não quer dizer que devemos estragar o mundo. Ele não falou de colocar sal no café dos outros. Mas o episódio do autor ajuda a entender o que Jesus disse. O sal é marcante. Não é neutro. Deixa seu sabor onde é colocado. O sal não fica com gosto do arroz, mas o arroz fica com sal. Jesus pediu e esperava que seus discípulos deixassem marcas no mundo ao invés de serem marcados por ele. Hoje, infelizmente, muitos seguidores de Jesus  trazem mais traços do mundo em sua vida que deixam seus traços cristãos na vida do mundo. Isto é muito triste. Não é o propósito do Senhor Jesus para os que são seus. Não deve ser assim conosco.

Continue a ler »Sal sem sal?

Pacificadores, uma grande necessidade!

Um estudo preparado originalmente a  revista “Você”, da UFMBB

“Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5.9).

Em Campinas, interior de S. Paulo, fez-se uma grande manifestação pela paz, na Lagoa do Taquaral, aprazível parque da cidade. O propósito era pedir paz para a cidade. Alguns esotéricos pediram que as pessoas fossem de branco, para passar “energias positivas” para a cidade. Seria uma “virada” no momento que a cidade vivia (na realidade, ainda vive, pois a violência campeia livre na rica, culta, limpa e bonita cidade natal de Carlos Gomes). Pois bem, roubaram vários veículos durante a manifestação, alguns com arrombamento. Houve assaltos, também. A paz não veio com a manifestação.

Paz é uma grande necessidade, mas as pessoas querem promovê-la recitando palavras de ordem, fazendo passeatas e vestindo-se de branco. Isto não tem resolvido. Mas a Bíblia nos exorta a viver a paz e Deus deseja que todos tenhamos paz. Qual é o caminho prescrito pela Bíblia para termos paz? Temos refletido sobre as bem-aventuranças. A que estudamos agora fala dos pacificadores. Quem são eles? Como agem? Vejamos alguma coisa sobre esta afirmação bíblica.

Continue a ler »Pacificadores, uma grande necessidade!

Ódio e amor

Um estudo em Mateus 5.38-48, preparado por Isaltino Gomes Coelho Filho

para a revista “Você”, da UFMBB

Continuando nosso estudo no sermão do monte, chegamos a este ensino de Jesus sobre ódio e amor. Nele encontramos as maiores dificuldades para praticarmos o sermão do monte. Qual de nós, realmente, recebendo um tapa no rosto permite ao agressor bater no outro lado? Qual o cristão que, sendo processado e correndo o risco de perder algo (a túnica), cede também algo mais valioso (a capa)? Não estão corretos os críticos que dizem que o sermão do monte é uma utopia, isto é, algo impossível de ser vivido?

E se fôssemos abrir mão de nossos direitos e se nunca nos defendêssemos, estaríamos sendo justos para conosco e para com o próprio sistema de relacionamentos no mundo? Como entender esta declaração de Jesus, num mundo mau como o nosso?Continue a ler »Ódio e amor

Como preparar um sermão

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

Preparado para o curso de Conselheiros de Embaixadores do Rei, em 7.7.9, na Faculdade Teológica Batista de Brasília

1. DEFINIÇÃO GERAL – Um sermão não é um bicho de sete cabeças. Muita gente pensa que para pregar um sermão precisa de um curso de Teologia ou de uma linha direta com Deus. Por isso vamos definir: Um sermão é o ensino de verdades espirituais baseado na Bíblia. Não é um oráculo divino. Não é uma segunda Bíblia. É algo que as pessoas preparam. Quanto mais estudo e mais espiritualidade tiver a pessoa melhor será o sermão. Mas não é necessário ser um erudito para pregar. Lembre-se do Novo Testamento: você pode indicar alguns nomes de pessoas que não eram apóstolos e pregaram?

2. DEFINIÇÃO BÍBLICA – Vamos dar uma definição bíblica? Leiamos Neemias 8.8. Há quatro elementos básicos nesta definição bíblica:

(1) Ler no Livro

(2) Esclarecer o que liam

(3) Explicar o sentido

(4) O povo entender.

Continue a ler »Como preparar um sermão

A parábola da denominação rejeitada

  • por

Isaltino Gomes Coelho Filho

Um dia, Deus, o Todo Poderoso, o Pai de Jesus, decidiu dar um basta. Era hora do juízo. Jesus fizera uma afirmação enfática (“E este evangelho do reino será pregado no mundo inteiro, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim” – Mt 24.15) e ele iria cumpri-la. Antes do juízo, haveria um grande avivamento, com seu povo proclamando ao mundo a salvação em Jesus. A obra missionária teria um avanço como nunca, em toda a história. Ele não tinha preferência por nenhuma denominação, pois aceitava a todas, mas achou que uma, bem estruturada, com séculos de existência, e com igrejas em todos os países do mundo, poderia ser a ponta de lança do movimento. No passado, ela tivera grandes evangelistas e missionários.

Ele enviou seus anjos a diversos segmentos desta denominação. Eles ficaram alvoroçados. Pregar o evangelho era algo que eles mesmos quiseram fazer e Deus não deixara, confiando a tarefa à igreja (1Pe 1.12). Eles deveriam ir a vários líderes desta denominação e lhes dizer o que Deus iria fazer e o que esperava deles. Que alarido! Por fim, as coisas iriam se ajeitar. Chegara a hora!

Continue a ler »A parábola da denominação rejeitada

Uma ética cristã para hoje

Um estudo em Mateus 5.1-3, preparado originalmente para a revista “Você”, da UFMBB

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

A Ética é um dos ramos da Filosofia. Trata da conduta ideal do indivíduo. Tem muito a ver conosco, cristãos, porque um dos pontos mais fortes da vida cristã é a conduta diante do mundo. Ou seja, como devemos proceder no mundo. Há até um ramo da Ética chamado de Ética Cristã.

Refletir sobre ética, a conduta ideal do cristão no mundo, é bastante oportuno. Afinal, seguir a Cristo não é viver na igreja cantando, mas é viver no mundo. Jesus orou pelos seus seguidores nestes termos: “Não peço que os tires do mundo, mas que o guardes do Maligno” (Jo 17.15). Vivemos no mundo, não dentro da igreja. Então, como vier corretamente?

Nosso ponto de partida será o chamado “Sermão do Monte” de Jesus, contido em Mateus, capítulos 5 a 7. É o mais famoso discurso religioso de todos os tempos. Trata-se de um primor literário e também de conteúdo. Se todas as pessoas, inclusive nós, cristãos, o praticassem, o mundo seria um paraíso. Ele é considerado como “a constituição do reino de Deus”. Jesus veio pregando o reino de Deus, logo após a tentação no deserto (Mt 4.1-10), começou a pregar e a pregar o reino de Deus. O sermão do monte estabelece as regras de conduta do cidadão do reino.Continue a ler »Uma ética cristã para hoje

A bênção da dor no coração

  • por

Um estudo em Mateus 5.7, preparado originalmente para a revista “Você”, da UFMBB

Bem-aventurados os misericordiosos…” Mateus 5.7

Em nosso estudo da ética do sermão do monte, estamos analisando as bem-aventuranças pronunciadas por Jesus. Chegamos à quinta, que tem uma estrutura diferente das demais. Ela é retribuidora. Explico. Nas bem-aventuranças anteriores, a pessoa era algo e por isso recebia alguma coisa. Nesta, a pessoa receberá o que ela é. Na realidade, não se diz que receberá o que é, mas que alcançará para si o que faz aos outros. É como se fosse algo que está lá, esperando por ela.

Quem for misericordioso alcançará a misericórdia. Vivemos num mundo em que o negócio é ser forte, competitivo, em que os fracos vão caindo pelo caminho. E quem deseja vencer e triunfar na vida precisa sobrepujar os outros. É a ética do mundo. Quem tiver a boca maior engole o outro. Mas o cristão é exortado a usar de misericórdia para alcançá-la para si. Vamos ver o que Jesus pretendia nos ensinar com esta bem-aventurança.

O que é misericórdia?

Continue a ler »A bênção da dor no coração

Alegria demais faz mal

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

Uma amiga, cristã dotada de sólida convicção, casou-se com um homem não convertido a Cristo. Com seu testemunho, em pouco tempo conseguiu levá-lo à conversão. A partir daí, veio a busca de uma igreja onde os dois se integrassem. Ela se preocupou mais com ele, porque era um crente novo. Visitaram uma igreja perto de sua casa. O marido, ganho para Cristo em casa, não tinha convivência eclesiástica. Achou o culto muito alegre. Tão alegre que disse que não gostaria de ficar naquela igreja. Segundo ele, não suportaria tanta alegria. Morreria de tão alegre. Tendo senso crítico aguçado, notou que aquilo não era natural. Ele não morreria. Talvez morresse seu interesse pelo evangelho.

Ri com a história, mas fiquei a matutar (paulista do interior matuta) sobre o excesso de “alegria” em alguns cultos. As pessoas mal se conhecem, e suas vidas, fora do salão de cultos, não se tangenciam. São vividas separadamente. Mas há um momento no culto em que elas devem sorrir umas para as outras, cumprimentá-las e dizer que as amam, enquanto entoam algum cântico. Não sabem os nomes umas das outras, desconhecem as lutas dos outros, mas sorriem e dizem que se amam. Qual o conceito de amor por trás disto?

Continue a ler »Alegria demais faz mal

Gente que queira ser gente

Isaltino Gomes Coelho Filho

Nos anos sessentas, os religiosos deram ao mundo o pastor batista Martin Luther King Jr., Prêmio Nobel da Paz. Nos anos oitentas, trouxeram ao cenário mundial o bispo anglicano Desmond Tutu, também Prêmio Nobel da Paz. Nos anos noventas, foi a vez de Madre Teresa de Calcutá, agraciada, também, com o Nobel da Paz.

Depois vimos gente dando pontapé em santa, pela televisão. Vimos fotos de Roberto Marinho, sendo comido por baratas, em um programa religioso. Ouvimos um ministro religioso dizer, pela televisão, com todas as letras, que “conosco não tem essa de levar um tapa e virar a outra face; conosco é bateu, levou”. Por fim, ouvimos falar de jihad, de “guerra santa”. Uma pergunta que se pode fazer é esta: “Mudou a religião ou mudei eu?”

Continue a ler »Gente que queira ser gente

Por quê?

  • por

Um sermão pregado pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho no sepultamento de uma menina de colo, dirigido particularmente a seus pais, embora destinado a toda a igreja. Os nomes da menina e dos pais são omitidos, mas a mensagem é publicada na expectativa de que ajude alguém.

Esta é a primeira pergunta que nos vem à mente: “por quê?”.

Por que motivo Deus leva uma criança inocente, privando-a da vida, e permite a existência de tantos patifes e bandidos? O rabino Kushner, um dos mais lúcidos do judaísmo contemporâneo, escreveu um livro intitulado Quando Coisas Ruins Acontecem Com Pessoas Boas. Não tratou de teorias ocas e de palavras rebuscadas. Partiu de uma situação pessoal. Seu filho foi acometido de progeria, envelhecimento precoce. Com oito anos de idade já estava calvo, perdera os dentes e tinha a pele enrugada. Faleceu aos treze anos de idade, aparentando oitenta. “Por quê?”, foi a pergunta que ele se fez a si mesmo.

Perdi minha mãe aos meus catorze anos. Ela estava com trinta e dois anos. Esta foi minha pergunta: “Por quê?”. Por que há tantas mães velhas e a minha morre jovem? Por que tinha que ser a minha? São dois aspectos da pergunta: “Por que aconteceu?” e “Por que comigo?”.

Qual é a resposta?

Continue a ler »Por quê?

Apresentação do livro “O Pai Nosso – A oração que Jesus ensinou”

  • por

Clique para ampliar

Em 2009, designado pelo autor como o seu ano sabático, Isaltino Gomes Coelho Filho escreveu quatro livros em cinco meses de trabalho de oito até dez horas por dia. Este seu 31º livro  e o quarto do seu período de “descanso” é sobre o Pai nosso – a oração modelo de Jesus.  É também um convite às disciplinas espirituais como oração e estudo da Palavra. Ao ler e ao mergulhar nestas páginas o nosso desejo é de orar o Pai Nosso como se fosse a primeira vez e ao mesmo tempo colocar em prática os ensinamentos que cada capítulo traz. A proposta do autor não é só trazer o conteúdo teológico da oração modelo do Senhor Jesus, mas também o significado espiritual para nossa vida, hoje, neste século em que vivemos. Deus é Pai de todos nós, o Pai da Igreja. Este chamado para a comunhão com os irmãos que estão diante do Pai é muito forte neste livro.

Ler qualquer artigo ou livro do Isaltino é ficar extasiado e boquiaberto com as sutilezas que ele destaca, é ficar indignado como ele nas colocações que faz. O autor é quase o “último dos moicanos” de uma geração que aprendeu a não ter medo de colocar o dedo na própria ferida até sangrar para cicatrizar. Alguns abandonaram esta idéia, mas ele parecendo um daqueles profetas que ele bem conhece do Velho Testamento, pois é Mestre, academicamente falando, nesta área, sai instigando nossas mentes com seus livros. Já li oito deles e o sentimento que passa em minha mente é sempre o seguinte: Puxa, mas eu queria ter dito isto; Ah, eu sempre pensei assim ou Como não pensei assim antes?

Continue a ler »Apresentação do livro “O Pai Nosso – A oração que Jesus ensinou”

Apresentação do livro “Excelência no ministério pastoral”, do Pr. Vanderlei Marins

  • por

Apresentar um livro do Pr. Vanderlei Marins é ponto no currículo. Quem o conhece, respeita-o e sabe de sua integridade ministerial. Tempos atrás, pediram-me os nomes dois obreiros que, eu entendia, melhor personificavam o ministério pastoral. Citei dois, João Falcão Sobrinho, com quem me converti, com quem me decidi para o ministério e que moldou minha vida cristã, e Vanderlei Marins, com quem convivi esparsamente, mas o suficiente para me impressionar com seu caráter.

A impressão se robustece a cada contato e mais ainda na leitura dos originais de Excelência no Ministério Pastoral. Sobretudo porque o autor cumpriu o que prometeu, comunicar mais que conceitos e “compartilhar convicções”. Isto tem faltado ao ministério: convicções. Há conveniências de sobra. Gente sem rumo, sem projeto, desejando apenas notoriedade e, para tal fim, comprometendo a dignidade do ministério pastoral. No capítulo “Atuação do pastor”, Vanderlei já põe as cartas na mesa. Pelo dedo se conhece o gigante, pelas linhas iniciais se conhece um bom livro. Como é bom ler alguém dizer que o pastor precisa entender que a igreja está acima dele! Há pastores que usam a igreja, que contornam sua autoridade, que não a amam, mas apenas a seus ministérios. A igreja está acima de nós. Ela é de Cristo e o pastor não é seu dono, mas apenas toma conta dela para o Dono.

Continue a ler »Apresentação do livro “Excelência no ministério pastoral”, do Pr. Vanderlei Marins

Apresentação de “Família – Vale a pena acreditar”

  • por

Clique para ampliar

Pela primeira vez em sua história, a civilização ocidental encara o desafio de ter que definir o significado dos termos “casamento” e “família”. O que até recentemente era considerado uma família “normal”, constituída de um pai, uma mãe, e um determinado número de filhos, tem sido visto, nos últimos anos, como mais uma dentre tantas opções, que não pode mais alegar ser a única forma, muito menos a forma superior, de se ordenar os relacionamentos humanos.

A visão judaico-cristã do casamento e da família, com suas raízes fincadas na Escritura Sagrada, tem sido ampla e significantemente trocada por valores que superestimam os direitos humanos, a auto-realização e o utilitarismo pragmático, em detrimento da verdade e do amor ao próximo, tanto em nível individual, quanto social. O resultado é que o casamento e a família estão sitiados, vivendo sob o ataque de toda sorte de forças. E com o casamento e a família, a própria civilização ocidental está ameaçada, fadada à ruína.

Continue a ler »Apresentação de “Família – Vale a pena acreditar”

Grego ou bíblico?

Isaltino Gomes Coelho Filho

Em preleção no Colgate-Rochester Divinity School, depois posta em livro, o pensador Manson cotejou os modos de pensar grego e hebreu. Ao falar da A República, de Platão, Manson mostrou haver insensibilidade para com os inferiores, pois a sociedade acaba dividida em rígido sistema de castas. Renato Pompeu de Toledo, no Jornal da Tarde, de 2.6.97, escreveu: “Num de seus (Platão) primeiros diálogos, sobre a Amizade, se defende a tese de que o escravo deve ter muito menos direitos do que um ser humano livre. No diálogo sobre as Leis, no livro 6º, o Ateniense, pela boca de quem Platão fala, afirma que “os escravos serão mais facilmente mantidos em sujeição” se se reunirem numa mesma propriedade e num mesmo Estado escravos que falem diferentes línguas e assim não possam comunicar-se entre si. No livro 8º, o Ateniense simplesmente afirma: “Se um escravo pegar qualquer fruta sem o consentimento do proprietário do terreno, ele será espancado com tantos golpes quanto houver de bagos de uvas no cacho, ou figos na figueira”.

Continue a ler »Grego ou bíblico?

Ética e fé

Isaltino Gomes Coelho Filho

Definir um evangélico é, hoje, problemático. Cada grupo alardeia sua superioridade ou sua “diferencialidade”. Para uns, um bom evangélico possui determinados dons. Para outros, conhece doutrinas e sabe manusear a Bíblia para refutar os demais, os “hereges”. Há os que têm uma cultura de gueto: mulher não cortar cabelos nem usar cosméticos, e a indefectível gravata masculina. Em outras mentes, um evangélico é um “sarado” e possuidor de bens materiais. A teologia da prosperidade cristianizou o consumismo, o que se vê em declarações como “Deus prometeu deixar todos nós ricos”. Ai dos mártires e pobres!

Crer na Bíblia como Palavra de Deus é um parâmetro insuficiente. Mórmons e testemunhas de Jeová crêem. Todas as seitas exóticas têm o mesmo discurso. E algumas são enfáticas: a Bíblia somente. Um somente explicado pelo grupo. O discurso institucional triunfa, em muitos segmentos, sobre o ensino bíblico. São os óculos pelos quais se lê a Bíblia.

Continue a ler »Ética e fé

RSS
Follow by Email
YouTube
WhatsApp
URL has been copied successfully!