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Artigos

“Profeta, não dê palha ao povo!”

“O profeta que tem um sonho conte o sonho; e aquele que tem a minha palavra, fale fielmente a minha palavra. Que tem a palha em comum com o trigo?, diz o SENHOR.” – Jeremias 23.28 (Almeida Século 21).

No meu tempo de aluno do Seminário do Sul, quando os alunos do primeiro ano iam pregar seu sermão de prova, os veteranos se alvoroçavam. Os calouros eram por eles chamados de “palhudos” e exortados a não pregarem palha. Na sala de aula de Homilética, um pequeno salão de cultos, com púlpito e tudo, aparecia o texto de Úxodo 5.7: “Não deis palha ao povo”. Era uma brincadeira que servia de laços de união. Eram tempos bons, também. Ninguém queria ser chamado de “palhudo”, que denotava o pregador fraco, relaxado. Os candidatos a pastores queriam pregar bem.

Deus não gosta de pregadores palhudos. Não do pregador fraco, mas de outro tipo de palhudo. Não é a palha de Úxodo que o incomoda, mas a palha da qual ele falou a Jeremias, os devaneios humanos.  Ao profeta, ele compara os sonhos com a palha e sua Palavra com o trigo. Havia gente pregando seus sonhos, tantos os oníricos como os devaneios, como se fossem Palavra de Deus. Como hoje: há gente trocando a Palavra de Deus, a Bíblia, sua revelação verbalizada e proposicional, pelos sonhos humanos. São púlpitos que têm vergonha de ecoar a Bíblia, porque a acham ultrapassada, e ecoam o coração humano.  E deixam de ser apaixonados pela Palavra e por Jesus, o fio de prumo para interpretar a Palavra, e se dizem apaixonados por Tillich, Nietzsche, Marx e outros confusos e fracassados. Sonhos humanos são palha, por mais bem intencionados que sejam. A Palavra é o trigo.Continue a ler »“Profeta, não dê palha ao povo!”

“Eu senti no meu coração!” E daí?

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“O coração é enganoso e incurável, mais que todas as coisas; quem pode conhecê-lo?” –

Jeremias 17.9 (Almeida Século 21).

No cenário evangélico contemporâneo, a maior vertente hermenêutica é o “sentismo”, junto com seu irmão, o “pensismo” ou o seu primo, o “achismo”. Para uma boa parte dos crentes, as posições espirituais são tomadas desta maneira: “Eu sinto em eu coração”, ou “Eu penso assim, ó”. Ou, ainda, “Eu acho assim, ó”.  É lamentável, profundamente lamentável, que a maior parte dos evangélicos despreze a autoridade das Escrituras e estabeleça seus sentimentos como padrão de conduta. Descrendo da Bíblia, desprezando o Espírito Santo que a inspirou, e crendo num espírito santo (com letras minúsculas) do tamanho delas, que elas confundem com seus sentimentos, procuram afirmar seus pensamentos como sendo os pensamentos de Deus. Elas acham que por crerem em Deus, o que elas pensam foi posto por Deus na mente delas. O neopentecostalismo, com sua anarquia espiritual e desmoralização da Bíblia, é responsável por isto. Eleva palavras de pecadores, que por serem pastores, acham que são divinos, e não podem ser contestados. Eles se consideram uma nova revelação. Como o herege Morris Cerulo, que declarou, certa vez; “Vocês não estão olhando para Morris Cerullo; estão olhando para Deus, estão olhando para Jesus Cristo”. Blasfemo!

Jeremias seria estigmatizado por esta turma festiva de evangélicos que elevam seus pensamentos pecaminosos à categoria de revelação divina. A turma festiva o chamaria de “tradicional, carnal, sem poder, sem o Espírito Santo”. É o ônus de crer na Bíblia.Continue a ler »“Eu senti no meu coração!” E daí?

Advertência contra o humanismo

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“Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, faz daquilo que é mortal a sua força e afasta do SENHOR o seu coração” – Jeremias 17.5 (Almeida Século 21).

Ameaçado de juízo divino por causa de seus pecados, Judá buscou solucionar o problema. Era bem fácil: arrependimento e postura correta diante de Deus. Isto eliminaria o juízo que viria pela Babilônia. Mas Judá tinha suas soluções: buscava alianças políticas ora com a Assíria, que destruíra Israel, ora com o Egito. Em vez de confiar em Deus, confiava nos homens. Por isso a palavra dura em Jeremias 17.5: “Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, faz daquilo que é mortal a sua força e afasta do SENHOR o seu coração”.

Abstraída do contexto e aplicada em seu sentido geral, como esta palavra é atual! A igreja contemporânea é tão humanista! Não é humana, é humanista mesmo. O humanismo é a doutrina filosófica que exalta o homem, que o vê como capaz, que exclui a necessidade de forças espirituais para ajudá-lo. Ele se basta. Como nossas igrejas confiam em planos, modelos eclesiológicos, modelos litúrgicos e líderes humanos! Como idolatramos pastores, gurus, bispos e “apóstolos”! Como os batistas confiamos em nossas instituições, juntas (a maior parte falindo), associações, comissões e GTs! Todos os nossos problemas, cremos, podem ser resolvidos por um Grupo de Trabalho! Nunca vi um chamado ao jejum e à oração por parte de toda a denominação para resolver nossos problemas administrativos (juntas, colégios e seminários semifalidos). Mas sempre temos planos. Que parecem não dar certo.

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Não há santos intercessores

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“O SENHOR, porém, me disse: Ainda que Moisés e Samuel intercedessem diante de mim, eu não mostraria favor a este povo. Manda-os embora da minha presença! Que eles saiam!” – Jeremias 15.1 (Almeida Século 21)

Iahweh estava tão desgostoso com Judá que mesmo que Moisés e Samuel intercedessem pela nação ele a destruiria. Em Ezequiel 14.14, o desgosto continua e mesmo que Noé, Daniel e Jó intercedessem nada conseguiriam.

Há duas lições daqui. A primeira é que não há transferência de santidade. O caráter de Noé, Moisés, Samuel, Jó e Daniel não beneficiaria os pecadores. Podemos orar intercessoriamente por alguém, para que Deus aja naquela vida, envie alguém para testemunhar, cure, mas nunca podemos salvar alguém com nossas orações. Nem nós nem os santos finados. Ninguém tem sobra de mérito espiritual para passar a outro. Vez por outra, em algum aeroporto, alguém com excesso de bagagem me pede para embarcar com material seu. Nego-me porque não sei quem é a pessoa nem o que ela transporta. Já vi gente fazer isto e se dar mal. Mas se com bagagem é possível, com Deus não há transferência de aparente crédito espiritual.

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Por que os picaretas se dão bem?

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“Por que o caminho dos ímpios prospera?” – Jeremias 12.1 (Almeida Século 21).

Pergunta inquietante. Jeremias não foi o único a fazê-la. Asafe também a fez (Sl 73). E também Habacuque (Hc 1.1-3). E milhões de pessoas, ao longo da história. Por que uma pessoa teme a Deus e as coisas dão erradas para ela, e um pilantra lesa todo mundo, não liga a mínima para Deus, e tudo sai bem para ele? Por que o mundo parece uma corrida de ratos, em que só os ratos se dão bem? Eu mesmo fiz estas perguntas, e mais de uma vez.

Um missionário sério se priva de muitas coisas da vida, vai para um lugar difícil para servir a Deus, passa necessidades, não tem recursos sequer para tocar a obra de Deus. Um falso obreiro ilude as pessoas, monta um império econômico, procede sem escrúpulos, mas como monta um esquema publicitário, é saudado como “servo abençoado”. O missionário sério passa a ser visto como homem sem fé, e que deve ter feito alguma coisa errada, para Deus não abençoar seu trabalho. Um crente se nega a adulterar documentos numa empresa e acaba sendo demitido por isso. Um empresário crente quer cumprir a lei, e vive encalacrado, endividado até a raiz dos cabelos. Outro falsifica notas, suborna pessoas, é desonesto, e enriquece.

Vale mesmo a pena ser decente? Vale a pena fazer as coisas certas?Continue a ler »Por que os picaretas se dão bem?

Pregadores da autoajuda e do triunfalismo

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“E curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz! Mas não há paz” – Jeremias 8.11 (Almeida Século 21)

A situação era terrível. Judá estava vivendo em pecado, caminhando para o desastre como o falecido Israel caminhara. Jeremias vê sua nação perdida na iniquidade, é chamado por Deus para adverti-la, mas não lhe davam ouvidos. Isto mostra que o pecado endurece o coração das pessoas a tal ponto que o petrifica. Elas passam a amar o erro.

E apareceram falsos profetas, com mensagens opostas as de Jeremias. Ele falava de juízo, eles falavam de vitória. Ele anunciava a necessidade de arrependimento, e eles anunciavam que bastava a vida religiosa festiva. Jeremias anunciava a tribulação trazida por Deus para sacudir o povo, mas eles  ofereciam shalom, que é mais que “paz”. É integralidade, a totalidade do bem estar, na plena posse das bênçãos de Deus. Jeremias era o profeta “durão”. Eles eram “os caras”.Continue a ler »Pregadores da autoajuda e do triunfalismo

Não é louvor que Deus quer

“Pois quando tirei vossos pais da terra do Egito, não lhes falei nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios. Mas ordenei-lhe isto: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; andai em todo o caminho que eu vos ordenar, para que vos corra tudo bem” – Jeremias 7.22-23 (Almeida Século 21).

Temos uma enorme capacidade de adaptar a Palavra de Deus às nossas conveniências e convicções culturais. Ao invés de nos regermos pela Palavra, com muita facilidade subordinamos a Palavra a nós. Quem ouve (se consegue prestar atenção e consegue entender) os sermõezinhos dos grupos de louvor, antes de cada corinho, pode pensar que o que Deus mais espera de nós é que cantemos nos cultos.

O que Deus mais espera de nós não é culto, mas obediência. Isto fica bem claro no texto de Jeremias 7.22-23. Os contemporâneos do profeta pensavam que culto era mais importante que obediência a Deus. No versículo 24, Deus diz que pensando e agindo assim “andaram nos seus próprios conselhos, no propósito do seu coração perverso. Andaram para trás, e não para diante”. Ou seja, fizeram o que lhes agradava, que não era, necessariamente, o que agradava a Deus.Continue a ler »Não é louvor que Deus quer

“Me engana que eu gosto!”

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“Os profetas profetizam falsidade, os sacerdotes dominam com autoridade própria, e o meu povo gosta disso. Mas o que fareis quando isso chegar ao fim?” – Jeremias 5.31 – Almeida Século 21.

Para Deus, “uma coisa espantosa e horrível” (Jr 5.30). Mas para o povo de Deus algo muito agradável. Os profetas profetizavam falsamente, e os sacerdotes, sem a autoridade de deus, usavam sua própria autoridade, para dominarem o povo. E este gostava da situação.

Qual era a profecia falsa dos profetas do tempo de Jeremias? Se ler o livro, você vai ver que era de um só tipo: eles anunciavam apenas coisas boas, nunca o juízo. E acusavam Jeremias de ser um homem duro em sua pregação. Deles, Deus disse que curavam superficialmente a ferida do povo, anunciando coisas boas (Jr 6.14). Mas, sem se preocupar em ter ibope, Jeremias disse deles que “agem com falsidade, desde o profeta até o sacerdote” (6.13). Jeremias era um homem desagradável. Falava de pecado, de juízo e chamava o povo ao arrependimento. Fosse pastor evangélico hoje, Jeremias seria um “dinossauro, um jurássico”, daqueles que anunciam coisas do passado. Os falsos profetas teriam um vasto fã clube, porque os pecadores não gostam de ser advertidos, mas adulados.Continue a ler »“Me engana que eu gosto!”

Nem sabão nem soda cáustica

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“Ainda que te laves com soda, e uses muito sabão, a mancha da tua maldade permanece diante de mim” – Jeremias 2.22 – Almeida Século 21.

Nem soda nem sabão podiam lavar as iniquidades de Judá, no tempo de Jeremias. “Soda e sabão”, metaforicamente, têm dois significados no texto. O primeiro alude aos atos de purificação legal e ritual. O segundo, aos esforços humanos, morais ou de outra natureza, para melhorar a situação espiritual. Jeremias podia estar se referindo a um ou ao outro. Ou aos dois. Eram inúteis para purificar os pecados da sua nação.Continue a ler »Nem sabão nem soda cáustica

Teólogos sem Deus

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“Os doutores da lei não me conheceram” – Jeremias 2.8 (Almeida Século 21)

Triste declaração da parte do Senhor: “Os doutores da lei não me conheceram”.  Havia em Jerusalém um grupo de teólogos que desconhecia a Deus e que empurrou Judá para a destruição. Esta é uma das maiores desgraças que pode acontecer também à igreja: homens que não conhecem a Deus liderando-a, e formando opinião de outros líderes. É a ruína da igreja. Teólogos sem Deus! Infelizmente os há! Conhecem algumas coisas sobre Deus, mas não conhecem a Deus.

O verbo traduzido por “conheceram” é declinação do hebraico yadha, cujo significado não é o conhecimento cognitivo ou informativo, mas experiencial e relacional. É o verbo usado para descrever a conjunção carnal entre marido e mulher. Como nas antigas traduções “E Adão conheceu a sua mulher”. Este é o maior tipo de conhecimento que se pode ter de uma pessoa, na cultura bíblica, a ponto dos dois serem uma só carne. Conhecem-se a ponto de se identificar e de fundir numa só pessoa.Continue a ler »Teólogos sem Deus

Não dá para tratar batata como alface

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

Culinariamente não dá mesmo. A batata deve ser descascada e cozida ou frita. Alface não. Com sal e um bom azeite português por cima já está boa.

O título vem de uma observação de Peter Kreeft, catedrático de filosofia no Boston College e no King´s College, no livro “Jesus, o maior filósofo que já existiu”. No capítulo  “A antropologia de Jesus”, ele diz: “O liberalismo secular (termo enganoso, pois não é realmente libertador)… nega a realidade  do pecado pessoal e acha que o homem é um pé de alface, não uma batata. A alface apodrece de fora para dentro; a batata, de dentro para fora. Por essa razão, a solução dele é sempre uma solução ´˜alface´: façamos isso ou aquilo, melhoremos o ambiente social, coloquemos algum dinheiro nas estruturas sociais ou condicionemos as pessoas com uma educação melhor. Eles são como os fariseus que limpam o exterior, mas ignoram a podridão interior (Mt 23.25,26). Alguém definiu o liberal como aquele que exige o direito de respirar ar puro para que possa proferir palavras  sujas” (p. 83).Continue a ler »Não dá para tratar batata como alface

O Frio Deus do livro A Cabana

“The Shack” (A Cabana) tem ocupado o primeiro lugar na lista de bestsellers do New York Times, sendo uma narrativa de ficção, que ocupou durante nove meses o número sete em preferência no Amazon e o número seis no Barnes & Noble. Até o mês de janeiro deste ano, cinco milhões de cópias haviam sido vendidas. O livro está sendo traduzido em 30 línguas e um filme está sendo produzido. [N.T. – O povo evangélico emergente adora qualquer coisa que possa diluir o Evangelho verdadeiro, para continuar sentindo-se à vontade com os seus pecados de estimação].
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A Reflexão Filosófica De Hagar, O Horrível

Isaltino Gomes Coelho Filho

“Hagar, o horrível” é uma tira cômica publicada em vários jornais do mundo. Ele é um viking devidamente caracterizado. Na cabeça, um elmo com chifres, é gordo, e sempre partindo para batalhas. Ausente como pai e marido, bebedor de cerveja, com um escudeiro que, por vezes, parece uma toupeira, de tão burro, e em outras, um gênio, pelas tiradas. A esposa é Helga, mostrada como matriarca. Tem uma filha, bonita, loira, e um filho tímido que gosta de ler poesia, sendo o oposto do pai.

Presentemente, leio-a no “Jornal de Brasília”. A tira de 7 de agosto foi genial. Apenas dois quadros. No primeiro ele pergunta “Sabem o que realmente define quem é ´˜o chefe da família´?”. No segundo, Helga e os dois filhos estão abraçados a ele, enquanto um KA-BOOM em letras garrafais mostra um trovão. E ele diz: “É aquele no qual todos se agarram na hora da tempestade”.  Dick Browne, o autor das tiras, foi felicíssimo. O papel de um homem, como chefe de família, é prover segurança para todos.Continue a ler »A Reflexão Filosófica De Hagar, O Horrível

Um conceito bíblico de ética

Isaltino Gomes Coelho Filho

Na língua hebraica não há uma palavra específica que corresponda ao conceito de ética entre os ocidentais. O mais próximo seria hallakah, do verbo halaq, que significa “andar”. Para os hebreus, a vida era uma caminhada, o que se pode ver no Salmo 1, e viver bem demandava saber andar corretamente. Isto também se entende da ordem de Deus a Abraão: “Anda em minha presença; e sê perfeito” (Gn 17.1).

Mas não se anda nu. Anda-se vestido. Pelo menos no tempo bíblico. Por isso que o Apocalipse diz que o linho (um dos tecidos mais elegantes da época) são as boas ações do povo de Deus (Ap 19.8). Em contrapartida, o pecado se associa com a nudez (Gn 3.7 e Ap 3.18). Andava-se vestido, e bem vestido. Tanto física quanto moralmente.Continue a ler »Um conceito bíblico de ética

Crença e conduta

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Isaltino Gomes Coelho Filho

A epístola aos Romanos é considerada como um tratado de teologia sistemática. Paulo segue uma linha muito coerente na forma de ordenar seu pensamento. Primeiro, a humanidade em pecado. Depois, a fidelidade de Deus. Apresenta, a seguir, a justificação pela fé, e gasta bom espaço para falar da salvação. Mostra como Deus salvou os gentios pela fé. “E os judeus, perguntará alguém? Ele trata disto no capítulo 11. E assim encerra a discussão teológica.

Esta é a primeira parte da epístola. Então começa a segunda, no capítulo 12. Começa com um “Portanto” (v. 1), e passa a tratar da ética cristã. A ordem é bastante coerente. Primeiro, a teologia. Depois, a ética. Primeiro ele trata do que deve ser a nossa fé e depois de como deve ser nossa conduta. O ensino é claro: o que uma pessoa crê afeta seu modo de vida. Não se pode crer em algo e viver o seu oposto. A fé ou doutrina traz um estilo de vida. Muita gente não entendeu isso. Acha que basta crer, que está salva e que como Deus perdoou seus pecados, pode viver de qualquer maneira. Não importa o que faça. A graça perdoou os pecados do passado, e perdoará os do presente e os futuro, até mesmo aqueles que estão sendo planejados.  Isto é anomia, como falamos no boletim passado.  O cristianismo é uma fé profundamente ética. Não é comportamental, mas traz em si um comportamento, um conjunto de valores.

Por força do misticismo da nova era, e de sua espiritualidade oriental na linha hindu, do adorador se diluir no Adorado, muitos cristãos pensam que seguir a Cristo é ter êxtases e entrar em transe. Muitos de nossos cânticos parecem ensinar isto: seguir a Cristo é uma viagem espiritual, cantada em termos obscuros e esotéricos. Por isso se vê cada vez menos o anúncio da cruz, do perdão dos pecados e a chamada à santificação. Temos muito louvor e pouca santidade. Porque não enfatizamos a ética.Continue a ler »Crença e conduta

A missão da igreja e a capacitação ministerial

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Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho, preparado para a Aula Inaugural do CCC ABAME, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, dia 3 de agosto de 2009

INTRODUÇÃO

Inverti os termos que me deram. O tema era “A capacitação ministerial e a missão da igreja”.  Primeiro discutirei a missão da igreja, e depois a capacitação ministerial. Porque a capacitação é para o ministério da igreja. A missão dada ao Senhor Jesus foi à igreja, não aos líderes ou  a instituições. Começo por aqui porque isto tem sido esquecido. Há líderes que pensam que a missão foi entregue a eles ou à sua instituição. Há muita gente realizando ministério solo, fazendo carreira individual, sem noção de grupo. Há pastores se colocando acima da denominação a que pertencem e que investiu neles, e se colocam também acima da igreja local, que também neles investiu.

A igreja local é a pedra de toque do reino de Deus. Todos estamos debaixo da sua autoridade. Os pastores não são executivos, donos ou acionistas majoritários das igrejas.  Cuidam delas, mas são membros delas, e subordinados a elas. A igreja é maior do que nós. E não apenas a igreja universal, a militante, mas a igreja local. Quando Paulo escreveu à igreja de Corinto ele disse que aqueles crentes eram o corpo de Cristo: “Ora, vós sois corpo de Cristo, e individualmente seus membros” (1Co 12.27). A igreja local não é uma faceta do corpo de Cristo, mas cada igreja local é corpo de Cristo. Por isso que organizar igreja é algo sério. E por isso, muito negócio chamado de igreja não é igreja. Porque igreja não é evento social, mas é teológico. É sempre um grupo de pessoas convertidas a Jesus Cristo, salvas pelo seu sangue, batizadas após crerem. Somos a igreja e ao mesmo tempo estamos subordinados à igreja.

É bom lembrar isso porque as instituições denominacionais muitas vezes se portaram de maneira imperial com as igrejas. Há um hiato muito grande entre as igrejas e as instituições denominacionais porque as coisas foram confundidas. A estrutura se viu como a denominação e via as igrejas como suas servas. Muito executivo tratou pastor de igreja local como subordinado. Houve muito executivo imponente e autoritário. Fui falar com um deles, uma vez, ele puxou a manga da camisa, olhou o relógio e disse que eu tinha dois minutos para dizer o que queria. Fui embora, até mesmo porque não sou pedinte. Quem faz o reino avançar é a igreja local. É nela que há conversões, é nela que se levantam ofertas. São elas que oram e pregam. O pastor de igreja local precisa ser respeitado, bem como a igreja local. Esta deve ser respeitada e amada. A instituição denominacional não é de nenhum executivo (termo muito impróprio; ele não é executivo, é servo), mas das igrejas locais. Precisamos devolver a denominação às igrejas e tirá-las de pessoas e grupos que se apossaram dela.Continue a ler »A missão da igreja e a capacitação ministerial

A igreja e suas “Práticas Comerciais”

Jonatas de Souza Nascimento*

Muito comum hoje em dia as igrejas manterem em suas dependências cantina, stands para venda de produtos com temas religiosos, tais como livros, revistas, camisetas, bonés, viseiras, pulseiras, discos, CDs etc.

Daí iniciarmos este artigo perguntando: Pode ou não pode? Tal prática é legal? Estaria a igreja cometendo o “pecado” do desvio de finalidade?

Bom, como é sabido, as organizações religiosas são por natureza jurídica, imunes a tributos – uma garantia prevista no art. 150 da Constituição Federal de 1988. Portanto, não se fala em tributação sobre dízimos e ofertas alçadas por elas recebidos de seus fiéis. Diz a lei que tais recursos devem ser aplicados integralmente na consecução de seus fins que, nesse sentido, a principal é a propagação do Evangelho. Caso determinada igreja passe a praticar atos de comércio, ela fatalmente perderá a sua condição de imune, eis que previsto no Regulamento do Imposto de Renda e também no Código Tributário Nacional.

Todavia, e agora respondendo às perguntas acima, eu diria: DEPENDE. Continue a ler »A igreja e suas “Práticas Comerciais”

Zelador ou faxineiro?

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Jonatas de Souza Nascimento*

Embora presente em inúmeras obras, a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) descreve as atribuições de cada trabalhador regido pela CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, recorro à magnífica obra intitulada Manual do Terceiro Setor e Instituições Religiosas, publicada pela Atlas, de autoria de Aristeu de Oliveira e Valdo Romão, autoridades incontestes nas áreas trabalhista, previdenciária, fiscal, contábil, eclesiástica, jurídica e outras mais, para esclarecer a diferença entre as funções de zelador e de faxineiro. Afinal, não são poucas as igrejas que, necessitando de serviços de faxineiro, na hora de efetuar o seu registro acabam apontando em Carteira Profissional a função de zelador, o que é um equívoco.

Vejamos a diferença, da forma didática apresentada na mencionada obra:

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Um pai que passa valores aos filhos

Isaltino Gomes Coelho Filho

Estamos às voltas com mais um dia dos pais. Mesmo comemorada e estimulada pelo comércio, a data não tem o brilho do dia das mães. Em parte porque a figura da mãe é ímpar, quase mística, em nossa cultura. É mais terna, muito romântica.

O pai leva algumas desvantagens na cultura ocidental. Nossa estrutura o apenou (não penalizou, porque “penalizar” é ter pena). Em muitos lares é ele quem fica com a disciplina dos filhos. Chega em casa, à noite, cansado do trabalho, e lhe diz a esposa: “Você precisa dar um jeito nesse menino!”. Isto quando não diz: “Dá um jeito no seu filho!”. E o garoto logo pensa: “Pronto, meu pai chegou em casa, chegou a hora da bronca”.

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Sal sem sal?

Um estudo preparado originalmente para a revista “Você”, da UFMBB

“Vós sois o sal da terra; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor? para nada mais presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado pelos homens” (Mt 5.13).

Quando era criança, este autor foi vítima de uma brincadeira de 1º de abril, feita por sua irmã, também criança. Ela lhe fez um cafezinho, o primeiro cafezinho que fez na vida. E deu para o irmão, que todo prosa o bebeu. Puxa, era o primeiro café feito pela irmã, e ela fez para ele! Mas ela o havia temperado com sal. Bebi e cuspi, imediatamente, ao primeiro gole. Que coisa horrível! Café com sal! O café, depois que ela adoçou outra xícara com açúcar, estava bom. Mas o sal estragou a primeira xícara.

Neste texto Jesus não quer dizer que devemos estragar o mundo. Ele não falou de colocar sal no café dos outros. Mas o episódio do autor ajuda a entender o que Jesus disse. O sal é marcante. Não é neutro. Deixa seu sabor onde é colocado. O sal não fica com gosto do arroz, mas o arroz fica com sal. Jesus pediu e esperava que seus discípulos deixassem marcas no mundo ao invés de serem marcados por ele. Hoje, infelizmente, muitos seguidores de Jesus  trazem mais traços do mundo em sua vida que deixam seus traços cristãos na vida do mundo. Isto é muito triste. Não é o propósito do Senhor Jesus para os que são seus. Não deve ser assim conosco.

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Pacificadores, uma grande necessidade!

Um estudo preparado originalmente a  revista “Você”, da UFMBB

“Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5.9).

Em Campinas, interior de S. Paulo, fez-se uma grande manifestação pela paz, na Lagoa do Taquaral, aprazível parque da cidade. O propósito era pedir paz para a cidade. Alguns esotéricos pediram que as pessoas fossem de branco, para passar “energias positivas” para a cidade. Seria uma “virada” no momento que a cidade vivia (na realidade, ainda vive, pois a violência campeia livre na rica, culta, limpa e bonita cidade natal de Carlos Gomes). Pois bem, roubaram vários veículos durante a manifestação, alguns com arrombamento. Houve assaltos, também. A paz não veio com a manifestação.

Paz é uma grande necessidade, mas as pessoas querem promovê-la recitando palavras de ordem, fazendo passeatas e vestindo-se de branco. Isto não tem resolvido. Mas a Bíblia nos exorta a viver a paz e Deus deseja que todos tenhamos paz. Qual é o caminho prescrito pela Bíblia para termos paz? Temos refletido sobre as bem-aventuranças. A que estudamos agora fala dos pacificadores. Quem são eles? Como agem? Vejamos alguma coisa sobre esta afirmação bíblica.

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Como preparar um sermão

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

Preparado para o curso de Conselheiros de Embaixadores do Rei, em 7.7.9, na Faculdade Teológica Batista de Brasília

1. DEFINIÇÃO GERAL – Um sermão não é um bicho de sete cabeças. Muita gente pensa que para pregar um sermão precisa de um curso de Teologia ou de uma linha direta com Deus. Por isso vamos definir: Um sermão é o ensino de verdades espirituais baseado na Bíblia. Não é um oráculo divino. Não é uma segunda Bíblia. É algo que as pessoas preparam. Quanto mais estudo e mais espiritualidade tiver a pessoa melhor será o sermão. Mas não é necessário ser um erudito para pregar. Lembre-se do Novo Testamento: você pode indicar alguns nomes de pessoas que não eram apóstolos e pregaram?

2. DEFINIÇÃO BÍBLICA – Vamos dar uma definição bíblica? Leiamos Neemias 8.8. Há quatro elementos básicos nesta definição bíblica:

(1) Ler no Livro

(2) Esclarecer o que liam

(3) Explicar o sentido

(4) O povo entender.

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A parábola da denominação rejeitada

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Isaltino Gomes Coelho Filho

Um dia, Deus, o Todo Poderoso, o Pai de Jesus, decidiu dar um basta. Era hora do juízo. Jesus fizera uma afirmação enfática (“E este evangelho do reino será pregado no mundo inteiro, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim” – Mt 24.15) e ele iria cumpri-la. Antes do juízo, haveria um grande avivamento, com seu povo proclamando ao mundo a salvação em Jesus. A obra missionária teria um avanço como nunca, em toda a história. Ele não tinha preferência por nenhuma denominação, pois aceitava a todas, mas achou que uma, bem estruturada, com séculos de existência, e com igrejas em todos os países do mundo, poderia ser a ponta de lança do movimento. No passado, ela tivera grandes evangelistas e missionários.

Ele enviou seus anjos a diversos segmentos desta denominação. Eles ficaram alvoroçados. Pregar o evangelho era algo que eles mesmos quiseram fazer e Deus não deixara, confiando a tarefa à igreja (1Pe 1.12). Eles deveriam ir a vários líderes desta denominação e lhes dizer o que Deus iria fazer e o que esperava deles. Que alarido! Por fim, as coisas iriam se ajeitar. Chegara a hora!

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Uma ética cristã para hoje

Um estudo em Mateus 5.1-3, preparado originalmente para a revista “Você”, da UFMBB

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

A Ética é um dos ramos da Filosofia. Trata da conduta ideal do indivíduo. Tem muito a ver conosco, cristãos, porque um dos pontos mais fortes da vida cristã é a conduta diante do mundo. Ou seja, como devemos proceder no mundo. Há até um ramo da Ética chamado de Ética Cristã.

Refletir sobre ética, a conduta ideal do cristão no mundo, é bastante oportuno. Afinal, seguir a Cristo não é viver na igreja cantando, mas é viver no mundo. Jesus orou pelos seus seguidores nestes termos: “Não peço que os tires do mundo, mas que o guardes do Maligno” (Jo 17.15). Vivemos no mundo, não dentro da igreja. Então, como vier corretamente?

Nosso ponto de partida será o chamado “Sermão do Monte” de Jesus, contido em Mateus, capítulos 5 a 7. É o mais famoso discurso religioso de todos os tempos. Trata-se de um primor literário e também de conteúdo. Se todas as pessoas, inclusive nós, cristãos, o praticassem, o mundo seria um paraíso. Ele é considerado como “a constituição do reino de Deus”. Jesus veio pregando o reino de Deus, logo após a tentação no deserto (Mt 4.1-10), começou a pregar e a pregar o reino de Deus. O sermão do monte estabelece as regras de conduta do cidadão do reino.Continue a ler »Uma ética cristã para hoje

A bênção da dor no coração

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Um estudo em Mateus 5.7, preparado originalmente para a revista “Você”, da UFMBB

Bem-aventurados os misericordiosos…” Mateus 5.7

Em nosso estudo da ética do sermão do monte, estamos analisando as bem-aventuranças pronunciadas por Jesus. Chegamos à quinta, que tem uma estrutura diferente das demais. Ela é retribuidora. Explico. Nas bem-aventuranças anteriores, a pessoa era algo e por isso recebia alguma coisa. Nesta, a pessoa receberá o que ela é. Na realidade, não se diz que receberá o que é, mas que alcançará para si o que faz aos outros. É como se fosse algo que está lá, esperando por ela.

Quem for misericordioso alcançará a misericórdia. Vivemos num mundo em que o negócio é ser forte, competitivo, em que os fracos vão caindo pelo caminho. E quem deseja vencer e triunfar na vida precisa sobrepujar os outros. É a ética do mundo. Quem tiver a boca maior engole o outro. Mas o cristão é exortado a usar de misericórdia para alcançá-la para si. Vamos ver o que Jesus pretendia nos ensinar com esta bem-aventurança.

O que é misericórdia?

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Alegria demais faz mal

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

Uma amiga, cristã dotada de sólida convicção, casou-se com um homem não convertido a Cristo. Com seu testemunho, em pouco tempo conseguiu levá-lo à conversão. A partir daí, veio a busca de uma igreja onde os dois se integrassem. Ela se preocupou mais com ele, porque era um crente novo. Visitaram uma igreja perto de sua casa. O marido, ganho para Cristo em casa, não tinha convivência eclesiástica. Achou o culto muito alegre. Tão alegre que disse que não gostaria de ficar naquela igreja. Segundo ele, não suportaria tanta alegria. Morreria de tão alegre. Tendo senso crítico aguçado, notou que aquilo não era natural. Ele não morreria. Talvez morresse seu interesse pelo evangelho.

Ri com a história, mas fiquei a matutar (paulista do interior matuta) sobre o excesso de “alegria” em alguns cultos. As pessoas mal se conhecem, e suas vidas, fora do salão de cultos, não se tangenciam. São vividas separadamente. Mas há um momento no culto em que elas devem sorrir umas para as outras, cumprimentá-las e dizer que as amam, enquanto entoam algum cântico. Não sabem os nomes umas das outras, desconhecem as lutas dos outros, mas sorriem e dizem que se amam. Qual o conceito de amor por trás disto?

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Gente que queira ser gente

Isaltino Gomes Coelho Filho

Nos anos sessentas, os religiosos deram ao mundo o pastor batista Martin Luther King Jr., Prêmio Nobel da Paz. Nos anos oitentas, trouxeram ao cenário mundial o bispo anglicano Desmond Tutu, também Prêmio Nobel da Paz. Nos anos noventas, foi a vez de Madre Teresa de Calcutá, agraciada, também, com o Nobel da Paz.

Depois vimos gente dando pontapé em santa, pela televisão. Vimos fotos de Roberto Marinho, sendo comido por baratas, em um programa religioso. Ouvimos um ministro religioso dizer, pela televisão, com todas as letras, que “conosco não tem essa de levar um tapa e virar a outra face; conosco é bateu, levou”. Por fim, ouvimos falar de jihad, de “guerra santa”. Uma pergunta que se pode fazer é esta: “Mudou a religião ou mudei eu?”

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Grego ou bíblico?

Isaltino Gomes Coelho Filho

Em preleção no Colgate-Rochester Divinity School, depois posta em livro, o pensador Manson cotejou os modos de pensar grego e hebreu. Ao falar da A República, de Platão, Manson mostrou haver insensibilidade para com os inferiores, pois a sociedade acaba dividida em rígido sistema de castas. Renato Pompeu de Toledo, no Jornal da Tarde, de 2.6.97, escreveu: “Num de seus (Platão) primeiros diálogos, sobre a Amizade, se defende a tese de que o escravo deve ter muito menos direitos do que um ser humano livre. No diálogo sobre as Leis, no livro 6º, o Ateniense, pela boca de quem Platão fala, afirma que “os escravos serão mais facilmente mantidos em sujeição” se se reunirem numa mesma propriedade e num mesmo Estado escravos que falem diferentes línguas e assim não possam comunicar-se entre si. No livro 8º, o Ateniense simplesmente afirma: “Se um escravo pegar qualquer fruta sem o consentimento do proprietário do terreno, ele será espancado com tantos golpes quanto houver de bagos de uvas no cacho, ou figos na figueira”.

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