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Isaltino

A Virgem Sob Suspeita

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A Virgem Sob Suspeita

Não estou suspeitando de nenhuma jovem, em particular. Este é o título de reportagem da “Veja”, de 10.12. 2008. A suspeita é do Vaticano sobre as aparições de Maria, na cidade de Medjugorje, na Bósnia. É o maior fenômeno de devoção católica nos últimos anos. Começou em junho de 1981, quando seis adolescentes tiveram visões da “Virgem Maria”.

            A “Virgem de Medjugorje” é famosa. Cerca de dois milhões de pessoas viajam anualmente ao lugarejo para receber conforto espiritual de “Nossa Senhora de Medjugorje”. No Brasil, a devoção também é expressiva: cerca de um milhão de pessoas. Mesmo assim, a Santa Sé questiona a veracidade das aparições. Os adolescentes que tiveram as “visões” hoje são adultos e fazem palestras sobre a “Nossa Senhora de Medjugorje”, cobrando, evidentemente. Algumas visões acontecem com hora marcada e, segundo a revista, “é possível promover espetáculos em torno delas”. Em uma visão, em 1997, o visionário conseguiu 70.000 dólares, “sob a forma de doações voluntárias”.

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Uma Visão do Processo de Ensino na EBD: Em Busca de uma Metodologia Funcional

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Uma Visão do Processo de Ensino na EBD: Em Busca de uma Metodologia Funcional

 

Preparado pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho para o Encontro dos Professores da Escola Bíblica Dominical da Igreja Batista em Lindóia, Curitiba, PR, em 29 de novembro de 2008

 

INTRODUÇÃO

            O processo de ensino na EBD é uma questão vital na vida de nossas igrejas. Algumas pessoas entendem pouco do processo de educação, por vezes desconhecem o que seja uma classe, e fazem um mini-púlpito de seu trabalho. Outros conhecem bem o processo de educação, até mesmo porque são professores. E trazem os mesmos vícios, de um processo educacional que não vem dando certo nas escolas, para as igrejas. Aliás, recomendo aos interessados em educação, a entrevista da Dra. Eunice Durham, na revista “Veja”, de 26.11.2008, sob o título “Fábrica de maus professores”. Ela critica duramente os professores pelo seu corporativismo, por acharem que não são culpados pela péssima educação brasileira, e critica principalmente as faculdades de pedagogia que os entopem de conceitos esquerdizantes, repletos de chavões, mas absolutamente irrelevantes, numa visão absolutamente anacrônica. A preocupação é com transmissores de ideologia, mais que com professores. Fiquei pensando nisto, em termos da educação brasileira e em termos da educação em nossas igrejas. Pouca reflexão e por vezes, excesso de frases feitas. Mas as deficiências precisam ser tratadas.

 

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A Postura de um Bom Professor de Escola Bíblica Dominical

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A Postura de um Bom Professor de Escola Bíblica Dominical

 

Uma análise da atitude de João Batista num momento de dúvida dos discípulos

Com base no texto de João 3.26-31

Preparado pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho para o Encontro com os Professores da EBD da Igreja Batista em Lindóia, Curitiba, PR, dia 30 de novembro de 2008.

 

 

INTRODUÇÃO

Era um fenômeno comum no mundo antigo, um homem de certa proeminência arregimentar pessoas ao seu redor. No AT, foi assim com Elias e depois com Eliseu.  Amós disse que não era “filho de profeta”  (ben nabhi, expressão técnica para designar jovens que caminhavam com um profeta, aprendendo dele), mostrando que não era de uma classe existente. A relação entre eles era a de professor e de aluno. João possuía discípulos. Era uma espécie de professor com alunos em sua volta. O presente episódio mostra seu procedimento em um momento particular. Aprendamos dele.

 

O CONTEXTO

João aglutinara alunos ao redor de si, mas um novo mestre se levantara e crescia mais que João e o ofuscava. Seus seguidores se incomodaram. “Foram ter com ele” (mais de um, demonstrando que a questão assumira vulto e fora comentada por algumas pessoas). Transparecem ciúme e inveja na palavra dos discípulos de João e poderia se pensar em uma atitude deles no tipo “Vamos ver o que ele sente nesta hora”. A resposta de João nos orienta sobre a boa postura de um professor. Deve ser um modelo de procedimento para nós. Não é questão de polêmica, mas como devemos proceder em nossa vida.  

 

AS ATITUDES DO BOM PROFESSOR

Aponto, com base na resposta-atitude do Batista, quatro atitudes que julgo fundamentais para o ministério do professor da EBD.

 

1. Ele foge de disputa sem fundamento. Não lhe interessa a questão. Ele não a tangencia, mas vai fundo. Se houvesse uma atitude negativa dos discípulos de JB quanto à pessoa de Jesus, ele as dirime. João não permitiu que um comentário que trouxesse polêmica prosperasse. Duas razões:

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A força da ignorância (ou: socorro, não aguento mais cantar corinhos!)

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A força da ignorância (ou: socorro, não aguento mais cantar corinhos!)

 

Preparado pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho para o Encontro de Músicos, na PIB de Manaus, 15.11.8

 

            Vivemos mesmo numa época de ignorância, de obscuridade intelectual e de irracionalismo. Infelizmente, a ignorância tem se tornando jóia cultivada neste país, e os mais pensantes são cada vez mais postos de lado. Quando um político de expressão nacional diz que livro é como academia de ginástica: a gente olha e foge, é porque a coisa ficou feia mesmo. O pior é que a ignorância é cultivada com arrogância. Parece que quanto mais ignorante, mais digno de crédito. E a espiritualidade evangélica tem se distanciado do pensar, que tem sido cada vez mais visto como ato carnal, quando não diabólico. A ignorância está em alta. Está difícil ser evangélico, também, hoje, a quem é pensante.

            Ouvi no noticiário televisivo: um rapaz de vinte e poucos anos, gaúcho, estudante de Teologia na Bolívia, desapareceu nos Andes, quando fora escalar uma montanha de 6.300 metros. O rapaz não tem experiência alguma de alpinista, e ainda assim foi sozinho porque, segundo a mãe, queria ter uma experiência com o Espírito Santo, queria encontrar o Espírito Santo. Como achou que ele é boliviano e mora nos Andes foi fazer a escalada.

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A Conversão Da Globeleza

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A Conversão Da Globeleza

 

            Na revista “Veja” de 5 de novembro há uma entrevista com Valéria Valenssa, que durante muitos anos fez as chamadas para a programação de carnaval da Tv Globo, sambando com apenas uma cobertura de tinta e purpurina no corpo. Valéria fala de sua conversão e de seu novo estilo de vida. É uma reportagem que merece atenção e provavelmente muitos a comentarão. Mas gostaria de observar alguns pontos que me parecem relevantes.

            Tudo começou com sua frustração porque com o nascimento do seu segundo filho, a Globo a avisou que estava à procura de uma nova Globeleza, que era como ela era chamada, “Mulata Globeleza”. Para não perder o lugar, ela fez de tudo. Engordara 10 quilos, mas fez lipoaspiração, colocou próteses e perdeu o peso extra. Mesmo assim foi substituída. Segundo ela, “caí em profunda depressão. Eu tinha o mundo a meus pés e, no dia seguinte, não tinha mais nada”. Então ela começou a frequentar cultos de um grupo de funcionários evangélicos da Globo, e se converteu. Ela sempre se impressionou com a personalidade da cantora Aline Barros e isto a motivou para procurar o evangelho.

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Pregação bíblica: como manter a relevância e a sensibilidade

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Pregação bíblica: como manter a relevância e a sensibilidade

Preparada e apresentada pelo Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho ao Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, 31.10.8

 

INTRODUÇÃO

Começo pela leitura da Bíblia, não por costume, mas por ser absolutamente indispensável. Leio Neemias 8.8-9: “Assim leram no livro, na lei de Deus, distintamente; e deram o sentido, de modo que se entendesse a leitura. E Neemias, que era o governador, e Esdras, sacerdote e escriba, e os levitas que ensinavam o povo, disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao Senhor vosso Deus; não pranteeis nem choreis. Pois todo o povo chorava, ouvindo as palavras da lei”.

Este texto traz a melhor definição de pregação bíblica que conheço. Há quatro aspectos que são admiráveis e que devem nortear nossa pregação:

1) Leram no livro, na lei de Deus

2) Deram o sentido

3) De modo que se entendesse a leitura

4) Todo o povo chorava, ouvindo as palavras da lei.

Pregar é ler a Bíblia, a Palavra de Deus, dar o seu sentido de modo que o auditório entenda o que foi lido e seja impactado pelo que foi dito, porque entendeu a Palavra. Só há pregação quando há ensino da Bíblia. Se a Bíblia não foi lida nem pregada houve um discurso religioso, mas não pregação. E a pregação deve comover as pessoas, deve mexer com seu íntimo. Não é cabível que pessoas sejam postas diante de uma exposição da Palavra de Deus por um homem de Deus e não sintam nada em sua vida. Mesmo que seja uma reação negativa, como a do rei Jeoiaquim, que queimou a mensagem de Jeremias que Baruque lhe leu (Jr 36.23). A exposição da Palavra de Deus deve produzir impacto na vida das pessoas.

Pregar não é dar informações religiosas. É falar das realidades de Deus, e falar com paixão. Porque só pode falar das realidades de Deus quem as vivencia, como era o caso de Esdras, no texto de Neemias. Esdras não era um tagarela de assuntos espirituais. Era um homem de Deus. Dele se diz: “Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar e cumprir a lei do Senhor, e para ensinar em Israel os seus estatutos e as suas ordenanças” (Ed 7.10). Dizem que há uma crise de pregação em nosso tempo. Creio que a crise seja de homens comprometidos com a Bíblia. É crise por escassez de homens que “tenham preparado o seu coração para buscar e cumprir a lei do Senhor, e para ensinar os seus estatutos e as suas ordenanças”, parafraseando Esdras. A pregação apaixonada de um homem apaixonado pela Bíblia ainda atrai as pessoas. Pode ser desinteressante para um tipo de cristianismo festivo, oba-oba, com a consistência de goma de mascar. Mas cristãos sérios ainda quedam admirados diante da exposição da Palavra de Deus. Por isso, se há crise, não é de pregação, mas de pregadores. Assim temos este assunto: “Como manter a relevância e a sensibilidade na pregação?”. Atrevo-me a alinhavar algumas sugestões nesta palestra.

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O Otimismo Correto

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O Otimismo Correto

 

Isaltino Gomes Coelho Filho *

 

         Uma das coisas boas que aprendi do Pr. Xavier foi o gosto pelas obras de Eugene Petersen, a quem ele admirava. Por conta disto adquiri Trovão inverso – o livro do Apocalipse e a oração imaginativa, deste autor. Lê-lo me ajudou muito. Li-o devagarinho, conectando com outras leituras feitas e informações guardadas comigo.

         Um dos capítulos é “A última palavra sobre salvação”. Nele Petersen faz uma avaliação da salvação bíblica e da salvação que os homens apregoam. Ele começa do ponto certo: a queda. Não se pode falar de salvação sem falar de queda. A teologia cristã sadia fala da queda. O homem caiu. É acaciano, mas é bom afirmar, a queda é para baixo; não se cai para cima. A queda trouxe transtorno e, assim, o mundo que temos não é o mundo ideal de Deus, mas o mundo contaminado pelo pecado.

         Petersen analisa, com profundidade e simplicidade, o termo hebraico para salvação e fala do substituto do mundo para o ensino bíblico de salvação: otimismo. Cita dois tipos de otimismo, o moral e o tecnológico. No primeiro vem a idéia de que boa vontade, determinação e aplicação de fórmulas e conceitos à montanha de injustiça, maldade e corrupção que nos cerca acabará nos redimindo. É atraente porque apela para a bondade humana, tece loas a nós mesmos, mostra como somos bons e estamos incomodados com a injustiça e queremos um mundo melhor. Massageia o nosso ego. As pessoas se sentem bem, conseguem manter Deus à distância e continuam em seus esforços inúteis para redimir o homem. Curioso: o que causou a queda, o querer ser como Deus, perpetua a queda. O homem continua querendo fazer o papel de Deus, tentando ser seu próprio redentor.

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A Arte de se Queixar (E desculpando-me com Machado de Assis)

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A Arte de se Queixar (E desculpando-me com Machado de Assis)

 

Isaltino Gomes Coelho Filho

 

            Eu era seminarista na Zona Oeste carioca, região do glorioso Bangu Atlético Clube, nos anos setentas. Embora ainda garotão, como a igreja estava sem pastor, a liderança espiritual me competia, por decisão da assembléia.  Inexperiente, eu me afligia com as queixas de duas irmãs, que de tudo reclamavam. Uma das suas queixas era que a igreja vivia dentro de quatro paredes e não evangelizava, que só vivia com programas internos, que ignorava os perdidos, etc. Eu me inquietava também com minha situação espiritual. Gostaria de ter aquele zelo pelo evangelismo que as irmãs tinham.

            Uma tarde, autorizado pelos líderes da igreja, convoquei o pessoal para uma “operação arrastão”. Reuniríamo-nos no templo, oraríamos e íriamos de porta em porta, nas imediações da igreja, entregando convites e convidando pessoas para o culto. Naquele tempo havia as organizações da igreja. Era às 18 horas: reunião da Sociedade Feminina, Sociedade Cooperadora de Homens, Uniões de Mocidade, Adolescentes e Juniores. As queixosas chegaram e, como não prestavam atenção em nada, não sabiam que haveria o “arrastão”! Reunimo-nos juntos no salão de cultos, oramos e saímos. As irmãs que queriam a evangelização do bairro ficaram. Outro seminarista foi chamá-las e elas responderam: “Vamos ficar aqui orando para que Deus os abençoe!”.

            Então compreendi. Elas eram muito boas de queixas, mas de serviço, não.

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Tadinha da Maísa!

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Tadinha da Maísa!

 

Isaltino Gomes Coelho Filho

 

 

            A mídia tem fome de ídolos. Ela os cria, usa e, se perdem o viço ou deixam de render dividendos, ela os execra. Bem disse Darci Ribeiro: a preocupação da mídia não é com informação, mas com venda. Neste afã, ela produz imagens novas e as alardeia. Recordo-me de uma cantora, não sei se ainda canta, que de repente, em todos os órgãos de informação era chamada de “o furacão Fulana de Tal”. O furacão virou brisa mansa.

            Agora é uma menina chamada Maísa, a nova coqueluche. Quase que diariamente há uma manchetezinha solta, aqui e acolá, para divulgar seu nome. Em uma, ela embaraçou Sílvio Santos. Na outra, ela é irreverente. Em outra, muito esperta. Fico sabendo que venceu a Xuxa (só li a manchete e não sei em que, exatamente, ela venceu a Xuxa). Vi uma propaganda da menina outro dia, na televisão. Com uma boneca. Não brincando, mas vendendo. Ela virou boneca, é marca de boneca. A menina que deveria brincar com bonecas (os fundamentalistas de esquerda vão me chamar de formador de estereótipo) virou marca de boneca e serve para vender boneca. Ela não brinca. Ela fatura. Que pena! Sua infância está se esvaindo.

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E-MAIL PARA O APÓSTOLO PAULO

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E-MAIL PARA O APÓSTOLO PAULO

 

 

 

   Amado apóstolo:

Estou escrevendo para colocá-lo a par da situação do Evangelho que um dia você ajudou a propagar para nós gentios, e que lhe custou a própria vida. As coisas estão muito difíceis por aqui. Quase tudo o que você escreveu foi esquecido ou deturpado.

 

Você foi bastante claro ao despedir-se dos irmãos em Éfeso, alertando que depois de sua partida lobos vorazes penetrariam em meio à igreja, e não poupariam o rebanho [1]. Palavras de fato inspiradas, pois isso se concretiza a cada dia.

 

Lembra-se que você escreveu ao jovem Timóteo, que o amor ao dinheiro era a “raiz de todos os males”[2]? Quero que saiba que suas palavras foram invertidas, e agora se prega que o dinheiro é a “solução” de todos os males.

 

Também é com tristeza que lhe digo que em nossa época ninguém mais quer ser chamado de pastor, missionário ou evangelista, pois isso é por demais humilde: um bom número almeja levar o título de apóstolo. Sei que em seu tempo, os apóstolos eram “fracos… desprezíveis… espetáculo para os homens… loucos… sem morada certa… injuriados… lixo e escória” [3]. Agora é bem diferente. Trata-se de uma honraria muito grande: acercam-se de serviçais que lhes admiram, quando viajam exigem as melhores hospedarias e são recebidos nos palácios pelos governantes.

 

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Uma foto que me angustiou

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Uma foto que me angustiou

 

            Há duas lojas de livros usados que Meacir e eu visitamos aos sábados de manhã, em Campinas. Cada um adquire um livro que lerá na semana. Ela comprou “O proprietário”, de Galsworthy, para ler numa de nossas viagens. Dentro veio uma foto, que me impactou muito. Alguém a esqueceu. A foto é antiga, preto e branco, e tem manchas. Um casal, na casa dos 80 anos, segura um bebê, que deve ser seu bisneto. Os semblantes são europeus. O bebê, menino, deve estar hoje com mais de 40 anos, pelo estado da foto. O casal deve ter morrido.

            Quem são? Não sei. Não há nome nela nem no livro. Pensei em jogar a foto fora, mas seria um assassinato emocional. Seria como se liquidasse as vidas dos anciãos. O bebê pode estar vivo, hoje adulto. Mas eles já se foram. Só existem na foto. Talvez o último vestígio deles na terra estivesse em minhas mãos. Que faço com a foto? Não sei a quem devolver! Guardá-la? Daqui a 30 anos alguém a encontrará entre meus guardados e perguntará: “Quem são?”. Descartá-la? Liquidaria o relacionamento deles com o bebê. A foto é do tempo em que fotografia era raridade.

            Aquelas pessoas amaram, riram, choraram. Foram importantes para alguém. Existem num papel na mão de um desconhecido. Por trás da foto, sonhos, amores, projetos. Eles olham para o bebê com amor. Nada mais existe. Fiquei deprimido. Como é a vida! Julgamo-nos tão importantes! Falamos sobre tantas coisas e tanta gente, temos a vida de outros em nossas mãos. Mas seremos apenas uma foto amarelada, lembrada por parentes. Outros não serão nada. Hoje, ilustres desconhecidos. Amanhã, desconhecidos.

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Jejum De Televisao

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Jejum De Televisao

 

            Estive em Vitória, ES. Falei à Faculdade Teológica Unida, e preguei na Igreja Presbiteriana de Itaparica, do amigo Rev. Glalter. No sábado, falei aos professores da EBD da igreja, na casa de um irmão, palavra que terminou com um churrasco. Foi bom, embora eu prefira massa. Mas deixemos de “neomênias”.

            Glalter me falou de uma experiência curiosa que sua família vivia naqueles dias. Ele desafiara a si, a esposa, e principalmente as filhas, a um jejum de televisão, por uma semana. Uma semana sem o que Stanislaw Ponte Preta chamava de “máquina de fazer doido”, e o Dr. Dewey Mulholland, com quem trabalhei em Brasília, de “ídolo do lar”.

            Durante o período, ele leu histórias para as meninas e a família conversou mais entre si, cultivando a comunhão doméstica. Ele notou que as filhas voltaram a desenvolver a criatividade, com as brincadeiras e atividades desempenhadas. Com a televisão estavam passivas, vendo as imagens dos desenhos e dos programas. Segundo ele, houve um crescimento para todos da casa.

            Vez por outra alguém me pergunta como consigo manter as atividades na igreja, viajar, escrever e, principalmente, ler. Pergunto se já notaram quanto tempo perdem com televisão. É altamente tomadora de tempo e pouco recompensadora. Ler um livro e curtir a família são melhor uso do nosso tempo.          

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Dá para levar a Bíblia a sério?

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Dá para levar a Bíblia a sério?

 

Um crítico falastrão disse que a Bíblia não pode ser levada a sério porque não se pode provar a autenticidade dos seus manuscritos. Aliás, o autor de O Código da Vinci diz que ela foi mudada várias vezes e nunca houve uma redação final. Ao longo dos tempos, os cristãos a mudaram a bel prazer. Quem ler O Código ficará, se for limitado e inculto, com a imagem de que os cristãos são um bando de mafiosos. Curioso! Gente de pouca honestidade intelectual pondo em dúvida as afirmações e o credo alheio.

Dá para levar a Bíblia a sério? Podemos dizer que o que nela está sempre esteve lá e que seus manuscritos são confiáveis?

Tucídides, historiador aceito pelos estudiosos, viveu entre 460-400 a.C. Sua obra sobreviveu em oito manuscritos, datados de 900 a.D. (1.300 anos depois). Os manuscritos de outro historiador, Heródoto, são mais raros, mas também de larga aceitação. Chegaram-nos poucas cópias, também datadas bem depois de sua vida. As obras do filósofo grego Aristóteles datam de 330 a.C., mas o manuscrito mais antigo é de 1.100 a.C., ou seja, 1.400 anos depois! Nenhum intelectual impugnou as obras de Aristóteles por isto. ”As guerras gaulesas” foram narradas por César entre 58 e 50 a.C., mas o manuscrito mais recente é de mil anos após sua morte.

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A necessidade de um bom amigo

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A necessidade de um bom amigo

 

            No excelente livro Automotivação, alta performance, de Zig Ziglar (obrigado pelo presente, Nelya!), há um capítulo intitulado “Pessoas e propósitos”. Ziglar, batista e professor de EBD em sua igreja (de 22.000 membros), fala da necessidade de amigos, mostrando como bons relacionamentos ajudam, inclusive, na recuperação médica.

            Ele cita o poeta inglês John Donne que disse que “Nenhum homem é uma ilha” (título de um romance do austríaco Mario Simmel). Segue dizendo que, infelizmente, há pessoas que se trancam e fazem questão de não ter amigos. É verdade. Algumas parecem trazer um letreiro na testa: “Não se aproxime”. Zig diz entender que algumas dessas pessoas se frustraram com outras, por isso querem distância. E cita um ditado rabínico: “Quem procura um amigo sem imperfeições jamais terá amigos”.

Relacionar-se é arriscar-se. Mas vale a pena. Fechar-se é pior. Lembra-me uma frase atribuída a Vitor Hugo: “Se não queres sofrer, guarda teu coração em cofre de ferro e não o dês a ninguém. Mas neste cofre ele minguará e tu serás infeliz”. É provável que todos tenhamos nos decepcionado com alguém. Mas é provável que também tenhamos sido enriquecidos por amigos. E que tenhamos falhado com pessoas que esperavam de nós. Também podemos ser maus amigos, em ocasiões. Mas todos nós já fomos bons amigos.

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A lição dos patos

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A lição dos patos

 

Você já deve ter visto cenas em televisão, se é que não viu ao vivo, de bandos de patos selvagens voando, em uma bonita formação em V. Eles não voam em bando informe ou disforme. Escolhem esta posição de vôo por motivos bem funcionais. Veja só o porquê, e avalie as lições para nós.

Quanto um pato bate as asas, cria um vácuo para o pássaro seguinte. Voando em formação V, o bando tem seu desempenho melhorado em 71% do que em vôo solitário. Lição: as pessoas que compartilham uma direção comum e em senso de grupo alcançam seus objetivos mais rápida e facilmente.

Quando um pato sai da formação em V, sente a resistência do ar e logo volta para a formação, aproveitando o vácuo da ave à sua frente. Lição: é preciso permanecer em formação com aqueles que se dirigem para onde pretendemos ir, aceitando sua ajuda e prestando a nossa.

Quando o pato líder se cansa, muda para trás na formação e, imediatamente, outro pato assume o lugar, indo para a ponta. Lição: é preciso haver revezamento na liderança e divisão de tarefas pesadas. Assim como os patos, somos interdependentes uns dos outros.

Os patos de trás grasnam para incentivar e encorajar os da frente e aumentar a velocidade. Lição: precisamos nos assegurar que nossas palavras sejam de incentivo e de apoio para que a equipe aumente seu desempenho.

Quando um pato fica doente, é ferido ou é abatido, dois patos saem da formação para ajudá-lo e protegê-lo. Ficam com ele até que esteja apto para voar ou até que morra. Só assim eles voltam ao procedimento normal, com outra formação, ou vão atrás de outro bando. Lição: precisamos de senso de solidariedade em momentos difíceis, hipotecando apoio aos feridos e não nos descartando deles.

Provérbios 6.6 nos manda ir ter com a formiga e aprender do seu jeito de ser, trabalhador. Podemos parafrasear o texto e dizer: “Vai ter com os patos, considera os seus caminhos e sê sábio”. Assim aprendemos do jeito de ser deles, solidários. Uma igreja que quer exercer sua missão de fazer diferença neste mundo precisa viver em solidariedade.

 

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

 

(Publicado originalmente no boletim da PIB de Manaus, AM, em 29.10.1995) 

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As Crónicas de Nárnia de Volta ao Cinema

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As Crónicas de Nárnia  de Volta ao Cinema

 

  O Príncipe Caspian

 

As Crónicas de Nárnia,  de C. S. Lewis, voltaram ao cinema, agora com O Príncipe Caspian, a segunda das sete clássicas histórias do  famoso autor e professor de literatura medieval e renascentista da Universidade  de Cambridge (1898-1963).

As quatro crianças,  Peter, Lucy, Edmund e Susan,  que conhecemos em O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa,  voltam a Nárnia para ajudar o Príncipe  Caspian, e um exército de narnianos, a conquistarem o trono, no domínio do maléfico Rei Miraz,  vencendo os poderes do mal que oprimem as silenciadas terras de Nárnia.

Guardadas na secção infantil das bibliotecas, e lidas abundantemente pelas crianças,  As Crónicas de Nárnia talvez sejam uma oportuna leitura para adultos. Tal como Lewis e Tolkien (O Senhor dos Anéis),  seu amigo,  entendiam, estas histórias não são necessariamente para crianças.  Para estes  autores,  só vale a pena ser lido o conto de fadas que  valha a pena ser escrito para, e lido por, adultos.

Lewis entendia que o mundo imaginário dava ao mundo real “uma nova dimensão de profundidade” devolvendo-nos ao mundo com um prazer redescoberto. Como afirma  Martha C. Sammons,(1) Lewis acha que a fantasia  permite retirar a monotonia às coisas que já conhecemos,  restaurando a nossa visão do mundo, fortalecendo assim o nosso gosto pela vida. 

Embora o autor não pretendesse escrever alegorias cristãs, ele reconheceu que os elementos da sua fé cristã permearam as suas narrativas.  As histórias de Nárnia são peregrinações espirituais,  que resultam numa grande mudança interior dos personagens quando os poderes do mal que os oprimem são vencidos. É a busca de Deus, de uma identidade pessoal, colocada no mundo imaginário. 

Em O Príncipe Caspian  podemos cruzar-nos com muitos temas. A maçadora educação imposta e censurada pelo Rei Miraz que tenta impedir o verdadeiro conhecimento da antiga Nárnia confronta-se com a educação justa da Nárnia genuína. Uma perspectiva  materialista e céptica da vida é confrontada com uma perspectiva de vida de dimensão transcendente, espiritual. A sempre desejada figura do leão Aslan, ressuscitado, aponta para a pessoa de Cristo, libertador espiritual,  bem como para a providência de Deus na história e a responsabilidade humana. O encontro de Aslan com Lucy é um estímulo à fé em contextos de vida onde ela rareia.

Lewis recorre ao profundo conhecimento sobre os animais para criar uma história de delícia. Os personagens de O Príncipe Caspian proporcionam uma preciosidade de significado, suspense e humor, criando um ambiente onde a intensidade das experiências nos permitem  claras contemplações de realidades  e conceitos que nos parecem longínquos.  Tal como beber água fresca numa fonte que descobrimos na montanha… numa altura em que temos sede!

Segundo a sequência da sua publicação, são estas as sete Crónicas de Nárnia: “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa”, “O Príncipe Caspian”, “A Viagem do Caminheiro da Alvorada”, “O Trono de Prata”, “O Rapaz e o Cavalo”, “O Sobrinho do Mágico” e “A Última Batalha”. Depois de terem sido publicadas em Portugal pela Guimarães Editores (1961) e pela Gradiva (1994), as Crónicas de Nárnia são agora editadas pela Editorial Presença (2003).    

Pais e educadores interessados em recursos pedagógicos relacionados com o livro e o filme dispõem de uma grande variedade de possibilidades, nomeadamente:

www.walden.com, cslewis.drzeus.net;  www.christianitytoday.com;  www.family.org .  A Sociedade Bíblica de Portugal (www.sociedade-biblica.pt) preparou o opúsculo “A Verdadeira Mesa de Pedra” que propõe uma interpretação bíblica do argumento de C. S. Lewis. O   www.portalevangelico.pt lançou o “Dossier C. S. Lewis”, com várias contribuições sobre a vida e a obra do professor.

— Fernando Ascenso

 

(1) Citado de “The Chronicles of Narnia: For Adults Only”, Martha C. Sammons, em “Revisiting Narnia”, Shanna Caughey, ed., Benbella Books, Dallas, Texas, 2005.

 

Título: As Crónicas de Narnia: O Príncipe Caspian
Gênero: Aventura/Fantasia

Direcção: Andrew Adamson

Tempo de Duração: 147 minutos

M/6
Ano de Lançamento (EUA): 2008

Precedido por As Crónicas de Narnia – O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa (2005).

 

 

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Um pai que passa valores aos filhos

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Um pai que passa valores aos filhos

 

            Hoje é o dia dos pais. Mesmo comemorada e estimulada pelo comércio, a data não tem o brilho do dia das mães. Em parte porque a figura da mãe é ímpar, quase mística, em nossa cultura. É mais terna, muito romântica.

O pai leva algumas desvantagens na cultura ocidental. Nossa estrutura o apenou. Em muitos lares é ele quem fica com a disciplina. Chega em casa, à noite, cansado do trabalho, e lhe diz a esposa: “Você precisa dar um jeito nesse menino!”. E o garoto pensa: “Pronto, meu pai chegou em casa, chegou a hora da bronca”.  Mas na cultura oriental, o pai, além de provedor é referência e padrão para os mais jovens. Mas dois personagens nos ajudarão a pensar sobre ser pai, à parte de conceitos culturais.

            Um é Davi. Deus o chamou de “o homem segundo o meu coração”. Foi um grande rei, o maior de Israel, a ponto de seu nome se tornar sinônimo de Messias. Grande guerreiro, excelente líder, excelente administrador, poeta extraordinário. E péssimo pai. Sua família foi uma bagunça.  Seus filhos foram uma calamidade. Há um caso de incesto, em que o irmão violenta a irmã, e um caso de fratricídio, em que um mata o outro. Dois deles, Adonias e Absalão, tentaram depô-lo. Foi muito espiritual, mas errou como pai! Temos uma razão na forma como tratou um dos filhos: E nunca seu pai o tinha contrariado, dizendo: Por que fizeste assim? E era ele também muito formoso de parecer; e Hagite o tivera depois de Absalão” (1Rs 1.6). Um pai frouxo, não corrigiu o filho. Mimou-o demais e não o orientou. Falhou como pai.

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Cuidado com as vacas!

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Cuidado com as vacas!

 

            Ouvi, em Brasília, uma mensagem do pastor presbiteriano Wadislau Gomes, gente finíssima. Conheci-o em Jaú. Pastor em Bauru, assumi interinamente a PIB de Jaú, onde ele pastoreava a Igreja Presbiteriana. Revimo-nos em Brasília. Mas deixemos as reminiscências e vamos ao que interessa.

            Wadislau falou de um menino que ficou encantado vendo o pai, agricultor, fazer um sulco bem reto com o arado. Quis imitá-lo. O pai lhe deu o arado e orientou: “Olhe para algo do outro lado do campo como alvo. Vá em sua direção. O traçado será reto”. E se ausentou. Na volta viu um sulco sinuoso, trabalho horrível. Perguntou ao filho como fizera aquilo, e porque não fixara um alvo. O garoto disse que fixara. E mostrou uma vaca a pastar do outro lado.

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“Se estes se calarem…”

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“Se estes se calarem…”

 

            “Ao que ele respondeu: Digo-vos que, se estes se calarem, as pedras clamarão” (Lc 19.40).

            Com base nestas palavras de Jesus, vez por outra, alguém, desafiando a igreja à obra missionária, diz que se não proclamarmos o evangelho, as pedras clamarão. A afirmação é bem intencionada, mas merece reparos, pois Jesus não disse isto. Este equívoco vem se repetindo há muito tempo em nosso meio, e é um tiro no pé.

O contexto do texto esclarece bem. Os discípulos, entusiasmados com a entrada de Jesus em Jerusalém, começaram a louvar a Deus e a gritar: “Bendito o Rei que vem em nome do Senhor; paz no céu e glória nas alturas”. Incomodados, os fariseus pediram a Jesus que os repreendesse. Foi então que ele deu a resposta contida em Lucas 19.40. Que é bem específica: “se estes se calarem”. Que ele era o Rei prometido, o Messias esperado, era tão gritante, que se seus discípulos se calassem, as pedras proclamariam isto. O contexto não é de evangelização ou missões. Jesus não disse que pedras evangelizariam. Só seus seguidores podem fazer isto.

            A tarefa de pregar o evangelho é tão restrita aos discípulos de Jesus, que os anjos gostariam de desempenhar esta tarefa (1Pe 1.12) e não conseguiram o privilégio.

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Dez razões por que nunca tomo banho

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Dez razões por que nunca tomo banho

 

As pessoas que não frequentam a igreja apresentam argumentos curiosos em defesa de sua atitude. O adjetivo “curiosos” se aplica mais pelo seu teor simplório. Para mostrar a inconsistência de alguns desses argumentos, alguém elaborou uma lista bem-humorada chamada “Dez razões por que nunca tomo banho”. Veja as razões e compare-as com as desculpas dadas para não frequentar uma igreja:

 

1. Meus pais me forçaram a tomar banho quando eu era criança. Tomei aversão.

2. As pessoas que tomam banho são hipócritas. Elas se julgam mais limpas que as outras.

3. Há muitos tipos de sabonete. Eu nunca saberia, exatamente, qual deles usar.

4. Eu costumava tomar banho, mas tornou-se algo rotineiro e perdeu o encanto.

5. Nenhum dos meus bons amigos toma banho e eu preciso ser igual a eles. Se souberem que tomo banho vão zombar de mim. Preocupo-me mais com a opinião deles do que com minha higiene pessoal.

6. Tomo banho no Natal e na Páscoa. Isso não é suficiente?

7. Começarei a tomar banho quando ficar mais velho. A juventude não é uma época boa para se tomar banho, pois há coisas mais importantes por fazer. O banho atrapalha minhas aspirações de jovem.

8. Não tenho tempo. Ando muito ocupado, trabalhando, estudando, cuidando do meu futuro. Banho pode esperar. Um pouco de sujeira não faz tão mal assim. Na realidade, banho é para desocupado.

9. O banheiro é muito frio. Ou: “O banheiro é muito quente”. Ou, ainda: “É difícil o estacionamento para se chegar ao banheiro”.

10. Os fabricantes de sabonete estão somente atrás do meu dinheiro.

 

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Seja o melhor e faça o melhor

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Seja o melhor e faça o melhor

 

            Michael Horton, no livro O cristão e a cultura, cita um advogado cristão que, querendo consagrar sua vida a Jesus, disse “Eu só quero servir a Deus” e queria largar a profissão, “virando as costas para o mundo” e “entregando a vida a Jesus”. Horton diz que vivemos numa cultura que precisa ser salgada pelo evangelho, e que não é bom abandoná-la, pensando que só se serve a Deus como pastor ou missionário. Tem razão. Conheço gente que como profissional secular é um excelente cristão, com um vibrante testemunho de fé, e que não seria um bom pastor ou missionário. É um equívoco presumir que só pode se servir a Deus no ministério eclesiástico.

       Horton cita um episódio de Lutero. Um sapateiro convertido perguntou-lhe o que deveria fazer para servir bem a Deus. Talvez esperasse o conselho de fechar seu negócio e tornar-se pregador do evangelho.  Lutero respondeu: “Faça um bom sapato e venda por um preço justo”. Ele serviria a Deus sendo um profissional competente e honesto. Esta foi a lição de Lutero: um seguidor de Jesus deve ser bom no que faz, e deve ter caráter. Deve ser o melhor e deve fazer o melhor na sua área. Pode ser uma pessoa simples, iletrada, de profissão humilde, mas não pode ser medíocre. Deve ser bom. Nós devemos ser os melhores no que fazemos.

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Alma à venda

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Alma à venda

            A Internet é um poderoso meio de comunicação e de instrução, pelas possibilidades de pesquisas. Mas pode ser perda de tempo, em “chats” para conversar “abobrinha” ou fonte de imoralidade, pelos muitos sites de pornografia, alguns promovendo pedofilia, que é crime. E tem banalidade em demasia. Um site de humor tem uma seção chamada “Notícias que vão mudar o mundo”. Uma delas mostrava uma atriz numa farmácia, e a legenda: “Fulana de tal compra esmaltes”.

            Mas veio uma notícia banal, sobre a qual desenvolvo a pastoral de hoje. Um rapaz de 24 anos, na Nova Zelândia, pôs a alma à venda, num leilão pela Internet. Que coisa mais sem nexo! Os lances chegaram a U$ 189 (parece que a alma dele não vale muito). Pois é, e esta notícia correu o mundo.

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Ditadura do Pensamento Único

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Ditadura do Pensamento Único

 

            No “Folha de S. Paulo” de 21.6 , Clóvis Rossi, no artigo “Não há arroz para todos”, comenta a visão simplista do Presidente Lula sobre a questão dos alimentos no mundo. A seguir, usa a expressão “ditadura do pensamento único” para se queixar da busca de consenso que se vê hoje.

            Saúdo Rossi pela expressão “ditadura do pensamento único”. Como cristão, eu a sinto há mais tempo. Querem nos obrigar a pensar como os demais, acatando pontos de vista e abrindo mão dos nossos. Nunca pedem aos demais para respeitar os nossos, nem lhes pedem para concordar conosco. Por exemplo, se aprovada a lei contra homofobia, que visa amordaçar os discordantes, não poderemos mais dizer que o homossexualismo é errado. Pode-se discordar da opção política, futebolística, religiosa, filosófica, mas não sexual das pessoas. Será crime. É a ditadura do pensamento único da minoria. Ao invés de respeitar a minoria, temos que pensar como ela.

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Reflexão sobre A menina que roubava livros

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Reflexão sobre A menina que roubava livros

 

De Campinas a Natal, parando em S. Paulo e Recife, há muito tempo para se ler. Assim li A menina que roubava livros, de Zusak. O livro está há 65 semanas na lista da Veja dos mais vendidos. Ao terminar, fiquei entre engasgar e aplaudir.

Nele se vê o sofrimento das crianças com a guerra. Quantas maldades elas sofrem dos adultos, em geral! O livro tira também aquela impressão de que todos os alemães são nazistas. Muitos discordavam de Hitler, mas o patrulhamento ideológico calava quem não seguia o pensamento oficial. Mostra a perplexidade de judeus alemães. Por que sua pátria os perseguia? Mostra a fragilidade das pessoas e suas crises no meio da multidão. A maldade humana é sem limites e o homem pode ser de incrível selvageria. A maçonaria costuma dizer que escolhe os homens bons e os torna melhores. Ingenuidade! A Bíblia diz que não há homens bons. Todos são pecadores, todos são caídos, passíveis de atos brutais. Não pode haver bondade sem a graça de Deus, que age e transforma. Tentar tornar homens bons pela razão é a utopia do Iluminismo. Os homens bons do conhecimento iluminista produziram duas guerras mundiais e criaram regimes de terror. Hitler, Stalin, Idi Amin, Bokassa, Fidel, Pinochet e assassinos menores são de nosso mundo racionalista. Razão sem a graça cria algozes mais capacitados. A razão é dom de Deus, mas também foi contaminada pela queda.

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Recuperando o Tempo Perdido

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Recuperando o Tempo Perdido

 

Pr. Ivan Fidelis dos Santos

 

            Conta-se a estória de um homem que, ao morrer, é colocado diante de Deus e o SENHOR, em sua infinita misericórdia, concede que lhe seja feita apenas uma pergunta. Então, em toda sabedoria que este homem poderia dispensar disse: “SENHOR, por toda a vida a humanidade tenta compreender quem, de fato, é Deus; mas ninguém consegue chegar a uma definição exata. Portanto, humildemente, peço que o SENHOR defina, com uma palavra, o ser humano”.

            Ao que Deus respondeu prontamente: Curioso! – É a palavra – Filhinho, a humanidade, desde que pecou, tornou-se um ser muito inconstante. Quando adolescente pensa em viver como jovem; quando jovem quer viver como adulto; quando adulto gostaria de voltar à infância. Enfim, nunca vive o presente! Perde seu tempo imaginando o futuro e, quando está nele, quer voltar ao passado. Se a humanidade vivesse segundo o propósito da criação, seria perfeito, como uma criança sob os cuidados do Pai. – E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus (Mt 18.3)”

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Minutos de sabedoria…

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Minutos de sabedoria…

 

Pr. Ivan Fidelis dos Santos

 

            Este é o título de um livreto antigo, que ainda deve estar à venda até os dias de hoje, o qual contém alguns textos estimulantes; um para cada dia, como uma espécie de indicador da energia espiritual que estaria influenciando aquela pessoa, naquele dia.

            Um momento para reflexão acerca de situações cotidianas e tão comuns que ninguém dispensa um instante de suas vidas pensando nelas. Os autores destas tais reflexões, na maioria das vezes, são anônimos; ou então, estão tratando de temas tão irrelevantes que preferem não divulgar seus nomes; ou ainda, estão utilizando-se de frases que são de domínio popular.

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O Servo que chega a ser Rei

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O Servo que chega a ser Rei

 

Pr. Ivan Fidelis dos Santos

 

            Há algum tempo tenho observado o quanto às pessoas se apresentam insatisfeitas com Deus, e tentam resolver as diversas situações cotidianas por esforço próprio. Em outras ocasiões, discutem acerca de temas que, mesmo para eles, não têm o menor fundamento.

            Outro dia, na fila do banco, chamou minha atenção um senhor que aguardava para receber o benefício de sua aposentadoria quando, de repente, vira para o lado e faz a seguinte exclamação: “O senhor tem acompanhado as altas no barril de petróleo?” – Ele estava com uma expressão tão indignada como se fosse um grande investidor do ramo petrolífero. Pessoas perdem tempo em discutir acerca de situações que não fazem a menor diferença para o seu dia a dia.

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Crente não tem sorte…

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Crente não tem sorte…

Pr Ivan Fidelis dos Santos

Como o cristão gosta de falar de sorte. Muitas vezes é impressionante como esta palavra é repetida em ocasiões totalmente equivocadas. Certa vez, conversando com um conhecido crente, ele me disse: “Esta semana tive de viajar a trabalho a Porto Alegre e, inesperadamente, um caminhão quebrou e duas coincidências aconteceram. A primeira é que trafegava em baixa velocidade e pude desviar a tempo, evitando uma colisão; a segunda, é que não havia nenhum veículo no sentido contrário e, assim, pude ultrapassar sem nenhum problema. QUE SORTE!”.

Em outra ocasião, pude presenciar o relato de um crente que dizia ter passado por um imprevisto e, em decorrência disto, tivera um acréscimo em suas despesas. Mas, sem que ele esperasse, outra pessoa que lhe devia um empréstimo viria pagá-lo adiantadamente. Sua expressão de reação foi: “QUE SORTE!”.

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A Missão De Ser Mãe…

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A Missão De Ser Mãe…

Irmã Marilene Lacerda Rodrigues

Toda mulher, de alguma forma, é mãe. Se não é mãe do filho que gerou em seu próprio ventre, é mãe de um sobrinho, de alguém por quem desenvolve afeto e, até mesmo, de seus próprios pais. Maternidade é inerente às mulheres. Deus criou as mulheres assim: maternais!

As mães gostam de cuidar das pessoas e deixa-las confortáveis. Hoje se comemora um dia especial, com efeito, O DIA DAS MÃES! – Nesse dia as mães costumam ser presenteadas, mas se isto não acontecer, não fique triste. Existe alguém que nunca esquece de você: o nosso SENHOR DEUS.

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Até que outro crime nos choque (o retorno) Ou: A Menina Isabella

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Até que outro crime nos choque (o retorno)

Ou: A Menina Isabella

Em 18.2.2007 escrevi sobre a morte do menino João Hélio, que ocupava espaço na mídia. Comecei assim: “Um menino de 6 anos foi arrastado por 7 km por bandidos, no Rio de Janeiro. Ele ficou preso, pelo cinto de segurança, do lado de fora do veículo. O corpo foi quicando, durante a fuga. Ficou uma pasta de carne humana. O Sargento Navega, que encontrou o carro, disse: ‘Era um pedaço de carne, já sem roupa, destruído. Mas eu sabia que era uma criança. Peguei o rádio, mas não conseguia me expressar. A voz embargou’. Disse mais o militar:  ‘Eles tiveram oportunidade de deixar a criança com a mãe. Era só deixar o menino descer. Eles não têm Deus no coração’”.

O caso Isabella é diferente. É muito pior. Se as suspeitas policiais se confirmarem é tão cruel que chega a ser inconcebível. Mas eis aí outro crime que nos choca.

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